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Artigo | Resíduo zero e a luta contra a incineração?

Temos que praticar uma gestão resíduo zero, caminho de proteção planetária, baseada na não geração, reuso e reciclagem

Porto Alegre | BdF RS |
A incineração tira responsabilidade dos geradores, além de inviabilizar participação popular e não permitir a reciclagem e a geração de trabalho e renda - Divulgação

Incineração é a queima dos resíduos sólidos, principalmente papeis e plásticos, transformando tudo em cinzas altamente contaminadas, além de fumaça com metais pesados e milhares de partículas persistentes causadoras de câncer, chamados de dioxinas e furanos. A maioria imperceptível aos nossos olhos. Desta forma, a incineração não elimina o aterro sanitário e nem a poluição. Além de contribuir com o aquecimento global, a incineração acelera as mudanças climáticas causadoras dos ciclones, grandes tempestades e outras mudanças do clima que causam inundações, deslizamentos e outras adversidades que matam milhares de pessoas todos os anos no planeta.

A Europa está se desfazendo desta tecnologia, ela custa cinco vezes mais que a reciclagem, sendo que a parte mais cara está no tratamento da fumaça e cinzas. Empresários querem vender a incineração como uma ideia de recuperação energética, mas na verdade, a incineração é a perda de energia, pois perde a matéria produzida a qual teve um alto investimento em energia, trabalho e ciência que mobilizam diversas áreas do conhecimento.

O plástico vem do petróleo, o qual teve que ser encontrado, extraído, beneficiado e refinado, transportado, lembrando que estamos prestes a viver uma crise global energética e o petróleo é o principal agente além de já ser disputado em guerras. O papel vem das árvores formadoras de verdadeiros desertos verdes, aqueles que praticamente destroem o solo em apenas 3 cultivos, sendo que a área plantada tem que ser desmatada e os animais – os poucos que sobrevivem, tem que procurar abrigos se deslocando de seus habitats, causando diversas mudanças nos ciclos da natureza. 

Considere ainda a importância destas matérias em nossas vidas, seja em proteção de alimentos, utensílios, conforto, proteção da saúde, documentos, livros, enfim, uma infinidade de produtos que transformaram as nossas vidas – esquecidos, apagados, eliminados pela incineração – logo, a reposição da matéria teria que refazer este ciclo de destruição novamente, levando a natureza a incapacidade de repor tudo aquilo que usamos, aniquilando de fato o planeta.

A incineração tira responsabilidade dos geradores, não permite as mudanças necessárias para que possamos minimizar os impactos destrutivos do planeta, além de inviabilizar participação popular, não permite a reciclagem, a geração de trabalho, renda e ocupação de milhares de catadoras e catadores além de outros trabalhadores do setor de reciclagem, além de ser altamente concentradora de riquezas, contribuindo com a miséria no mundo.

Temos que praticar uma gestão resíduo zero, um caminho de proteção planetária, baseada na não geração, reuso e reciclagem – se os resíduos não tiverem como serem reaproveitados desta forma, então não devem nem ser gerados. Os orgânicos devem ser compostados, para adubar a terra, apoiar o crescimento da vida, das plantas, contribuir com os ciclos da natureza e ainda gerar energia através de Bio-digestão. Distribuindo o conhecimento, as riquezas e as responsabilidades entre todas e todos. 

Se juntem a nossa luta, neste movimento em defesa da natureza, neste movimento resíduo zero. 

* Dirigente do Movimento Nacional das Catadoras e Catadores de Materiais Recicláveis – MNCR
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Edição: Katia Marko