Rio Grande do Sul

EDUCAÇÃO

Greve dos professores do IPA recebe apoio dos estudantes

Trabalhadores da instituição de ensino superior estão com salários atrasados desde novembro de 2019

Brasil de Fato | Porto Alegre |
Professores decidiram não começar o ano letivo até que situação seja regularizada - Foto: Divulgação Sinpro-RS

Com salários atrasados e sem o recebimento do décimo terceiro e terço de férias, os professores e funcionários do Centro Universitário Metodista (IPA) de Porto Alegre decidiram não começar o ano letivo. A decisão foi tomada em assembleia realizada na segunda-feira (10), quando as aulas deveriam iniciar. Após uma semana de reivindicações e pouca abertura ao diálogo por parte da administradora da instituição, os estudantes somaram-se à luta e, a partir de assembleia realizada na manhã desta segunda-feira (17), criaram um comitê de apoio ao movimento grevista.

“Compreendendo a importância da mobilização estudantil em torno da defesa da Educação e de apoiar integralmente os professores e professoras que seguem tendo seus salários atrasos, o Diretório Acadêmico da Psicologia e o Centro Acadêmico de Serviço Social estão declarando apoio a todos os professores e funcionários da instituição que estiverem no processo de greve”, afirma Lucas Gertz Monteiro, estudante de Serviço Social, membro do Centro Acadêmico e diretor LGBT da União Nacional dos Estudantes (UNE).

Conforme conta o diretor do Sindicato dos Professores do Ensino Privado do Rio Grande do Sul (Sinpro-RS), Marcos Fuhr, o salário de novembro está atrasado para 78 professores. Já os salários de dezembro, o décimo terceiro e o terço de férias estão em atraso para todos os trabalhadores do IPA. “A decisão de parar se deve também a uma trajetória de todo um ano de 2019 de atrasos cada vez mais extensos”, explica.

Marcos aponta que há dificuldades de diálogo entre os trabalhadores e a instituição, que “tem administração centralizada em São Paulo, o que dificulta a negociação”. Segundo ele, a instituição afirma que pretende regularizar as pendências em parcelas, a partir de maio, mas não quer formalizar um acordo coletivo.

Lucas conta que os estudantes definiram a realização de ações em sala de aula e área comum para dialogar com estudantes. “Desde 2016, o IPA vem passando por uma série de dificuldades, más gestões, transições de reitoria, necessidade de reduzir seu quadro de funcionários, inserção de cursos EaD”, justifica. “Sabemos que tudo isso não está descolado de uma crise financeira que afeta o mundo inteiro desde 2008. No Brasil, o atual governo tem seguido uma cartilha neoliberal que impede o crescimento e o avanço de políticas públicas e sociais, principalmente em torno da Educação”.

Para Marcos, a precarização da educação é evidente em diversas instituições, mas a situação do IPA é muito peculiar. “Não tem nenhuma outra instituição no Rio Grande do Sul com este volume de pendências salariais. O que atesta muito mais uma crise específica de modelo de gestão do que consequência de conjuntura mais ampla, que na educação privada se reflete na redução do número de alunos e de créditos contratados e repercute na redução da carga horária e dispensa de professores”, avalia o diretor do Sinpro-RS.

O retorno às atividades está condicionado ao pagamento dos salários de novembro e 1/3 de férias para todos os docentes, sendo que as demais pendências serão negociadas em audiência marcada para 11 de março, na 29ª Vara do Trabalho, em Porto Alegre.

Eu Defendo a Educação


Estudantes da IPA vão fazer o pré-lançamento da campanha da UNE / Foto: Divulgação

A UNE lançou, no início de fevereiro, a campanha nacional “Eu Defendo a Educação”, com o objetivo de debater a importância e necessidade da defesa da Educação junto aos estudantes brasileiros. Segundo Lucas, os estudantes do IPA vão fazer o pré-lançamento da campanha na instituição junto das atividades do comitê de apoio à greve. “As atividades ocorrerão entre fevereiro e julho desse ano e qualquer estudante pode construir. O desafio é que as universidades privadas se envolvam nesse processo e para isso, temos que estar no dia a dia das universidades”, conclui.

 

Edição: Katia Marko