Brasil em alerta

Após 51 mil mortes e alerta da OMS, Bolsonaro volta a minimizar pandemia da covid-19

Casos ultrapassam 1,1 milhão e OMS estima que dados brasileiros podem ser ainda piores com a falta de testes em massa

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |

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Cidades brasileiras mudam a rotina por causa do vírus, mas Bolsonaro continua minimizando pandemia. - Carlos Bassan/ Fotos Públicas

O Brasil tem oficialmente 1.106.470 infectados pela covid-19, de acordo com dados do Conselho Nacional das Secretarias de Saúde, divulgados nesta segunda-feira (22). Desde domingo (21) foram confirmados 21.597 novos pacientes com a doença. Na semana passada o país chegou a registrar mais de 54 mil novos casos no período de um dia. 

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Ainda segundo o Conass, a soma de mortes causadas pelo coronavírus chega a 51.271. Somente nas 24 horas entre os dias 21 e 22  foram 663 novos registros de óbitos. A taxa de letalidade da doença no Brasil está em 4,6%.

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Para OMS, Brasil pode ter cenário ainda mais crítico

O diretor de emergências da Organização Mundial de Saúde (OMS), Michael Ryan, declarou nesta segunda-feira (22) que, por causa da falta de testes, é possível que os dados do Brasil estejam subnotificados. Na semana passada o país foi o que mais registrou novos casos em todo o mundo.

"Ainda há um número relativamente baixo de testes em relação à população. Esse alto número de casos não reflete testagem exaustiva, mas provavelmente subestima os números reais.”

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Ryan ressaltou que o país segue a tendência preocupante da América Latina, que registrou crescimento de 25% no número de casos na semana passada.

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Fiocruz também alerta

De acordo com dados do sistema InfoGripe, da Fiocruz, na Semana Epidemiológica 24 (7 a 13 de junho) todas as regiões do Brasil apresentaram números “muito altos” de mortes e casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG). 

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Foram pelo menos 200 mil confirmações da síndrome e mais de 94% testaram positivo para a covid-19.  O levantamento mostra ainda que quase 38 mil pessoas morreram por causa da SRAG no período. Em 98,5% dos óbitos foi identificada a presença do coronavírus.

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O coordenador do InfoGripe, Marcelo Gomes, afirmou que, do ponto de vista epidemiológico, a flexibilização das medidas de distanciamento social facilita a disseminação de vírus respiratórios e, portanto, podem levar a uma retomada do crescimento no número de novos casos.

“É importante destacar que, para fins de embasamento de ações relacionadas a distanciamento social, é fundamental analisar os presentes dados em conjunto com a taxa de ocupação de leitos das respectivas regionais de saúde, uma vez que o número de novos casos semanais de SRAG ainda se encontra elevado mesmo nos estados que apresentaram queda"

Bolsonaro volta a minimizar pandemia 

Mesmo frente aos números, Jair Bolsonaro (sem partido) afirmou que houve “um pouco de exagero” nas medidas de combate a pandemia. O capitão reformado voltou a defender a abertura do comércio. Sem explicar do que estava falando, ele citou supostas novas informações do mundo todo, que demonstrariam esse exagero.

"A gente apela aqui aos senhores governadores e prefeitos que obviamente com responsabilidade comecem a abrir o comércio. Porque novas informações vêm do mundo todo, vêm da OMS, através dos seus equívocos, que talvez tenha havido um pouco de exagero no trato dessa questão lá atrás.”

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O Brasil é hoje o segundo país do mundo em número absolutos de casos e óbitos por causa do covid-19. Mais de 12% dos infectados de todo o planeta estão em solo brasileiro. Globalmente já são mais de nove milhões de infectados e o total de pessoas que perderam a vida por causa da pandemia está acima de 460 mil. O Brasil é o segundo com mais registros absolutos de casos e mortes da doença.

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O que é o novo coronavírus?

É uma extensa família de vírus causadores de doenças tanto em animais como em humanos. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), em humanos, os vários tipos de vírus podem provocar infecções respiratórias que vão de resfriados comuns, como a síndrome respiratório do Oriente Médio (MERS), a crises mais graves, como a síndrome respiratória aguda severa (SRAS). O coronavírus descoberto mais recentemente causa a doença covid-19.

Como ajudar quem precisa?

A campanha “Vamos precisar de todo mundo” é uma ação de solidariedade articulada pela Frente Brasil Popular e pela Frente Povo Sem Medo. A plataforma foi criada para ajudar pessoas impactadas pela pandemia da covid-19. De acordo com os organizadores, o objetivo é dar visibilidade e fortalecer as iniciativas populares de cooperação.

Edição: Rodrigo Chagas