Rio Grande do Sul

CORONAVÍRUS

Com piora nos indicadores, quatro regiões do RS passam a ter bandeira vermelha

Regiões devem adotar critérios mais rígidos na abertura de setores do comércio; Porto Alegre também está em alerta

Brasil de Fato | Porto Alegre |
Atualização semanal do modelo; total de casos confirmados no estado é 14.661 e número de óbitos chega a 350 - Divulgação SES SEPLAG

Quatro regiões tiveram piora nos indicadores de contágio do novo coronavírus e passaram da bandeira laranja, que representa risco médio, para a bandeira vermelha, que indica risco alto, no modelo de distanciamento controlado em vigor no Rio Grande do Sul para combater a covid-19. Com isso, as regiões de Caxias do Sul, Santo Ângelo, Santa Maria e Uruguaiana passam a ter critérios mais rígidos na abertura de setores do comércio. A sexta rodada do modelo, divulgada neste sábado (13), entra em vigor nesta segunda-feira (15/6), com vigência no mínimo nas duas próximas semanas para essas quatro regiões.

Conforme aponta o governo estadual, as mudanças decorrem de dois fatores: a contínua piora dos indicadores de propagação e de capacidade do sistema de saúde e a revisão dos indicadores e dos pontos de corte realizada pelo Estado, que tornou o modelo mais sensível à evolução da doença e ampliou as restrições às situações mais críticas da pandemia.

"Os indicadores dessas regiões apuram que há aumento de contágio e menor disponibilidade hospitalar de atendimento. Não é motivo para pânico, mas é um alerta de que precisamos reduzir essa velocidade de contágio para evitar que, lá na frente, haja um colapso do sistema hospitalar. É assim que conseguiremos proteger a todos no nosso Estado. Reforço meu apelo a todos aqueles que estão nessas regiões para que atendam às diretrizes dos protocolos, e a todos que puderem, que fiquem em casa", declarou o governador Eduardo Leite.

Nas regiões com a bandeira vermelha, podem abrir apenas serviços essenciais, com 50% dos funcionários. Restaurantes e lancherias só podem funcionar com sistema de tele-entrega, drive-thru e pegue e leve. Em shoppings, apenas lojas de serviços essenciais como farmácias, lavanderias e supermercados podem abrir somente com 25% dos trabalhadores. Aulas devem ser mantidas de forma remota e cursos devem permanecer fechados. Academias, missas e serviços religiosos, clubes sociais e esportivos (mesmo que com atendimento individual), e serviços de higiene pessoal, como cabeleireiro e barbeiro, ficam vedados.

Bandeiras laranja e amarela

Já a região de Bagé passou de bandeira amarela para laranja, e a região de Santa Cruz do Sul obteve melhora nos indicadores, indo de bandeira laranja para amarela. As demais regiões não tiveram alteração na classificação final, sendo que as regiões de Taquara, Pelotas e Cachoeira do Sul permanecem em bandeira amarela.

Na semana passada, o governador anunciou mudanças no modelo de distanciamento controlado. Foram diminuídas as margens de avanço dos indicadores observados pelo modelo para mudança de bandeiras, o que tornou mais fácil regiões alcançarem bandeiras vermelha e preta (os dois níveis mais graves). Por outro lado, facilita redução da bandeira laranja para amarela (o menor nível) em regiões com a situação mais controlada.

Indicadores pioram no RS

O Rio Grande do Sul vem registrando piora nos indicadores em relação à pandemia. O número de novos registros de hospitalizações por covid-19 nos últimos sete dias, comparado à semana anterior, apresentou aumento de 32,8%, passando de 241 para 320. O mesmo se observa com o número de internados por síndrome respiratória aguda grave (SRAG) em UTIs, que subiu de 280 para 365 internações – crescimento de 30,4%.

Na macrorregião Metropolitana, as regiões de Porto Alegre, Canoas, Novo Hamburgo e Capão da Canoa se mantêm em situação de alerta. Apesar de permanecerem com bandeiras laranja, as quatro regiões apresentaram piora nos indicadores de propagação na última semana.

Impulsionados pelo crescimento do número de registros de hospitalizações confirmadas para covid-19 entre as duas últimas semanas, as regiões de Porto Alegre e de Capão da Canoa atingiram bandeiras preta no indicador – de 58 para 89 em Porto alegre, e de três para dez em Capão da Canoa.

Apesar dos aumentos na propagação da covid-19 e por SRAG, a macrorregião Metropolitana permaneceu em bandeiras amarela e laranja devido à elevada capacidade de atendimento do sistema de saúde.

Porto Alegre vai ampliar restrições

Com o aumento dos pacientes internados por covid-19 em leitos de UTI na capital, a prefeitura de Porto Alegre, além de paralisar novas flexibilizações previstas para esta semana, aumentou as restrições, suspendendo atividades do comércio cujo faturamento é igual ou superior a 4,8 milhões de reais por ano, além de reduzir atividades de restaurantes e academias.

O decreto será publicado ainda hoje e as medidas passam a valer a partir de terça-feira (16). Conforme o prefeito Nelson Marchezan Junior (PSDB), a preocupação não ocorre em razão do número de internados em UTI, mas pela velocidade recente do crescimento. “Porto Alegre estabilizou os números por dois meses”, ressaltou ele. Contudo, nas contas do Executivo, a recente demanda, faria com que até o dia 30 deste mês estivessem ocupados todos os 174 leitos de UTI destinados a pessoas com o novo coronavírus. E a partir daí começa a impactar o sistema de saúde como um todo.

“Não há superocupação de leitos, a questão é a velocidade de casos. Isso é mais importante que o número de leitos. Existem várias outras referências, outros números, que nos ajudam a ler o cenário, mas este é o principal”, afirmou Marchezan, em uma live na noite de ontem. “Nós estamos retornando do cenário do dia 20 de maio ao cenário do dia 5 de maio”, explicou ele, referindo-se aos decretos já publicados até aqui. O prefeito voltou a afirmar que não estão descartadas “outras decisões” restritivas.

Números da pandemia

Neste domingo, o Rio Grande do Sul registrou 43 novos casos da covid-19. Nas últimas 24 horas foram confirmados 6 óbitos. O total de casos confirmados no estado é 14.661 e o número de óbitos chegou à marca dos 350. O número estimado dos recuperados é de 12.233 (83% dos casos). As informações são da Secretaria Estadual da Saúde (SES),

Em Porto Alegre, conforme dados da Secretaria Municipal de Saúde, 2.122 moradores já se contaminaram com o novo coronavírus, dos quais 838 já receberam alta médica. Dos 1.217 casos ativos, além dos 77 que estão em tratamento intensivo, outros 100 estão em enfermarias de hospitais da Capital. Na manhã desta segunda-feira, a SMS confirmou o falecimento da 54ª vítima da doença na cidade.

Brasil tem 867.624 mil casos confirmados e 43.332 mortes por coronavírus

Os dados mais recentes, atualizados neste domingo (14) pelo Conselho Nacional de Secretarias de Saúde (Conass) contabilizam 43.332 mortes por complicações decorrentes da covid-19 desde o início da pandemia. O total de casos testados e que deram positivo para a doença é de 867.624 pessoas. Nas 24 horas contabilizadas entre as 16h de sábado (13) e as 16h deste domingo, foram registrados pelas secretarias estaduais de saúde 17.110 novos contágios testados e 612 mortes.

Na sexta-feira (12), o Brasil se tornou o segundo na lista das nações que mais registram óbitos em todo o mundo, superando o Reino Unido, onde já morreram 41.783 pessoas. O país está atrás apenas dos Estados Unidos, que registra 2.090.358 casos da doença e 115.645 mortes. Caso o ritmo atual se mantenha, o Brasil terá um milhão de infectados ainda na terceira semana de junho. 

* Com informações do Governo do RS e do Matinal News.

Edição: Marcelo Ferreira