Minas Gerais

Mineração

Fiscalização na Vale em Itabira aponta que trabalhadores estão em situação de risco

Segundo auditora-fiscal do Trabalho, até a segunda (25) eram 200 empregados próprios e terceirizados com teste positivo

Brasil de Fato | Belo Horizonte (MG) |
Trabalhadores da mineração estão sujeitos à aglomerações diárias/Foto meramente ilustrativa - AFP

Auditores-fiscais do Trabalho interditaram, na quarta (27), o complexo minerador da Vale em Itabira (MG) por apresentarem quase 200 trabalhadores próprios e terceirizados com teste positivo para covid-19, algo em torno de 9% dos testados. Segundo a auditora-fiscal Odete Reis, que participou da inspeção na última segunda, no complexo – onde trabalham cerca de 5 mil pessoas – foram detectadas diversas irregularidades que colocam os trabalhadores em situação de grave e iminente risco.

Uma delas, segundo a fiscal é a aglomeração de trabalhadores nas rodoviárias, onde chegam os ônibus da cidade e ficam as vans que levam as pessoas até as frentes de trabalho. O complexo é formado por três minas – Conceição, Cauê e Periquito – e em cada uma delas há uma rodoviária.

“A gente presenciou duas trocas de turno, um por volta das 13h e em outra mina por volta das 17:30. Nesses momentos os trabalhadores que estão chegando e os que estão  voltando das frentes de trabalho, e aí vão bater ponto, vão ao banheiro, vão encher o cantil com água, ou pegar o álcool e a flanela para limpar os equipamentos, transitam por ali no mesmo espaço provocando aglomeração”, conta.

Outra irregularidade encontrada pelos auditores são as vans utilizadas que não garantem a distância mínima de um metro recomendada pelos órgãos de saúde. Apesar de ter uma marcação nos assentos que podem ser utilizados, o que é respeitado pelos trabalhadores, segundo Odete, eles ficam cerca de 60 centímetros de distância um do outro.

Exigências

Segundo Odete, entre as exigências apontadas no relatório estão o afastamento imediato de todos trabalhadores, sejam próprios ou terceirizados, a realização de um programa de vigilância epidemiológica – para investigar a concentração de casos – e, a manutenção da testagem periódica de todos os empregados e isolamento de casos positivos.

Além disso, a mineradora deve tomar medidas para evitar aglomeração, por exemplo, adotar a prática de turnos escalonados, aumentar o distanciamento dos trabalhadores nas vans, criar protocolos sobre a utilização de máscaras e sobre a higienização dos equipamentos e maquinários.

Em nota, a Vale afirma que tomou conhecimento da interdição e imediatamente, ajuizou uma ação anulatória com pedido de liminar, o que foi deferido pelo juiz da 2ª Vara de Itabira, determinando a manutenção de todas as atividades da Vale no complexo. Além disso, a empresa afirma que em todas as suas operações adotou padrões de segurança e colocou em prática diversas ações para proteger seus empregados. “A Vale reforça que tem o compromisso de cuidar da saúde e da segurança de seus empregados, observando rigorosamente todos os protocolos exigidos pelo Ministério da Saúde”, diz o texto. Até o fechamento desta matéria, a Auditoria-Fiscal do Trabalho não havia sido notificada sobre essa decisão. 

Edição: Elis Almeida