Paraná

Pesquisa

Coluna | Observatório dos conflitos urbanos de Curitiba

Confira o resumo dos principais protestos ocorridos em Curitiba e Região Metropolitana no mês de setembro

Curitiba |
Moradores do Bairro Parolin, em Curitiba, protestam contra a morte de quatro jovens pela PM
Moradores do Bairro Parolin, em Curitiba, protestam contra a morte de quatro jovens pela PM - Giorgia Prates

A cada mês, o Observatório dos Conflitos Urbanos de Curitiba apresenta o resumo dos principais protestos ocorridos na capital paranaense e Região Metropolitana. O Observatório é composto por professores e pesquisadores da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR) e da Universidade Federal do Paraná (UFPR).
 

Em defesa da educação pública
No dia 7 de setembro, as ruas de Curitiba foram tomadas por mais um ato do chamado “Tsunami da Educação”, em que movimentos populares, sindicatos e organizações estudantis concentraram-se na Praça Santos Andrade e caminharam até o Largo da Ordem, no centro da cidade, denunciando os cortes do governo federal no orçamento da educação em geral e na Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), além de protestarem contra as queimadas na Amazônia.
Para os manifestantes, as medidas tomadas pelo governo federal, como o corte de 30% no orçamento das universidades, a extinção de milhares de bolsas de pesquisa e o programa Future-se se apresentam como instrumentos que visam ao desmonte da educação pública brasileira, ameaçando a autonomia das universidades, precarizando o ensino público e o acesso à ciência.
Também no dia 18 de setembro, estudantes, professores e servidores da Universidade Federal do Paraná realizaram o “Mobiliza UFPR", movimento que começou no setor de Ciências Biológicas, onde houve “abraço coletivo", para chamar atenção ao risco de inoperância das universidades, que sem liberação de verbas não teriam, a partir de outubro, condições de pagar serviços básicos.

Escola sem partido
Outro evento, que ocorreu em 16 de setembro, foi a votação em sessão ordinária na Assembleia Legislativa do Paraná, Alep, do projeto de lei “Escola Sem Partido”, de autoria conjunta dos deputados Ricardo Arruda e Felipe Francischini, do PSL. O texto havia sido retirado da votação em maio, após grande pressão dos professores e alunos. A proposta é criticada por tentar eliminar possíveis discussões sobre formas de governo, gênero, religião e sexualidade, proibindo professores de discutir tais temas em sala de aula, que poderão ser filmados e denunciados. O projeto foi considerado inconstitucional pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB/PR), Ministério Público (MP/PR), Defensoria Pública, Conselho Estadual de Educação e Secretaria Estadual da Educação (Seed). Após grande mobilização e protesto por parte dos estudantes e professores, a proposta foi rejeitada.

Protesto contra morte de jovens
Também ocorreu neste mês protesto seguido de confronto com a polícia no bairro Parolin, centro de Curitiba. A revolta começou após quatro jovens residentes no bairro serem mortos após perseguição policial no Hauer, na sexta-feira (27). A Polícia Militar declarou que houve troca de tiros e que o carro onde os jovens estavam era roubado. Já os familiares alegam que os jovens não estavam armados e foram executados a sangue frio, usando vídeos gravados no local como prova. O protesto, que aconteceu durante a noite de sábado, envolveu cerca de 70 pessoas entre familiares e amigos das vítimas. Os manifestantes queimaram pneus, bloquearam uma rua do bairro Parolin. A polícia iniciou os esforços para “distensionar a crise”, com bombas de efeito moral e balas de borracha, alegando que os moradores estavam arremessando pedras e fogos de artifício, danificando o patrimônio público, como as viaturas. O caso está sendo investigado, e o Ministério Público do Paraná recebeu as famílias na segunda-feira (30) para ouvir aas denúncias.

Amazônia em chamas
No dia 20 de setembro, a Praça Santos Andrade, no centro de Curitiba, recebeu o ato denominado “Greve Global pelo Clima”, iniciativa que aconteceu em muitos países e ganhou o apoio da população curitibana, que se reuniu no fim da tarde para protestar contra a degradação ambiental e as atitudes tomadas pelo presidente Jair Bolsonaro em relação ao desmatamento na Amazônia.
 

Edição: Frédi Vasconcelos