Rio Grande do Sul

Opinião

Artigo | Transfusão de lucro as avessas. Roubo elegante!

A proposta de Marchezan para o transporte público "combina esperteza com perversidade"

Brasil de Fato | Porto Alegre (RS) |
Prefeito de Porto Alegre propôs um pacote de ações altamente questionáveis voltadas ao transporte público de Porto Alegre
Prefeito de Porto Alegre propôs um pacote de ações altamente questionáveis voltadas ao transporte público de Porto Alegre - (divulgação)

A proposta do prefeito Marquezan Jr. nada mais é do que utilizar o Estado em benefício do poder econômico organizado entorno da ATP.

A ideia de transformar as funções de oferecer transporte coletivo em atividade econômica não é recente. Esse processo constituiu-se na formação de nossos centros urbanos. As características perversas do capitalismo brasileiro produziu enormes desigualdade sociais. O acesso aos serviços públicos de transporte, saneamento e habitação tornaram-se instrumento de lucro e mais valia.

A proposta do prefeito Marquezan Jr. reflete nada mais que a tentativa que o modelo procura para superar a crise, por eles mesmos gerada. É uma proposta que combina esperteza com perversidade. Crueldade palatável através de uma intensa propaganda. Metodicamente trabalhada. O centro da proposta é transformar o subsídio que seria para os pobres em acumulação financeira nas mãos de pequeno grupo empresarial ligados à ATP (Associação dos Transportadores de Passageiros). Resumindo, a proposta ignora a máxima liberal de o Estado não intervir na economia e realiza a mais cruel das intervenções, que é fazer os pobres pagarem a elevação da riqueza dos empresários.

É importante atentarmos que essa proposta só existirá se a TRENSURB e a CARRIS deixarem de ser Estatais. O liberalismo camaleônico no atual estágio de desenvolvimento do capitalismo prescinde do Estado prestador de serviço. Ao contrário, captura as funções públicas (orçamento público) para seus interesses. Portanto, em nada inova o prefeito agenciador de negócios para a iniciativa privada. Somente utiliza uma narrativa que tenta seduzir os trabalhadores pobres e desempregados, com redução de tarifas, que esse mesmo segmento espoliado e explorado, pagará de maneira diferente. Por essa característica que o roubo é duplamente qualificado.

Na minha avaliação, só temos uma saída: Disputar o subsídio através da gratuidade. Defesa intransigente das empresas públicas. O subsídio é nosso!

 

*Servidor da Trensurb e ex-presidente do Sindimetrô (Sindicato dos Trabalhadores em Empresas de Transporte Metroviário e Conexas do RS)

Edição: Katia Marko