Rio Grande do Sul

Opinião

Artigo | Reflexão sobre exploração e superesposição de crianças e adolescentes

Sociedade desumanizada, engolida pelos valores do capital, fragiliza situação dos mais jovens

Brasil de Fato | Porto Alegre (RS) |
Rotina mediatizada superespõe crianças e adolescentes, agravando situações de risco, violência e abuso - Comunicação-MPA

O dia 18 de maio é decretado como o dia Nacional de Combate ao Abuso e Exploração Sexual das Crianças e Adolescentes. Considero essa luta muito justa e necessaria, pois vivemos numa sociedade desumanizada, engolida pelos valores do capital. A vida está sem valor, as crianças, os adolescentes, a juventude, as mulheres, os trabalhadores, a natureza - tudo e todos vivendo a exploração de uma forma ou de outra.

A exploração e superexposição das crianças e adolescentes são temas preocupantes na atualuidade. Podemos perceber por exemplo que, com a inovação dos meios de comunicação aumentou o nível de superexposição de crianças e adolescentes nas redes sociais. Atitudes como essas e outras tantas de violação desmoraliza, expõe, desumaniza, desequilibra a dimensão emocional, psicológica, social e cultural desses sujeitos pequenos que necessitam de cuidado, proteção, formação para que tenha o direito de crescer e se desenvolver com dignidade no seu ambiente de vida e construção social.

A "brincadeira" da exploração sexual tem que acabar! A "brincadeira" de fotos e videos expostos, compartilhados precisa acabar! Queremos viver em ambientes mais sadios e seguros, sem tantas crianças e adolescentes desenvolvendo traumas, problemas de autoestima e reproduzindo comportamentos que não nos ajuda a ter a humanidade que necessitamos.

Vamos pensar um pouco mais? Nesses tempos de pandemia e de muitas crises, como está a situação das crianças e adolescentes, sobretudo, aquelas que suas famílias vivem na vunerabilidade social e muitas não tem se quer o direito de se alimentar? Vamos buscar saber? O que estes pequenos/as fazem com seu tempo fora da escola? Como se alimentam sem a merenda escolar? Que tipo de programas assistem nas tv? Como usam o aparelho celular? Que tipo de estímulos recebem todos os dias por parte da família, vizinhos, igrejas?

Diante da realidade o que devemos fazer? Já dizia o historiador britânico, Arnald toynbee “tornando-nos deuses na tecnologia, mas permanecemos macacos na vida” muitas atitudes refletem atos inracionais, desumanos. Evoluímos? Em qual sentido? Temos acesso a informação, a educação, a tecnologia mas não desenvolvemos a reflexão sobre as coisas, não nós colocamos no lugar do outro, não nos preparamos para ajudar a desenvolver uma sociedade sadia e ter cuidados básicos com aqueles pequenos/as sujeitos indefesos e inconscientes das tantas questões do presente que marcará seu futuro.

Vamos fazer diferente? As crianças e adolescentes necessitam de tudo aquilo que é básico: amor, carinho, apoio, educação, lazer, cultura, ambiente para desenvolver a sua criatividade e capacidades. O Estatuto da Criança e do Adolescente afirma essas questões, os setores da justiça, as instituições e organizações sociais precisam atuar sempre para assegurar esses "direitos básicos". As lei devem ser estabelecidas e os debates com a população precisam acontecer sempre para mudar a consciência e as posturas de cada cidadão com relação a vida das crianças, adolescentes do nosso país e do mundo.

 


Este texto foi escrito pela jovem Letícia Rafael, adolescente de 16 anos, estudante do ensino médio, integrante do Grupo de Teatro Raízes Nordestinas e militante do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA). Ela reside em Poço Redondo - Sergipe. A redação final teve contribuição e revisão de Rafaela Alves, dirigente do MPA.

Edição: Marcos Corbari