Rio Grande do Sul

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A crise se define: se correr o bicho pega se ficar o bicho come

Mandetta avisou sua equipe que estava sendo demitido e que Bolsonaro só procura um substituto para dispensá-lo

Porto Alegre | BdF RS |
Ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, em coletiva de imprensa na Presidência nesta terça, com Braga Neto e Onyx Lorenzoni - Foto: MCTIC

Esta semana os atuais dirigentes brasileiros (leia-se os militares) fizeram a escolha de Sofia. Optaram pelo genocídio dos pobres e idosos do País ao reafirmarem a posição negacionista de Jair Messias Bolsonaro frente a pandemia da covid-19. Ficaram algum tempo titubeando entre a postura pela saúde do povo, favorável ao isolamento social preconizado pelo ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, e a postura do chamado isolamento vertical (só idosos e grupos de risco) defendida pelo “cientista” Jair Messias Bolsonaro. Este último defendendo a saúde do sistema financeiro e do mercado, já comprometido em todo o planeta pela crise.

Nesta terça-feira (14), Mandetta avisou sua equipe que estava sendo demitido e que Bolsonaro só estava procurando encontrar um substituto para exonerá-lo. Ele, Bolsonaro, não se cansa de reafirmar que “eu sou o presidente e comando este time”.  Numa tentativa de se manter num poder que já perdeu toda a legitimidade concedida por 30% dos eleitores brasileiros em 2018. Na entrevista coletiva de terça-feira (14), o ministro da Cidadania, Onix Lorenzoni (DEM/RS), declarou apoio incondicional ao presidente Jair Bolsonaro que estaria defendendo o País de uma crise econômica futura. Como se a economia estivesse melhorando ao invés de crescer como rabo de cavalo.

O nome do deputado federal Osmar Terra (PMDB/RS) chegou a ser lembrado. Afinal ele é médico, ex-ministro a apoiador de primeira hora de Bolsonaro, apesar de ter sido demitido sem maiores explicações no final do ano. Ele, Terra, entretanto desmentiu esta possibilidade.

Terra defende, como Bolsonaro, o isolamento seletivo, afirma que a covid-19 não passa de uma gripe, menos letal do que a H1N1, que ele enfrentou como secretário da Saúde do Rio Grande do Sul em 2009. Diga-se de passagem, o RS foi o estado brasileiro onde houve mais mortes naquela ocasião.

No entanto, ninguém, muito menos os militares, quer ser responsabilizado pela mortandade de brasileiros que deverá ocorrer nos próximos meses. Por isso o nome de Terra já foi praticamente descartado. Ele fez uma previsão de mil mortes há duas semanas, e ela já foi ultrapassada pelos números oficiais que devem ser bem menores do que os verdadeiros. A estimativa de cientistas é de que já existam mais de 300 mil infectados no Brasil e as mortes por problemas respiratórios notificadas, já ultrapassam em 2390 as registradas no ano passado. O que nos levar a crer que grande parte delas seja pela covid-19. Não foram notificadas porque não temos testes suficientes e muita gente está morrendo em casa.

Nos próximos dias, fruto das confusões propagadas pelo presidente da República e suas atitudes impensadas, veremos aumentar o número de casos. O remédio prescrito por ele, a Cloroquina, já teve seu uso suspenso pelos médicos de Manaus em pacientes graves, pois mais da metade (11) vieram a óbito depois de testarem o medicamento milagroso.

A oposição brasileira está diante de um grave problema ético. Ou reforça a saída deste Nero fardado do governo e acaba entregando o poder aos militares, ou permite que ele continue matando brasileiros e garanta as eleições municipais este ano. A elite política terá que tomar esta decisão ainda esta semana.

EM TEMPO - O secretário Nacional de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, Wanderson de Oliveira, pediu demissão do cargo na manhã desta quarta-feira (15). A informação foi confirmada pela assessoria de imprensa do ministério por volta das 12h. Ele fazia parte do chamado "núcleo duro" da equipe do ministro Henrique Mandetta. A saída de Wanderson acontece em meio ao aumento dos rumores sobre a demissão do ministro Henrique Mandetta. Desde domingo, quando ele concedeu uma entrevista ao programa "Fantástico", da TV Globo, o ministro perdeu o apoio que tinha de parte da ala militar do governo que vinha tentando mantê-lo no cargo apesar da intenção do presidente Jair Bolsonaro de demiti-lo. (O Globo)

Edição: Katia Marko