Rio Grande do Sul

Educação

Ensino público no RS terá retorno gradual com recomeço à distância em junho

Governo do estado planeja o retorno das aulas nas escolas públicas em etapas, dependendo da situação da pandemia

Brasil de Fato | Porto Alegre |
A estimativa é que a rede de educação volte a sua integralidade a partir de setembro - Divulgação / MCTIC

Em transmissão pela rede social, realizada nessa quarta-feira (27), o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), explicou que a retomada das aulas presenciais será feita de forma gradual, e como já anunciado, deve começar pela educação infantil e pelo ensino médio. Por enquanto, conforme afirmou o governador, a partir do dia 1º de junho, as atividades serão feitas remotamente, prática já adotada em algumas escolas privadas. A estimativa é que a normalização da rede de ensino aconteça em setembro. 

O Rio Grande do Sul tem pouco mais de duas mil e quatrocentas escolas na rede estadual de ensino. Com as aulas remotas, garantir o acesso será o grande desafio para atender cerca de 859.245 alunos da rede. Para sua realização, será utilizada a plataforma  Classroom, criada pela Google for Education. Conforme explicou o governo, essa primeira etapa servirá à ambientação digital de professores e alunos.

A proposta é “espelhar” na plataforma mais de 37 mil turmas, criando mais de 300 mil ambientes virtuais, e oferecer mais de mil turmas Pré-Enem, incluindo salas de professores, serviços de orientação educacional e coordenação pedagógica virtual. Para famílias sem acesso à internet, professores repassarão material físico. “Estamos animados em conseguir atingir um número expressivo de estudantes, mas não podemos deixar ninguém pra trás”, enfatizou o secretário estadual da Educação, Faisal Karam.  

Em sua fala o governador reconheceu que o grande contingente de pessoas é um ponto complexo e por mais de uma vez frisou que a prioridade é “proteger a vida e a saúde de alunos, professores e funcionários” das escolas, de modo que as etapas planejadas podem ser revistas mediante alterações no cenário de contaminação pelo coronavírus no estado. “Cada momento pode ser antecipado ou postergado, se tivermos um cenário adverso. Não tem como apresentar um quadro de certezas”, pontuou o Eduardo Leite.

Participando da videoconferência,  a secretária estadual de Planejamento, Leany Lemos, frisou sobre a importância e a complexidade do retorno das crianças às escolas. De acordo com ela, 80% dos inscritos no Cadastro Único do RS são mães solteiras. "Para muitas mães, a escola não é só um lugar de aprendizado, mas de proteção”, ilustrou. O Rio Grande do Sul tem 458 mil crianças matriculadas na educação infantil. Dados do governo indicam que 28,8% dos alunos de creches e 20,5% dos alunos da pré-escola são de famílias de baixa renda.

O governador solicitou aos pais de crianças até 3 anos de idade que mantenham seus filhos em casa. Isso porque não é obrigatório a ida à escola nessa faixa etária, e para crianças entre 4 e 5 anos não há um ano letivo com carga horária mínima, ou seja, não há o risco de “perder o ano”.

A presidente do Centro dos Professores do Estado do RS (CPERS  Sindicato), Helenir Schürer, disse estar satisfeita com o anúncio. “Vamos continuar com as nossas aulas à distância, com as nossas aulas residenciais, domiciliares que é a melhor forma, nesse momento de estarmos junto com nossos alunos e impedirmos a proliferação do coronavírus”. Contudo, ela criticou o fato do governo não chamar a entidade para a elaboração do plano. “Fiquei preocupada quando o governo diz que não ouviu o sindicato porque o sindicato não é representante da educação. Podemos não ser representantes da educação, mas somos representantes dos educadores, professores e funcionários que fazem a educação acontecer”, ressaltou. 

Outra preocupação apontada pela dirigente diz respeito a volta das escolas infantis a partir de de julho. “Espero que o governo repense esse calendário. De que forma vamos manter o distanciamento de uma criança de 0 a 3 anos, será feita a testagem em massa e diária de professores, servidores e alunos para se garantir uma retomada segura do calendário letivo?”, questiona. Para Helenir, enquanto não tiver uma curva descendente muito forte, não é possível voltar às escolas.  

Etapas

Etapa 1 - a partir de 1° de junho: Uso de plataforma digital que irá ambientar os alunos em salas virtuais. Todos irão acessar "ambientes que simulam a escola", tudo de maneira virtual. 

Etapa 2 - a partir de 15 de junho: retorno das aulas no ensino superior, pós-graduação, ensino técnico e cursos livres (profissionalizantes, idiomas, artes e similares), mas apenas atividades práticas essenciais para a conclusão do curso, como pesquisa, estágio curricular obrigatório e atividades em laboratórios. A estimativa é de que 41 mil alunos retornem às aulas nesta etapa.

Etapa 3: ainda não estão definidas, mas há possibilidade do retorno da Educação Infantil e Formandos do Ensino Médio - dependendo dos dados da pandemia e execução dos protocolos. 

Medidas para o retorno das aulas 

De acordo com o governo, para a volta das aulas presenciais, uma série de medidas estão sendo planejadas e devem ser divulgadas em breve. Entre elas está, por exemplo, o uso de máscara por parte de alunos e trabalhadores da escola, a higienização frequente de ambientes de uso comum, o não compartilhamento de materiais escolares, além da higienização de objetos e equipamentos de acesso dos alunos. 

A proposta ainda inclui estabelecer distanciamento mínimo entre os alunos e revezamento de turmas, entre outros de prevenção. “Vamos observar aquilo que é essencial para a saúde de alunos, professores e funcionários”, disse a secretária estadual da Saúde, Arita Bergmann.

As escolas ainda deverão criar um Centro de Operações de Emergência em Saúde para a Educação (COE-E), composto por um membro da direção e um representante da comunidade escolar. Segundo o governo estadual, esse Centro de Operações terá a incumbência de informar e capacitar a comunidade escolar sobre os cuidados; organizar os protocolos de reabertura das aulas presenciais; manter a rotina de monitoramento dos protocolos; reunir informações para diagnóstico da operação emergencial; e planejar ações e medidas para restabelecer a normalidade da situação na instituição de ensino.

Para escolas com mais de 100 pessoas (entre alunos, funcionários e professores), o governo planeja a criação do Plano de Contingência para Prevenção, Monitoramento e Controle da Transmissão de COVID-19. Além de informar a comunidade escolar sobre as medidas adotadas, esse Plano terá o objetivo de fiscalizar o uso de equipamentos de proteção individual (EPIs), orientar o distanciamento social e a limpeza e desinfecção dos ambientes, materiais e utensílios, assim como readequar os espaços físicos da escola e a circulação de pessoas, além de adotar procedimentos em casos suspeitos e confirmados de covid-19.

Para mais informações das etapas clique aqui.

*Com informações do Sul 21.

Edição: Marcelo Ferreira