MEMÓRIA

Há 66 anos, grupo liderado por Fidel Castro plantava a semente da Revolução Cubana

Conquista do Quartel Moncada, em 1953, é considerada o embrião do processo revolucionário que triunfaria em 1959

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |

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O levante, que acabou falhando, tinha como objetivo desencadear a luta armada contra a ditadura de Fulgêncio Batista
O levante, que acabou falhando, tinha como objetivo desencadear a luta armada contra a ditadura de Fulgêncio Batista - Foto: Reprodução

Em 26 de julho de 1953, um grupo de até então desconhecidos guerrilheiros foi responsável por organizar a insurgência que é considerada o embrião da Revolução Cubana. O assalto ao Quartel Moncada, como o marco ficou conhecido, completa 66 anos nesta sexta-feira (26). 

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A ação foi protagonizada por um pequeno contingente formado por 131 jovens militantes. Fidel Castro, Abel Santamaria e Raúl Castro lideraram a empreitada. O levante, que acabou falhando, tinha como objetivo desencadear a luta armada contra a ditadura de Fulgêncio Batista (1952-1959). 

O cônsul de imprensa de Cuba em São Paulo, Antonio Mata Salas, explicou em entrevista ao Brasil de Fato que Fidel Castro, aos 25 anos, considerava "necessário iniciar um pequeno motor que ajudasse a dar partida no motor maior: as massas. Esse pequeno motor foi a ação armada contra o quartel Moncada em Santiago de Cuba”. 

O levante fracassou porque o fator surpresa, fundamental para o sucesso da ação, acabou não funcionando. No entanto, embora a ofensiva não tenha saído vitoriosa, Mata considera que ela acendeu o pavio que levou, mais tarde, ao triunfo da Revolução Cubana. 

“Cinco anos, cinco meses e cinco dias depois da ação de Moncada, teve êxito a derrubada da tirania de Batista, [que era] apoiada pelos EUA. Assim, o revés de 26 de julho se converteu em vitória”, conta.

Seis revolucionários acabaram morrendo durante o assalto. Outros 55, entre eles Abel Santamaria, foram feitos prisioneiros e posteriormente foram executados ou assassinados durante sessões de tortura. 

Os irmãos Castro sobreviveram e acabaram condenados a 15 anos de prisão. Fidel, que era advogado, decidiu pronunciar sua defesa diante do tribunal. Sua declaração ficaria conhecida como “A História me Absolverá” e circularia em forma de livro pelo mundo afora. 

Os líderes foram anistiados dois anos depois, em 1955, e se exilaram no México. Foi durante o exílio que conheceram Ernesto Guevara, o Che, outro importante personagem da Revolução. Foi também no México que o grupo responsável por colocar fim ao governo de Batista ganhou um nome: Movimento 26 de Julho.

Para Everton Souza, do Movimento Paulista de Solidariedade a Cuba, o assalto ao Quartel Moncada também significou um marco importante para a concretização do processo revolucionário que estava por vir. 

“Se foi a derrota de uma batalha, também foi o espaço de acumulação de forças para que se ganhasse a guerra. Então, a gente diz que na verdade pode até ter sido uma derrota militar, mas foi uma grande vitória política, pois a partir dali o movimento ganhou grande visibilidade. Fidel ganhou muita visibilidade e repercussão na sociedade cubana” 

O próprio Fidel também compartilhava essa visão. Para ele, não teria havido revolução sem Moncada. 

“Em primeiro lugar, [Moncada] iniciou um período de luta armada que não terminou até a derrota da tirania. Em segundo, criou novas lideranças e uma nova organização que repudiava o conformismo e o reformismo, que eram combatentes e decididos e que no próprio julgamento levantaram um programa de transformações socioeconômicas e políticas exigidas pela situação em Cuba”, disse Castro anos mais tarde, já como presidente da República cubana. 

Além do assalto ao quartel Moncada, o dia 26 de julho de 1953 também é marcado pelo ataque ao Quartel Carlos Manuel de Céspedes. A data é feriado na ilha, quando é comemorado o Dia Nacional da Rebeldia Cubana.

Edição: Rodrigo Chagas