Minas Gerais

Ameaça

Polícia Civil vai investigar pichações que pregam morte de jornalistas em BH

“Colabore com a limpeza do Brasil matando um jornalista todo dia”, diz uma das frases

Brasil de Fato | Belo Horizonte (MG) |
Declarações de ódio foram escritas ao longo do tapume do Hospital das Clínicas - SJPMG

Representantes do Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Minas Gerais (SJPMG) e da Casa do Jornalista se reuniram na tarde desta quinta (14) com o delegado Wagner Salles, chefe do primeiro departamento de Polícia Civil de Belo Horizonte, para pedir abertura de inquérito afim de apurar o autor de pichações pregando a morte de jornalistas. Um tapume do Hospital das Clínicas, na região hospitalar de Belo Horizonte, foi pichado nessa madrugada com palavras de ódio contra os trabalhadores.

“Colabore com a limpeza do Brasil matando um jornalista todo dia”, diz uma das frases escritas ao longo do tapume que cerca uma barraca aonde é feita a triagem de pessoas suspeitas de contaminação por Covid-19.  Os pixos não permaneceram visíveis por muito tempo. Eles foram cobertos por cartazes em defesa dos jornalistas e do jornalismo. Logo após, os tapumes foram pintados novamente.

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O delegado que investiga o caso disse que todos os esforços serão empreendidos para tentar apurar o responsável pelas pichações que, segundo ele, atingem toda uma classe de trabalhadores e “também a democracia”. De acordo com Salles, serão requisitadas imagens das câmeras de segurança da região na tentativa de identificar quem está pregando a violência contra os jornalistas.

Assim que que tomou conhecimento das pichações, a presidente do SJPMG esteve no local para registrar e tentar localizar imagens do ato. Em frente ao local, existem câmeras instaladas em um comércio local. Segundo o gerente, cujo nome vai ser preservado por questões de segurança, as imagens ficam guardadas por dez dias e podem se requisitadas pela polícia ou pela justiça. Todas essas informações foram repassadas à polícia civil.

O sindicato também conversou com o procurador Edson Ribeiro Baeta, que se colocou à disposição da entidade para acompanhar as apurações sobre mais esse ato de violência com os jornalistas. Cópia das imagens e do boletim de ocorrência serão encaminhadas à instituição.

“Não é a primeira vez que pichações ameaçam de morte jornalistas mineiros. Durante a ditadura, a sede do sindicato foi invadida e as paredes pichadas  com frases de ódio e incitação de crimes contra jornalistas. Nessa toada, não será a última vez que isso acontece e, como sempre, não ficaremos calados e não seremos intimidados.  A liberdade de imprensa, o direito à informação são garantias universais e vamos sempre lutar por isso, em defesa da nossa profissão e da democracia”, afirmou a presidenta do sindicato.

Ao longo da quinta-feira, os jornalistas receberam manifestações de apoio e solidariedade de diversas entidades, movimentos sociais e organizações não governamentais.

A escalada da violência contra jornalistas tem tomado uma proporção assustadora desde que os governos estaduais e municipais determinaram medidas de confinamento. Desde que o início do isolamento social, esse é o quarto caso de tentativa de intimidação. Todos serão levados ao conhecimento das autoridades para que as agressões sejam coibidas.

Edição: Raíssa Lopes