Rio Grande do Sul

OUTRO MUNDO É PÓSSÍVEL

Grande Encontro da Economia Solidária do RS debate caminhos para seguir resistindo

Cerca de 120 representantes de entidades de todo o Estado participaram do encontro nesse sábado (5)

Brasil de Fato | Porto Alegre (RS) |

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Em dezembro acontece a 21ª Feira Estadual de Economia Popular Solidária do RS em Porto Alegre
Em dezembro acontece a 21ª Feira Estadual de Economia Popular Solidária do RS em Porto Alegre - Fotos: Divulgação/Iltom Kuhn

O fortalecimento da economia solidária como uma alternativa de democracia econômica e construção de uma sociedade mais justa igualitária esteve em debate no 2º Grande Encontro da Economia Solidária do Rio Grande do Sul, que reuniu cerca de 120 pessoas de diversas cidades gaúchas, nesse sábado (5), no auditório do CPERS Sindicato, em Porto Alegre (RS). Além de rearticular diferentes entidades e movimentos sociais ao redor de estratégias regionais, o encontro serve de preparação para o Fórum Brasileiro de Economia Solidária (FBES), que será realizado em 2020.

Representando o Fórum Gaúcho de Economia Solidária, Maribel Kauffmann explicou que o encontro promoveu uma ampla reflexão sobre possíveis formas de articulação com movimentos sociais para se contrapor ao atual momento político. “O Fórum Gaúcho é protagonista no sentido de avaliar o momento que estamos vivendo, todas as perdas de políticas públicas, tanto para a economia solidária quanto na saúde, na educação, na questão da mulher, de igualdade de gênero, de raça, do meio ambiente, etc. De 2016 para cá, quem tinha que acabar na economia solidária já foi, quem está aqui resistiu e vai continuar. Com ou sem parcerias dos governos, vamos continuar com nossa proposta de construir uma sociedade mais justa e igualitária”, afirma.

Nelsa Nespolo, diretora da Central de Cooperativas e Empreendimentos Solidários no RS (Unisol RS), ressaltou a importância de exercer a cidadania, já que as políticas públicas resultam dos impostos pagos por todos os brasileiros e brasileiras, principalmente os mais pobres. “Nos faz muita falta, na economia solidaria, falar de política pública desse ponto de vista, do dinheiro que a gente gera, e que depois a gente elege alguém pra administrar esse dinheiro. E aí a gente não quer saber quem vai administrar e vota mal, porque a gente não olha de onde as pessoas vêm e o que elas representam”, afirma.

A questão de gênero também foi lembrada por Nelsa, que fez uma fala incentivando as mulheres a participarem mais ativamente da política. “É porque a gente tem tanta coisa para fazer - os homens até conseguem acompanhar mais as notícias - mas nós mulheres, de modo geral, a gente não lê um livro, não acompanha o jornal, na hora do noticiário vai fazer as tarefas da casa. Então acho que é esse debate é importante na economia solidária”, destaca. “Manter a articulação de fórum significa cada um manter sua pauta, mas aqui nós estamos juntos construindo essa economia de todos. Estamos aqui para resistir, para se organizar e para avançar”, conclui.

Feicoop 

Foto de encerramento do Grande Encontro 

A relevância das feiras foi destacada por Marinês Besson, da Cáritas Brasileira Regional RS, que exemplificou com Feira Internacional do Cooperativismo (Feicoop), que neste ano esteve em sua 26ª edição, no município de Santa Maria (RS). A Feicoop 2019 teve um público de cerca de 305 mil pessoas, com a representação de cerca de 3,5 mil empreendimentos organizados em redes, fóruns e entidades, vindos de 23 países e de 585 municípios brasileiros.

“A Feicoop é um espaço não só de comercialização, mas um grande encontro de pessoas, de formação, de troca cultural, de articulação, de discussão e construção de propostas. A feira afirma que é possível ter uma nova organização social construída de forma justa e igualitária, sem exploração, onde as pessoas possam trabalhar de forma mais harmoniosa, distribuindo os frutos do seu trabalho, comercializando e integrando a relação entre produtor e consumidor. Feira mostra que é possível”, explica.

Feira Estadual 

Em dezembro, acontece a 21ª Feira Estadual de Economia Popular Solidária do RS. Por uma semana, o largo Glênio Peres, em frente ao Mercado Público de Porto Alegre, recebe cerca de 200 empreendimentos dos setores de artesanato, confecção, alimentação urbana, agricultura familiar e agroindústrias. Os presentes no debate desse sábado encaminharam que um novo encontro será realizado no âmbito da feira, com o objetivo de retomar a organização da economia solidária para o próximo período.

Assista à transmissão de parte do encontro realizada pela Rede Soberania

Edição: Marcelo Ferreira