Minas Gerais

Alternativa

População poderá opinar sobre o futuro do Brasil em reuniões abertas

Organizações populares preparam o ‘Congresso do Povo Brasileiro’, que terá etapas locais, estaduais e encontro nacional

Brasil de Fato | Brasília (DF) |
Proposta é confrontar modelo em curso, que inclui o desmonte do Estado social
Proposta é confrontar modelo em curso, que inclui o desmonte do Estado social - Isis Medeiros/Levante Popular da Juventude

A Frente Brasil Popular (FBP), que reúne mais de 80 movimentos populares e entidades da sociedade civil, pretende lotar um estádio de futebol com mais de 50 mil pessoas para a etapa nacional do “Congresso do Povo Brasileiro”, prevista para ocorrer ainda no primeiro semestre deste ano. A iniciativa, inédita no país, vai mobilizar um contingente ainda maior de pessoas em bairros, municípios e em todos os estados da federação para discutir os principais problemas do povo e construir um projeto de nação baseado na soberania nacional, no respeito à democracia e no combate às desigualdades sociais. 
Segundo André Tokarski, secretário de juventude e movimentos sociais do Partido Comunista do Brasil (PCdoB), o “Congresso do Povo” tem o objetivo de estimular a população a se mobilizar pelos seus direitos e contra a onda de desmonte do Estado nacional em curso no país. “Esse processo pode deixar um saldo de mobilização e conscientização popular e, ao mesmo tempo, definir quais são as agendas e prioridades da população dentro de um projeto integrado de país. Trata-se de uma mobilização autônoma e soberana do povo brasileiro”, pontua. Tokarski prevê que, somando as etapas locais, municipais e estaduais, o “Congresso do Povo” poderá envolver centenas de milhares de pessoas no campo e nas cidades.
Participação livre
A mobilização será  aberta à população em geral, mesmo que o interessado não tenha qualquer vínculo com partidos, sindicatos ou organizações sociais. A ideia é promover reuniões livres em locais de trabalho, escolas, fábricas, bairros, comunidades e assentamentos, para debater os problemas locais e nacionais e discutir propostas para o futuro do país. Não haverá qualquer tipo de votação e as deliberações deverão se dar por consenso em torno de sínteses e eixos programáticos fundamentais. Após as reuniões e congressos municipais, serão realizadas etapas estaduais e uma grande etapa nacional, que deve reunir dezenas de milhares de pessoas em local ainda indefinido. Os detalhes da metodologia e o calendário serão definidos em reunião da FBP no próximo dia 2 de fevereiro, em São Paulo.
 “O ‘Congresso do Povo’ vai pautar de forma massiva uma visão de projeto de Brasil que confronte o que está em curso, que é o desmonte do Estado e das políticas sociais. Só com este trabalho de base será possível recompor e disputar a hegemonia de um novo projeto de país junto à sociedade brasileira”, avalia Nalu Faria, da coordenação nacional da Marcha Mundial das Mulheres (MMM). Segundo Nalu, é fundamental que essa iniciativa reconheça as várias dimensões da luta social e emancipatória, por isso será impulsionada pelos movimentos populares, incluindo o movimento sindical, camponês, por moradia, de mulheres, de juventude e estudantil, LGBT, etc.
 Apesar do “Congresso do Povo” ter como objetivo a mobilização e a construção de propostas de desenvolvimento para o país, as organizações também pretendem pressionar e incidir no debate do processo eleitoral. “O que for aprovado no processo de consulta popular também será levado aos candidatos no pleito de outubro”, garante André Tokarski, do PCdoB.
Retomar as mobilizações
Resgatar a capacidade de mobilização organizada do povo é o principal objetivo do “Congresso do Povo”. Para atingir esse objetivo, destaca Nalu Faria, é fundamental que os movimentos consigam estimular a interação com o povo a partir da discussão dos problemas concretos. “Temos que traduzir a problemática do desmonte que está em curso, como isso afeta a vida da população, para que ela tenha condições de construir suas alternativas”.
Para André Tokarski, “a campanha odiosa da grande mídia, de criminalização das organizações políticas e do movimento social, afasta a participação política do povo”, mas é possível reverter essa tendência. “O povo brasileiro já deu demonstrações de capacidade de luta, inclusive na greve geral do ano passado (2017), que foi a maior das últimas décadas”. 

Edição: Joana Tavares