Rio Grande do Sul

Indígenas em risco

CNBB apela a parlamentares para que derrubem vetos de Bolsonaro ao PL 1142/2020

Projeto que atende demandas emergenciais de indígenas, quilombolas e povos tradicionais foi esfacelado pelo presidente

Brasil de Fato | Porto Alegre (RS) |
Povos tradicionais estão ameaçados pela covid-19 e pela postura genocida do presidente Bolsonaro - Divulgação CNBB

Os vetos aplicados por Jair Bolsonaro ao projeto de Lei 1142/2020, que visava atender às demandas emergenciais de indígenas, quilombolas e demais comunidades tradicionais expostas aos riscos da pandemia de covid-19, seguem sendo pauta de manifestações dos mais diversos segmentos da sociedade civil organizada. Na segunda-feira (13), foi a vez da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) divulgar uma “Carta aberta ao Congresso Nacional” para solicitar que Câmara e Senado analisem e derrubem o mais breve possível os vetos aplicados pelo presidente, que de forma concreta esfacelam o texto proposto pelas duas casas legislativas.

Na carta, a entidade afirma ter sido louvável o processo de aprovação, no Legislativo Federal, do Plano Emergencial para Enfrentamento à Covid-19 nos Territórios Indígenas, comunidades quilombolas e demais povos e comunidades tradicionais. Segundo a CNBB, o texto é fruto dos esforços coletivos de parlamentares, representações das comunidades tradicionais e organizações da sociedade civil.

A CNBB afirma, no documento, que foi com indignação e repudio que tomou conhecimento, no último dia 7 de julho, que o presidente da República sancionou a lei com 16 vetos. Ao manifestar sua avaliação, a entidade cita a posição do Papa Francisco, expressa no documento Laudato Si, colocando que esses vetos são eticamente injustificáveis e desumanos pois "negam direitos e garantias fundamentais à vida dos povos tradicionais, como por exemplo o acesso a água potável e segura, que 'é um direito humano essencial, fundamental e universal, porque determina a sobrevivência das pessoas e, portanto, é condição para o exercício dos outros direitos humanos'".

A CNBB afirma ainda que os vetos do governo atentam contra a Constituição Federal uma vez que, “ao abolir a obrigação de acesso à água potável e material de higiene, de oferta de leitos hospitalares e de terapia intensiva, de ventiladores e máquinas de oxigenação sanguínea, bem como outros aspectos previstos no PL 1142/2020, como alimentação e auxílio emergencial, os vetos violam o princípio da dignidade da pessoa humana (CF, art. 1º, inc. III), do direito à vida (CF, art. 5º, caput), da saúde (CF, arts. 6º e 196) e dos povos indígenas a viver em seu território, de acordo com suas culturas e tradições (CF, art. 231)”.

:: Confira a Carta Aberta da CNBB ao Congresso Nacional ::

Para saber mais

O PL nº 1142, convertido em Lei 14.021, dispõe sobre medidas de proteção social para prevenção do contágio e da disseminação da covid-19 nos territórios indígenas; cria o Plano Emergencial para Enfrentamento à Covid-19 nos territórios indígenas; estipula medidas de apoio às comunidades quilombolas, aos pescadores artesanais e aos demais povos e comunidades tradicionais para o enfrentamento à Covid-19; e altera a Lei nº 8.080, de 19 de setembro de 1990, a fim de assegurar aporte de recursos adicionais nas situações emergenciais e de calamidade pública.

(*) Com informações do site da CNBB

Edição: Marcelo Ferreira