Rio Grande do Sul

CORONAVÍRUS

Porto Alegre e mais quatro regiões ficam em vermelho no distanciamento controlado

Caso seja confirmado, regiões terão que adotar maiores restrições na abertura do comércio e circulação de pessoas

Brasil de Fato | Porto Alegre |
Bandeiras definitivas serão anunciadas nesta segunda-feira após governo avaliar recurso dos municípios - Divulgação SES SEPLAG

Devido à piora nos indicadores de propagação da covid-19 e da capacidade de atendimento do sistema de saúde, cinco regiões migraram da bandeira laranja para a bandeira vermelha na sétima rodada do distanciamento controlado, modelo usado pelo governo do Rio Grande do Sul para o enfrentamento da covid-19. São elas as regiões de Capão da Canoa, Novo Hamburgo, Canoas, Porto Alegre e Palmeira das Missões. Já as Regiões de Pelotas, Cachoeira do Sul e Santa Cruz do Sul passaram da amarela para a laranja.

O mapa preliminar foi divulgado pelo governador Eduardo Leite em transmissão ao vivo pela internet no fim da tarde deste sábado (20). Com as mudanças no modelo, agora as associações de municípios tem um prazo para apresentar recurso. Nesta segunda-feira (22), o Gabinete de Crise fará nova análise e divulgará à tarde as bandeiras definitivas, que serão vigentes de 23 a 29 de junho.

Com o avanço da doença, o Rio Grande do Sul apresenta uma predominância de bandeiras laranja e vermelha. Ao todo, 12 das 20 regiões sofreram mudanças nesta rodada. Contudo, segue sem nenhuma bandeira preta (risco altíssimo).

Quatro regiões tiveram redução de risco: Caxias do Sul e Uruguaiana, que eram as duas únicas regiões com bandeira vermelha após revisão de dados pelo governo, apresentaram melhora em indicadores e migraram para bandeira laranja. As regiões de Bagé e Santa Rosa também progrediram, saindo da bandeira laranja para amarela.

As demais regiões não tiveram alteração na sua bandeira final, sendo que apenas a região de Taquara manteve bandeira amarela entre as duas semanas.

Indicadores da sétima rodada

O número de novas hospitalizações por covid-19, nos últimos sete dias, comparado com a semana anterior, apresentou aumento de 55%, passando de 320 para 496. O mesmo se observa com o número de internados em leitos clínicos para covid-19, que passou de 254 para 386 internações – crescimento de 52%.

O agravamento também é observado no número de casos ativos na última semana, em que passou de 1.456 para 2.402. Por fim, com relação ao número de leitos de UTI livres no último dia, o quantitativo passou de 594 para 600, demonstrando a abertura de novos leitos de UTI no Estado.

Curva ascendente na Região Metropolitana

“Na Região Metropolitana, fica bem claro que estamos vivenciando um momento bem delicado. Desde o início de junho, estamos com uma curva ascendente de casos confirmados de covid em UTI. Por isso, todos precisam ter muita atenção e adotar cuidados mais rigorosos, tanto os cidadãos como as prefeituras, para que se estabilize essa disseminação do vírus. Precisamos interromper esse crescimento, porque senão vai levar a uma saturação da capacidade de atendimento”, disse Leite.

Conforme o governador, o Estado está finalizando a 25ª semana epidemiológica e, tradicionalmente, no início de julho (quando será a 27ª semana epidemiológica) ocorre o pico da demanda de internações por Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) no RS. Portanto, se torna especialmente importante conter a disseminação do coronavírus.

“Para garantir que haja atendimento a todos, reforço o pedido à população gaúcha para redobrarem os seus cuidados em relação à higiene, uso da máscara, álcool gel, lavar as mãos constantemente. Se todo mundo se cuidar e atender aos protocolos, conseguiremos passar por esse momento que é o mais sensível que vivemos no Estado. Não podemos relaxar nos cuidados agora nem expormos a nós mesmos e os nossos familiares ao risco sem necessidade”, destacou Leite.

Resumo da semana

O número de novos registros de hospitalizações SRAG de confirmados covid aumentou 55% entre as duas últimas semanas (320 para 496);

O número de internados em UTI por SRAG aumentou 2,7% no Estado entre as duas últimas sextas-feiras (365 para 379);

O número de internados em leitos clínicos com covid no RS aumentou 52% entre as duas últimas sextas-feiras (255 para 386);

O número de internados em leitos de UTI com covid no RS aumentou 9,9% entre as duas últimas sextas-feiras (232 para 255);

O número de leitos de UTI adulto livres para atender covid no RS aumentou 1% entre as duas últimas sextas-feiras (de 594 para 600);

O número de óbitos por covid-19 aumentou 54% entre as duas últimas semanas (de 56 para 86).

As regiões com maior número de novos registros de hospitalizações nos últimos 7 dias, por local de residência do paciente, são Porto Alegre (137), Caxias do Sul (76), Passo Fundo (33), Novo Hamburgo (61) e Santa Maria (49).

O que muda com a bandeira vermelha

ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Redução no teto de operação (número máximo permitido de trabalhadores presentes ao mesmo tempo no ambiente de trabalho, aplicado a serviços com quatro ou mais trabalhadores) dos serviços públicos não essenciais, restrito a 25% dos trabalhadores.

Serviço de habilitação de condutores com operação restrita a apenas 50% dos trabalhadores.

Serviços públicos essenciais, como segurança e manutenção de ordem pública, política e administração do trânsito, bem como atividades de fiscalização e inspeção sanitária, não têm a operação afetada com a bandeira vermelha.

AGROPECUÁRIA

Produção e serviços relacionados à agricultura, pecuária e produção florestal sofrem redução no teto de operação a 50% dos trabalhadores.

ALOJAMENTO E ALIMENTAÇÃO

Restaurantes, padarias e lanchonetes deixam de operar na modalidade presencial, ofertando serviços apenas por meio de tele-entrega, pegue e leve ou drive-thru.

Hotéis, por sua vez, passam a operar com apenas 40% dos quartos disponíveis.

COMÉRCIO

Na bandeira vermelha, o comércio de rua e em centros comerciais ou shopping é suspenso, e os estabelecimentos devem ficar fechados. O mesmo ocorre para o comércio de veículos.

Somente poderão operar estabelecimentos que comercializem itens essenciais, como medicamentos, produtos de higiene pessoal, alimentação e transporte. Mesmo assim, farmácias, supermercados e postos de gasolina têm operação reduzida a 50% dos trabalhadores.

Serviços de manutenção e reparação de veículos automotores passam a operar com apenas 25% dos trabalhadores.

Comércio atacadista de itens não essenciais deixa de atender na modalidade presencial. O teto de operação é reduzido a 25% dos trabalhadores, com atendimento exclusivo via tele-entrega, pegue e leve ou drive-thru.

EDUCAÇÃO

A partir do dia 15 de junho, algumas atividades de ensino serão retomadas nas bandeiras laranja e amarela. Na bandeira vermelha, portanto, as atividades de cursos livres ficam suspensas. Nas universidades, somente são mantidas em funcionamento na bandeira vermelha as atividades de laboratório necessárias à manutenção de seres vivos. Demais atividades de ensino seguem na modalidade remota, exclusivamente.

INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO

Construção de edifícios, obras de infraestrutura e serviços de construção, por serem considerados essenciais, sofrem apenas redução na operação, passando de 100% para 75% dos trabalhadores na bandeira vermelha.

INDÚSTRIA DE TRANSFORMAÇÃO E EXTRATIVA

Passam a operar com apenas 50% dos trabalhadores, à exceção das consideradas essenciais, como alimentação, bebidas, fármacos e de extração de petróleo e minerais, que têm o teto reduzido de 100% para 75% de trabalhadores.

Para atender a essa restrição no total de trabalhadores presentes ao mesmo tempo no estabelecimento, sugere-se que, além do teletrabalho, as indústrias adotem regimes de escala, rodízio e/ou turnos alternativos para a manutenção da produção.

SAÚDE

No campo da saúde, vital ao enfrentamento da pandemia, os serviços não são afetados. No entanto, recomenda-se a postergação de consultas eletivas.

Serviços de veterinária, porém, têm a atividade reduzida para 50% dos trabalhadores.

SERVIÇOS

Com a bandeira vermelha, ficam fechadas todas as atividades relacionadas à arte, cultura e lazer, incluindo academias de ginástica, clubes sociais e esportivos.

Ficam vedadas também as atividades de captação de áudio e vídeo em teatros e casas de espetáculo, de empréstimo e consulta de itens em museus, bibliotecas e acervos, bem como os ateliês de arte, os quais recentemente foram liberadas nas bandeiras amarela e laranja em teatros.

Parques, jardins botânicos e zoológicos são fechados para atendimento ao público, sendo permitida a operação de 50% dos trabalhadores para manutenção dos espaços e seres vivos.

Serviços religiosos em templos igrejas e similares ficam fechados, não podendo receber o público de fiéis. No entanto, segue sendo permitida a captação de áudio e vídeo dos serviços religiosos, como missas.

Serviços de higiene pessoal (cabeleireiro e barbeiro) não podem abrir na bandeira vermelha, assim como agências de viagens.

Serviços de imobiliários, de consultora e administrativos passam a atender somente via teleatendimento, com no máximo 25% dos trabalhadores presentes no estabelecimento.

Serviços bancários e de advocacia permanecem com atendimento presencial restrito, com no máximo 50% dos trabalhadores.

Por fim, serviços de lavanderia e de reparo e de manutenção de objetos, considerados essenciais, permanecem abertos aos clientes, mas com teto de operação reduzido a 25% dos trabalhadores.

SERVIÇOS DE INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO

Serviços de edição e edição integrada à mídia impressa, bem como de produção de vídeos e programas de televisão, seguem autorizados a funcionar, com teto de operação reduzido a 50% dos trabalhadores. A atividade de rádio e televisão, porém, não sofre alteração, seguindo com operação de 75% dos funcionários.

SERVIÇOS DE UTILIDADE PÚBLICA

Serviços de utilidade pública não sofrem alteração na operação com a vigência da bandeira vermelha, dado sua essencialidade. Seguem atuando com 100% dos trabalhadores.

No entanto, mesmo com 100% de operação permitida, esses estabelecimentos devem respeitar o número máximo de pessoas por ambiente permitido com o distanciamento mínimo obrigatório entre pessoas, isto é, respeitar o teto de ocupação.

Em escritórios pequenos, o limite de ocupação de um ambiente pode levar a um estabelecimento ter menos trabalhadores atuando presencialmente de forma simultânea, mesmo com a operação de 100% autorizada.

TRANSPORTES

O transporte de passageiros passa a operar com apenas 50% dos assentos da janela disponíveis. Sendo ambiente de aglomeração e propenso à disseminação do vírus, esse protocolo de operação deve ser estritamente respeitado nas bandeiras de maior risco.

* Com informações do Governo do RS

Edição: Marcelo Ferreira