Rio Grande do Sul

OPINIÃO

Artigo | Em defesa da soberania nacional

"Patrimônio do povo construído ao longo de décadas por gerações de brasileiros não pode ser vendido a preço vil"

Brasil de Fato | Porto Alegre (RS) |
"Somente uma mobilização da sociedade poderá evitar esse crime contra o país"
"Somente uma mobilização da sociedade poderá evitar esse crime contra o país" - Foto: Reprodução FUP

A soberania nacional encontra-se sob ataque e somente uma ampla mobilização de todos que se preocupam com o futuro do país poderá conter a desestruturação de um projeto de nação. Bolsonaro e Guedes já anunciaram que pretendem vender todo patrimônio estratégico nacional, incluindo a Petrobras, Eletrobras, Banco do Brasil, Caixa e Correios dentre tantos outros. Este patrimônio do povo construído ao longo de décadas por gerações de brasileiros não pode ser vendido a preço vil por um governo entreguista mais preocupado em destruir do que construir.

A Petrobras foi criada há mais de 60 anos a partir de uma grandiosa campanha popular, com o slogan “O Petróleo é Nosso”. Hoje, a empresa já sofre um processo de canibalização com a venda aos pedaços de seus ativos mais valiosos. Aos poucos, o petróleo deixa de ser nosso. Não há justificativa. Esta privatização vai totalmente contra o interesse nacional, abre mão da riqueza mais estratégica do nosso Brasil. Nenhum país do mundo que tenha grandes reservas petrolíferas abre mão destas reservas e muito menos de uma empresa pública para atuar de forma integral neste setor altamente lucrativo.

Para se ter uma ideia, dos dez países com maiores reservas de petróleo no mundo, oito tem empresas públicas para trabalhar esta riqueza em favor do seu próprio povo. Vamos lembrar que o Pré-Sal, a maior reserva petrolífera do mundo, tornou o Brasil sustentável e seus rendimentos poderiam alavancar a Educação e qualificar a Saúde no país, no entanto está sendo entregue.

O mesmo acontece com Eletrobras, empresa estratégica na geração de energia. Privatizá-la significa entregar o controle das hidrelétricas e, consequentemente, dos nossos rios. Embutido no projeto ultrarradical de privatizações está desnacionalização das nossas riquezas.

Desde o início do atual governo, a Amazônia, maior patrimônio natural do país, vem sendo devastada por incêndios e queimadas sem que o governo tome providências. Não se trata apenas de descaso, evidenciado pelo esvaziamento dos órgãos de proteção ao meio ambiente, mas de uma política deliberada que busca abrir grandes áreas da Amazônia para a exploração de atividades econômicas predatórias perdendo o que de mais valioso tem a essa região para o Brasil e o mundo, que é a sua biodiversidade, e o papel decisivo que sua preservação tem no enfrentamento da crise climática global.

Outra questão essencial para defender um projeto de nação independente é a defesa das universidades brasileiras que estão sob risco de um outro formato de privatização, na medida em que o governo pretende transferir seu controle para instituições da sociedade. Significa abrir mão de ferramentas fundamentais para o desenvolvimento científico e tecnológico com consequências trágicas para o futuro do país.

Some-se a isso, a soberania nacional é agredida por uma política externa submissa aos interesses dos Estados Unidos, grandes beneficiários do projeto suicida de privatização do patrimônio nacional. Vale lembrar que o governo se elegeu com o lema “Brasil acima de tudo”. Na prática, realiza uma política subalterna ao projeto de Donald Trump, o que termina com qualquer possibilidade de um projeto de Nação desenvolvida e independente.

Não é o que a maioria dos brasileiros deseja. É preciso reagir. Somente uma mobilização da sociedade poderá evitar esse crime contra o país. A Frente Parlamentar em Defesa da Soberania Nacional foi criada com este objetivo. Unir todas as forças dos mais amplos setores da sociedade para deter este projeto suicida cuja aplicação foi desastrosa em vários países, basta ver o exemplo da Argentina, arruinada pelo programa ultraliberal de Macri.

Em todas as capitais, estão sendo realizados atos públicos para alertar e mobilizar a população. O Brasil é maior do que Bolsonaro. A luta pela soberania nacional é uma luta de todos nós.

* Deputado federal pelo PT-RS e vice-presidente para o Rio Grande do Sul da Frente Parlamentar Mista em Defesa da Soberania Nacional

Edição: Marcelo Ferreira