Rio Grande do Sul

PROTESTO

Petroleiros gaúchos realizam ato contra demissão em massa no Sistema Petrobras

Manifestação contra desativação da Fafen-PR foi realizada em frente à Refinaria Alberto Pasqualini (Refap), em Canoas

Brasil de Fato | Porto Alegre |
Com o fechamento da fábrica, o Brasil terá que importar 100% dos fertilizantes nitrogenados que consome
Com o fechamento da fábrica, o Brasil terá que importar 100% dos fertilizantes nitrogenados que consome - Divulgação Sindipetro-RS

Petroleiros da Refinaria Alberto Pasqualini (Refap) realizaram um ato contra as demissões em massa do Sistema Petrobras promovidas pelo governo federal e em defesa Araucária Nitrogenados S.A (Ansa/Fafen-PR). Realizado em frente a refinaria, localizada no município de Canoas (RS), na manhã desta sexta-feira (17), o protesto somou-se a outras manifestações em bases da Federação Única dos Petroleiros por todo o Brasil.

No terça-feira (14), a gestão da Petrobras anunciou o fechamento da Fafen-PR, subsidiária da estatal que atende o setor agrícola - justamente o mais produtivo do Brasil. Isso representa a demissão de cerca de 1.000 trabalhadores da unidade, sendo aproximadamente 400 empregados próprios e 600 terceirizados. Sem nenhuma negociação com o sindicato, a categoria tomou conhecimento das demissões pela imprensa.

Conforme avaliação do Sindicato dos Petroleiros do Rio Grande do Sul (Sindipetro-RS), a partir do falso argumento de que a Fafen-PR dá prejuízos, a gestão da Petrobras abandona o setor de fertilizantes nitrogenados no Brasil. O fechamento soma-se a diversos desmontes a que a petroleira vem sofrendo desde o golpe que retirou a presidenta Dilma Roussef, em 2016, favorecendo as multinacionais, os importadores e criando empregos em outros países.

Nas falas dos petroleiros e de outras categorias de trabalhadores, durante o ato na Refap, foi consenso que a única maneira de tentar amenizar os prejuízos causados por este governo é com luta e resistência. Para a dirigente do Sindipetro-RS, Miriam Cabreira, fechar uma indústria química em um país que já sofre com o desemprego é sinal de um antipatriotismo. “Esse não é o caminho para um país desenvolvido. Nós estamos revoltados com o que a gestão está fazendo conosco, tudo isso dentro do processo de desmonte para acabar com a empresa pública. 2020 já inicia com a importância de fazer esse ato, porque a luta vai ser grande contra a venda das refinarias e o desmonte da empresa”.

Para o ex-presidente da CUT-RS, Claudir Nespolo, o que “é certo” para esse governo significa que é prejudicial à classe trabalhadora: “Não se trata de torcer contra o governo, mas de denunciar o aparato entreguista instalado no Brasil, eleito com fake news. Com essas mentiras eles vão entregando o patrimônio brasileiro”, critica.

Representantes de outras categorias também estiveram no ato, como o dirigente do Sindicato dos Trabalhadores do Judiciário Federal no Rio Grande do Sul (Sintrajufe/RS), Marcelo Carlini, e o presidente do SindiBancários, Everton Gimenis. “Desde 2016 a gente anunciava que o golpe era para acabar com direitos trabalhistas, previdenciários e para a entrega das riquezas do Brasil. Também estão na mira deste governo a privatização da Caixa Econômica e do Banco do Brasil”, alerta o bancário.

Com o fechamento da fábrica, o Brasil terá que importar 100% dos fertilizantes nitrogenados que consome. Além disso, o país ficará dependente da importação de ARLA 32, reagente químico usado para reduzir a poluição ambiental produzida por veículos automotores pesados. Além disso, é a própria Petrobras quem produz matéria prima que gera ureia e amônia na unidade, já que o RASF (resíduo asfáltico utilizado para produzir Ureia e Amônia) é derivado da Repar, refinaria da estatal que fica ao lado da Fafen-PR. Aos prejuízos, soma-se a queda na arrecadação do município de Araucária, que vai chegar a R$ 75 milhões anuais.

Manifestação dos petroleiros foi realizada no início do turno da manhã na Refap

A Fafen-PR

Inaugurada em 1982, a Araucária Nitrogenados (Fafen-PR) tem capacidade de produção diária de 1.975 toneladas de ureia, 1.303 toneladas de amônia e 450 metros cúbicos de ARLA 32. A planta produz ainda 200 toneladas por dia de CO2, além de 75 toneladas de carbono peletizado e seis toneladas de enxofre.

O Brasil é o quarto maior consumidor de fertilizantes do mundo e, com o desmonte da Petrobras, tornou-se ainda mais dependente das importações, o que compromete a soberania alimentar. O país importa mais de 75% dos insumos nitrogenados, na direção contrária de outras grandes nações agrícolas, cujos mercados de fertilizantes estão em expansão.

Importância da amônia e ureia na agricultura

Amônia:

- Fertilizantes: sulfato de amônio, fosfato de amônio, nitrato de amônio e ureia;

- Produtos químicos: ácido nítrico (utilizado na preparação de explosivos);

- Fibras e plásticos: nylon e outras poliamidas;

- Produtos de limpeza: detergentes e amaciadores de roupa.

Ureia:

- Também utilizado como reforço alimentar para gado;

- Fertilizante sólido na adubação de um grande número de plantas;

- São grânulos brancos que contém 46% de Nitrogênio; é o fertilizante sólido de maior concentração de Nitrogênio e, por isso, é um tipo de composto que tem como principal função fornecer esse elemento para as plantas;

- O Nitrogênio garante plantas com vigor e saudáveis;

- A ureia é usada como repositor de Nitrogênio, para que a planta possa recuperar a vitalidade e continuar saudável;

- Também utilizado para reduzir a poluição de motores diesel.

Edição: Marcelo Ferreira