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Professores chilenos entram em greve contra o sucateamento da educação pública

Movimento também quer revogação de medidas do governo Piñera que atacam disciplinas como História e Artes

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |

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Professoras da educação infantil reivindicam a inclusão de demandas específicas nas negociações entre professores e Ministério da Educação
Professoras da educação infantil reivindicam a inclusão de demandas específicas nas negociações entre professores e Ministério da Educação - Divulgação/Colegio de Profesores

Os professores da educação pública no Chile começaram a semana em uma mobilização sem prazo para acabar. Na última segunda-feira (03), a Ordem de Professores do país, que agrupa as entidades de professores da educação básica, anunciou a greve da categoria após mais de um ano de negociações com o Ministério da Educação.

A mobilização tem entre suas reivindicações a melhoria das condições trabalhistas no setor e no sistema de educação pública do país.  As professoras e os professores denunciam a falta de investimentos na área, que reflete, entre outras coisas, na falta de material pedagógico e serviços de limpeza nas escolas. Para eles, a precarização do ensino público abre caminho para a privatização da educação no país.

Os manifestantes pedem também a revogação das medidas anunciadas em maio pelo governo de centro-direita do empresário Sebastián Piñera (Renovação Nacional). Entre as elas, está a alteração das disciplinas de História, Educação Física e Artes na grade curricular do ensino médio, que deixam de ser obrigatórias para o segundo e terceiro anos do ciclo, a partir de 2020.

Mario Aguilar, presidente da Ordem de Professores, acusa o governo de minar o pensamento crítico e o caráter de formação integral da educação pública.

“É uma medida absurda rechaçada por toda a sociedade chilena. O governo não tem interesse em formar cidadãos, apenas produtores e consumidores, de acordo com uma visão empresarial. A disciplina de História é importante para o desenvolvimento do pensamento crítico. Mas eles não querem cidadãos críticos. Querem uma educação instrumental, técnica, vinculada a interesses do mercado de trabalho”, criticou o professor durante entrevista com o jornal argentino Página 12.

Até esta quarta-feira (5), cerca de 70% da categoria tinha aderido à greve nacional. Na capital do país, mais de 40 colégios públicos estão paralisados. Os organizadores da greve afirmam que manterão a paralisação até que o governo decida negociar.

“Esta é uma greve que tem caráter indefinido, mas esperamos que não se prolongue tanto e isso depende do governo. Estamos dispostos a reiniciar um diálogo e conversar, mas com respostas concretas e não como aconteceu na sessão anterior, onde ficamos trabalhando por meses e o governo nos desrespeitou com uma resposta que não significa nada”, declarou Aguilar.

Como parte da mobilização, aconteceu na última segunda-feira (3) uma jornada de atividades com assembleias comunitárias e aulas públicas das disciplinas afetadas pela reforma de Piñera em diversas estações de metrô de Santiago.

A principal atividade da jornada, uma marcha realizada no centro da capital, foi reprimida pela polícia. “Uma reação que, para os mais velhos, relembrou os tempos da ditadura de Pinochet”, comenta o representante dos professores.

Após a repressão, o movimento estudantil somou-se ao  movimento e os dois setores realizarão nesta quinta-feira (6) uma marcha nacional em defesa da educação pública.

Demandas específicas

Em meio à mobilização nacional, as professoras de educação infantil reivindicam que os representantes da categoria incorporem alguns pontos à pauta apresentada ao Ministério da Educação. Elas denunciam que são desvalorizadas, recebendo salários menores, por atuarem em uma área composta majoritariamente por mulheres.

Segundo Rosario Olivares, porta-voz da Rede Docente Feminista (Redofem), as professoras representam 75% da categoria e, por isso, devem apresentar suas demandas específicas ao Ministério de Educação.

Como continuidade às manifestações das estudantes universitárias chilenas em defesa de uma educação não-sexista, as participantes da greve exigem também que este seja um dos temas abordados nas futuras negociações.

*Com informações do Nodal.

Edição: Luiza Mançano