Rio Grande do Sul

DEBATE

Verdades sobre a Segunda Guerra Mundial

Passados 80 anos do conflito, evento debateu temas como espectro ideológico do nazifascismo

Brasil de Fato | Porto Alegre (RS) |
Hitler e Mussolini nunca foram de esquerda, esclarecem historiadores
Hitler e Mussolini nunca foram de esquerda, esclarecem historiadores - Fotos: Wálmaro Paz

Uma visão diferente sobre a Segunda Guerra Mundial, cujo início se deu há 80 anos, foi discutida na segunda-feira (23), num evento comemorativo no auditório Poente da Escola de Engenharia da Universidade federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Quatro historiadores compuseram a mesa do evento: Raul Carrion, na coordenação; Daniel Sebastiani, que falou sobre o espectro ideológico do nazifascismo; Paulo Visentini, que tratou da diplomacia e estratégia do III Reich; e Luís Dario, que esclareceu dúvidas sobre quem lutou e realmente venceu a Guerra.

O debate esclareceu que, a despeito do que alguns apregoam atualmente, Hitler e Mussolini nunca foram de esquerda, apesar de usarem a luta operária como desculpa para algumas de suas atrocidades. Na realidade esses movimentos foram utilizados pelo capitalismo para tentar bloquear o desenvolvimento do socialismo nascente na União Soviética.

Debate foi realizado na Escola de Engenharia da UFRGS

Visentini, citando fontes atuais, conseguiu comprovar que a principal estratégia de todo aquele movimento era submeter a União Soviética e destruir a nova sociedade que se opunha ao modelo imperialista. A principal desculpa foi a guerra racial, mas o objetivo era a submissão dos povos eslavos. Ele explicou que as tratativas diplomáticas entre a Inglaterra e o III Reich foram constantes e que os grandes industriais norte-americanos apoiaram a ascensão de Hitler.

Já o professor Luís Dario enfatizou que quem realmente lutou na guerra foram os operários mobilizados no “esforço de guerra”, e os homens e mulheres da União Soviética que resistiram à tentativa de ocupação e praticamente derrotaram o exército alemão. Segundo ele, quando os Aliados desembarcaram na Normandia em 1944, o Exército Vermelho já estava às portas de Berlim.

Lembrou ainda as tentativas de invasão, por Moscou, Leningrado e a Batalha de Stalingrado, que marcaram a atuação dos trabalhadores e das mulheres russas. As Snipers (atiradoras de elite) em Stalingrado eram mulheres que ocupavam este lugar no exército soviético e também o papel das “bruxas da meia noite” (mulheres pilotas que barraram a ação da Luftwaffe). Lembrou ainda o número de mortos em combate da União Soviética, que chegaram a 15 milhões de pessoas, cerca de 10 por cento da população do país na época.

O Professor Luís Dario foi enfático em dizer que não foi o "Capitão América" quem derrotou o nazifascismo - como aprendemos com os filmes de Hollywood.

Cerca de 100 pessoas participaram do evento promovido pela Fundação Maurício Grabois, pelo Instituto Latino-americano de Estudos Avançados (ILEA) da UFRGS  e quatorze entidades sindicais e estudantis ( IFCH, UFRGS, ASSUFRGS, ACIM, CEBRAPAZ, IHGRGS, ADUFRGS, SOCECON, SINDECON, FIM, UBM, UNE, UBES, UGES e UMESPA).

Edição: Marcelo Ferreira