Rio de Janeiro

ARTE

No Rio, projeto transforma a região de Irajá e Deodoro em galeria à céu aberto

Projeto Rio Galera convidou 5 artistas locais para pintar painéis em homenagem a cantores importantes para a região

Brasil de Fato | Rio de Janeiro (RJ) |
Mural feito por J Lo Borges em homenagem à Jovelina Pérola Negra
Mural feito por J Lo Borges em homenagem à Jovelina Pérola Negra - Divulgação

A Avenida Brasil ganhou 5 painéis grafitados em homenagem a ícones da música Brasileira. O Projeto Rio Galera convidou artistas da região de Deodoro a Irajá, na Zona Norte, para realizar a tarefa. Idealizado pela agência Satrápia em conjunto com a Secretaria de Cultura do Rio, o projeto tem como objetivo fomentar a cultura em lugares em que esse tipo de iniciativa é pouco comum e que, com a crise, ficam com ainda menos atrativos culturais.

“A gente pensou em um projeto junto à Secretaria de Cultura que criasse um bairro galeria, uma galeria à céu aberto, transformar a cidade do Rio, não só a área que é vitrine como a Zona Sul, mas as áreas mais distantes, chamando atenção para a cultura. Então toda a equipe, todos os artistas, todo mundo envolvido no projeto são pessoas da região. Então a gente fomentou a economia, o projeto se desenvolveu com os artistas de lá também, o empresariado também participou. A gente teve a participação em massa mesmo da comunidade local”, contou Myrtes Mattos, publicitária e empreendedora social, dona da Satrápia.

Para ela esse tipo de iniciativa faz com que empresas invistam nas comunidades e nos consumidores, para além do consumo pelo consumo. “Todos os nossos projetos são direcionados ao poder público, onde libera, a iniciativa privada que é quem banca, e a comunidade que é quem atua e é o protagonista. Porque a gente acredita que não adianta só o poder público fazer ou a iniciativa privada investir se a comunidade e a população não está engajada e não tem o sentimento de pertencimento”, explica.

Na realização do projeto, foi feita uma curadoria com artistas profissionais e iniciantes da região que foram selecionados para retratar Jovelina Pérola Negra, Caetano Veloso, Zeca Pagodinho, Elza Soares e Candeia.

Jennifer Borges, mais conhecida como J Lo Borges, fez o painel de Jovelina e explicou o sentimento de retratar a cantora. “Primeiro eu fiquei bastante tensa porque é uma responsabilidade muito grande, a Jovelina era uma artista incrível, né? Uma mulher negra, quer dizer toda uma representação da mulher negra, da cultura suburbana, então eu queria representar bem isso, mas ao mesmo tempo deixando marcado o meu traço no grafite”, conta.

Para ela, esse tipo de projeto é maravilhoso na medida que leva arte para as comunidades. Ela conta que no processo de pintar os murais recebia muitos comentários e elogios, mas a reação mais especial vinha das crianças.

“As crianças que passavam indo e voltando da escola ficavam enlouquecidas. E nessa região aqui, mais no subúrbio, acho muito interessante a gente ter mais iniciativas de arte que sejam colocadas ao ar livre, as crianças gostam muito de cores, sempre que a gente está pintando chega a criançada, pergunta, fica animada. E então além de a gente estar levando a cor e a arte para a criança olhar e entender que ela pode fazer parte daquilo, que ela pode grafitar e tudo mais, que ela pode ser uma artista. A gente ainda está levando o nome da Jovelina, porque a gente estava pintando e aí vinha a criança e perguntava “quem é, tia?”, e a gente falava que era a Jovelina Perola Negra, “não conheço”, ah, quando chegar em casa você pesquisa... E assim a gente vai espalhando um pouquinho de arte para as crianças”, conclui Borges.

As obras podem ser conferidas ao longo da Avenida Brasil na altura de Coelho Neto, Fazenda Botafogo (Acari), Deodoro, Guadalupe e Irajá.

Edição: Vivian Virissimo