Minas Gerais

LITERATURA

Historiador lança livro sobre lendas do período colonial de Minas Gerais

“Herança de Sobreira” aborda história de um tesouro escondido e discute formação econômica do estado

Belo Horizonte |
meninas diamantina foto antiga mg
Foto antiga de normalistas do Colégio Nossa Senhora das Dores, em Diamantina (MG), uma das cidades onde o autor captou histórias - Eric Hess / IPHAN

Um pedaço da história do período colonial de Minas Gerais contada com lendas, ficção e muitos fatos reais. É o objetivo do livro “Herança de Sobreira”, escrito pelo historiador, professor universitário e folclorista Antônio de Paiva Moura, que será lançando no próximo sábado (15), às 9h, na Galeria de Artes da Biblioteca Pública Estadual de Minas Gerais. O evento é aberto e o endereço é Praça da Liberdade, 21, em Belo Horizonte.

Resultado de um intenso trabalho de pesquisa do autor, o livro é recheado de lendas mineiras classificadas pelos ciclos econômicos, como a mineração, a agricultura e a pesca. “A lenda é uma forma de contar a história verdadeira por uma pessoa que não tem conhecimento científico. É baseada na tradição oral”, explica.

Ao visitar as regiões de Diamantina e do Médio Paraopeba, o escritor ouviu e registrou diversas histórias. Já no Arquivo Público Mineiro, onde trabalhou, Antônio pôde constatar a veracidade das narrativas. “É claro que a lenda contada vai aumentando, acrescentando coisas que em um documento escrito não tem, mas é possível fazer uma comparação do que a gente ouve na tradição oral com o que é historicamente documentado”, completa.

O tesouro escondido

Português, Sobreira veio ao Brasil colônia para ficar rico, objetivo que foi conquistado. Após o falecimento de seu irmão, ele se assumiu como tutor de sua sobrinha, que tinha 13 anos, de quem abusou sexualmente. Por esse crime, foi condenado. No entanto, seu dinheiro, poder e desonestidade o protegeram da deportação e por causa de um acordo financeiro com a igreja e o tesouro real, foi perdoado.

Sonegador de impostos, Sobreira soube antecipadamente que ia haver uma derrama – ação fiscal para confiscar os bens das pessoas que guardavam ouro e diamante clandestinamente – e enterrou um tesouro. Depois de sua morte, ninguém sabia onde a reserva ilegal estava escondida. Em seu testamento, a maior parte de sua riqueza foi destinada para a Coroa e para a Igreja.

Em cima desses fatos reais, que envolvem o tesouro de Sobreira, várias lendas foram construídas na história oral e muitas são contadas no livro de Antônio de Paiva Moura. “A herança de Sobreira não são os tesouros, mas a mentalidade dos empresários, que vem desde o tempo colonial, de exploração, de suborno, de agir de forma corruptiva ao invés de agir pelos modos corretos, respeitando o trabalhador”, diz o autor sobre o desenrolar do livro.

Edição: Rafaella Dotta