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‘Absurdo dos absurdos’: a explicação e a soberania em xeque

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TRF4 insere mais um item em sua coleção de abusos e absurdos
TRF4 insere mais um item em sua coleção de abusos e absurdos - Divulgação TRF4
Pressão dos EUA sobre o TRF-4 é intervenção inaceitável

Pressão dos EUA sobre o TRF-4 é intervenção inaceitável contra Lula e a democracia brasileira. A visita nesta terça, 3 de dezembro, do Conselheiro para Assuntos Políticos da Embaixada dos EUA em Brasília, Willard Smith, ao Tribunal da Lava Jato (TRF-4), onde foi recebido pelo presidente da Corte, o Desembargador Victor Luiz dos Santos Laus, é um inadmissível ato intervencionista nos assuntos internos no Brasil. A guerra jurídica, como instrumento de intervenção imperialista aparece às claras, com a visita do diplomata de Trump ao Tribunal da Lava Jato – como a visita desta terça-feira do diplomata de Trump ao Tribunal da Lava Jato deixa transparecer.

O Conselheiro representante de Trump no Brasil ressaltou que está se atualizando no acompanhamento da Operação Lava Jato, os julgamentos do Supremo Tribunal Federal, STF, e debates sobre os temas como o compartilhamento de dados sigilosos de Órgãos de controle financeiro sem prévia atualização judicial. Por seu turno, o Desembargador-Chefe da Lava Jato destacou a importância de órgãos como a Embaixada norte-americana se aproximarem da Justiça e dos tribunais, pois isso, a seu ver, possibilita uma maior integração e articulações entre as instituições” (José Reinaldo Carvalho, Brasil 247, 04.12.19)

E soube-se agora que Villard Stonney Smith na verdade é agente de inteligência do Departamento de Inteligência dos EUA, o que caracteriza de forma inequívoca que o que está em jogo não é apenas a independência do Poder Judiciário, mas a soberania nacional.

Meu artigo, ‘Absurdo dos Absurdos’, (ver abaixo FATO UM e FATO DOIS) foi publicado na versão impressa do jornal Brasil de Fato Rio Grande do Sul, sobre tudo que aconteceu no dia 27 de novembro, quarta-feira, no julgamento de Lula pelo TRF-4 no caso do Sítio de Atibaia.

FATO UM:

Chego às 9h do dia 27 de novembro, quarta-feira, na Câmara de Vereadores de Porto Alegre. Policiais Militares ao lado de alguns gradis. Vou entrando normalmente: “Não, não pode entrar”, dizem dois brigadianos. -“Como não posso entrar? A entrada está aberta.” – “Proibido entrar”. – “Bom Leite pra vocês. Ele está acabando também com os brigadianos. Façam como os professores, que estão na luta.”

Faço meia volta, encontro um vendedor de capas de chuva. Vai caminhando comigo. Ele: “Passei na Redenção. Está cheio de carros e caminhões do Exército, todos de prontidão.”

Chove. 15 minutos de caminhada até a Rótula das Cuias. Tudo cercado: carros da Brigada, caminhões do Choque. Aparato de guerra. E algumas dezenas de manifestantes ‘armados’ de guarda-chuvas, faixas, cartazes.

TRF-4 cercado de todos os lados. Ninguém pode chegar perto. Funcionários avisados de que não teriam acesso no dia 27 de novembro de 2019, dia do julgamento de Lula na torre de marfim, no castelo, na inexpugnável fortaleza do Tribunal Regional Federal da Quarta Região.

O Poder Judiciário tem medo do povo. Bolsonaro tem medo do povo. Sérgio Moro tem medo do povo. Democracia em perigo.

FATO DOIS:

Mais manifestantes vão chegando na Rótula das Cuias, mas não chegam a milhares. O julgamento de Lula avança. O Juiz Relator vai dando sinais do sentido do seu voto. O famoso ‘cópia e cola’ da juíza Gabriela Hardt não existiu: ‘É normal, em tempos de internet. E não passa de 2% do conjunto’, diz.

Resultado final. Lula, o perigoso ladrão, o meliante maior, é condenado a 17 anos, 1 mês, e, requinte de crueldade, 10 dias, em regime fechado. Quase um pelotão de fuzilamento para quem tem 74 anos. E exatos 10 dias além dos 17 anos e 1 mês. Por que mais exatos 10 dias?

Os heróis da democracia brasileira, presos, exilados, perseguidos, estão vivos. Prestes, Brizola, Jango, outras e outros tantos, estão vivos na memória do povo brasileiro.

Onde estarão, na História, os juízes do TRF-4, os Dallagnol, os Bolsonaro, os Sérgio Moro? Na lata de lixo?

Lula está na História e na memória do povo brasileiro, mesmo preso e perseguido a vida inteira. Lula é democracia, é pão na mesa de brasileiras e brasileiras, é dignidade, é democracia, é justiça, é soberania.”

Considerações finais: Agora explica-se o que aconteceu dia 27 de novembro, quando o acesso ao TRF- 4 e a todos os prédios ao seu redor, inclusive a Câmara de Vereadores de Porto Alegre, foi impedido. Tropas e mais tropas na rua, cercando o TRF-4. Nem uma semana depois, ‘os Amigos do Norte’ visitam a Corte, cobrando a fatura. Ou o que mais será? E quem não lembra 1964, quando os órgãos de inteligência e os aparatos militares norte-americanos intervieram no golpe militar e aprovaram a ditadura que se seguiu? Hoje como ontem. Ontem revivido hoje, afrontando a soberania brasileira.

Os tempos são mesmo sombrios. O Poder Judiciário, como aconteceu em 1964, rendeu-se mais uma vez a forças externas, vendeu a soberania e, com sua bênção, está acabando com a democracia.

Aviso final, a quem interessar: Ninguém vai deixar de ir para a rua, por mais que o Poder Judiciário cerque seus prédios. Menos ainda, ninguém vai deixar de ir para a rua com medo da repressão. Ninguém vai deixar de se mobilizar e lutar porque o poder norte-americano assim o quer. Quem enfrentou uma ditadura e lutou pela democracia, não aceitará de braços cruzados outra ditadura. O povo brasileiro e latino-americano continuará defendendo a democracia com ousadia, coragem e o sonho de uma Pátria Grande.

Edição: Marcelo Ferreira