Rio Grande do Sul

ORGÂNICOS

Com festa e ato em seu apoio, Feira Ecológica do Menino Deus celebra 25 anos

Feirantes e comunidade são contra cedência do espaço também para feira de produtos convencionais

Brasil de Fato | Porto Alegre (RS) |
Produção orgânica in natura e delícias da agroindústria ecológica podem ser encontradas na feira nas quartas e sábados
Produção orgânica in natura e delícias da agroindústria ecológica podem ser encontradas na feira nas quartas e sábados - Foto: Fernando Dias/ Agricultura

Nesta quarta-feira (5), a Feira Ecológica do Menino Deus celebrou 25 anos de comercialização de produtos orgânicos e ecológicos em Porto Alegre (RS). Além de poder escolher produtos saudáveis, quem passou pelo pátio da Secretaria de Agricultura do Estado do RS também encontrou música, oficinas, rodas de chimarrão, degustações e aulas de culinárias.

Para além do dia festivo, houve também um ato de apoio à feira, em que as centenas de famílias de produtores agroecológicos envolvidas chamaram a atenção da sociedade para a transformação que a Secretaria Estadual da Agricultura pretende fazer no espaço. Mesmo já tendo 35 feiras de produtos convencionais em Porto Alegre, o atual governo estuda liberar o uso do galpão para esse tipo de feira, que comercializa produtos com agrotóxicos e transgênicos, o que pode acarretar em contaminação.

A feirante Joselaine Cibulski, de Eldorado do Sul, explica que foi em janeiro que os produtores souberam, com surpresa, dos planos da Secretaria. “Começamos uma grande mobilização para que isso não ocorra, porque o galpão é uma conquista dos feirantes do Menino Deus, há 25 anos, construído com ajuda pública, mas a mão de obra foi toda do pessoal”, afirmou em entrevista à Rede Soberania.

Desde então, feirantes, consumidores e entidades simpatizantes se uniram e criaram, entre outras ações, abaixo-assinados físicos e eletrônicos que já somam milhares de adesões. Em todos os anos de feira os custos com infraestrutura têm sido mantidos pelo coletivo de feirantes, como o desembolso de R$ 45 mil na reforma do telhado em 2016, além da manutenção dos banheiros e do estacionamento, entre outros.

Durante a celebração, aconteceu a assinatura de renovação do termo de concessão de uso do galpão, assunto que também tem deixado os produtores em alerta, conforme Cibulski. “A renovação será por apenas um ano, o que nos deixa inseguros, pois nossa produção é planejada com um tempo maior. Historicamente, a concessão foi de 10 anos, chegou a ser de quatro anos dependendo do governo. A última renovação foi por 18 meses. Dessa vez, estávamos certos que seria para dois anos, já havia um acordo, mas não foi o que aconteceu”, revelou.

25 anos de história

A Feira nasceu em um tempo onde poucos acreditavam ser possível cultivar sem o uso de agrotóxicos, afirmação que caiu por terra nos dias atuais e vem ganhando cada vez mais adeptos. Atualmente, duas edições da feira ecológica acontecem neste espaço: quartas à tarde e sábados pela manhã. Elas envolvem mais de 500 famílias na produção, somando 63 bancas e atendendo diretamente cerca de 8 mil consumidores por semana, fortalecendo a agricultura familiar ecológica e a aproximação do campo com a cidade.

Hoje intitulada Feira Ecológica do Menino Deus, a iniciativa surgiu batizada de Feira da Cultura Ecológica em 1994, organizada pela cooperativa Coolmeia. Os feirantes se reuniam embaixo de uma grande lona improvisada. Em 1999 foi criada, no mesmo local, uma nova edição às quartas-feiras. No ano de 2001 foi construída uma cobertura multiuso em substituição às lonas que protegiam o espaço.

Assista 

A Rede Soberania acompanhou a festa e conversou com produtores sobre a importância da agricultura orgânica em tempos de alta taxa de liberação de agrotóxicos pelo governo Bolsonaro (PSL) e os problemas com a renovação do uso do espaço. Confira a transmissão:

 

* Com informações da rede Soberania e da Assessoria de Comunicação Associação Agroecológica, via Sul 21.

Edição: Marcelo Ferreira