Rio Grande do Sul

COVID-19

Para CUT-RS, projeto Testar-RS está aquém das necessidades de testagem

O projeto foi apresentando em uma audiência virtual promovida pelo Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região

Brasil de Fato | Porto Alegre |
Em convênio com iniciativa privada, projeto Testar RS, pretende passar de 1 mil testes para 4 mil - Tânia Rêgo/Agência Brasil

O projeto Testar-RS foi apresentado pelo governador Eduardo Leite, na última sexta-feira (17), durante a segunda audiência virtual promovida pela desembargadora Ana Luiza Heineck Kruse, do Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região (TRT-4). Na avaliação da Central Única dos Trabalhadores (CUT-RS), o projeto está muito aquém das necessidades de testagem imediata de todos os trabalhadores da Saúde para covid-19 no Rio Grande do Sul.

A primeira etapa do projeto está prevista para começar ainda em julho e prevê a ampliação da testagem por meio do exame RT-PCR (que detecta a presença do vírus no organismo). A meta é chegar a mais 3 mil exames diários na segunda etapa, entre agosto e setembro.

O encontro foi o resultado da ação ajuizada no dia 8 de julho pela CUT-RS e Federação dos Empregados em Estabelecimentos de Saúde (Feessers) contra as federações patronais que representam hospitais, santas casas e municípios, cobrando a testagem de todos os trabalhadores da Saúde.

Ao expor o projeto, as procuradoras do Estado, Andréia Über Espiñosa e Aline Fayh Paulitsch, explicaram que o projeto Testar-RS, da Secretaria Estadual de Saúde (SES), visa fazer a testagem da população, com ênfase nos locais de acolhimento de idosos e trabalhadores de Saúde sintomáticos e não sintomáticos que tiveram contato com pessoas sintomáticas.

Na ocasião a desembargadora do TRT-4 e a procuradora Beatriz Junqueira Fialho, do Ministério Público do Trabalho, sugeriram que poderia haver uma adesão dos empregados da Saúde e dos hospitais ao projeto, buscando ampliá-lo em relação ao número de pessoas envolvidas e também antecipando o início de sua implantação em relação aos trabalhadores da Saúde.

Se demorar para testar, pode ser tarde demais

O presidente da CUT-RS, Amarildo Cenci, ressalta que já foram quatro mortes de trabalhadores da Saúde no Estado e centenas estão infectados. "Não estamos diante de uma 'gripezinha', como disse o presidente genocida. Os números de vítimas da doença não param de crescer no RS e, mais do que nunca, a testagem de todos os trabalhadores da Saúde é fundamental”, critica. Para ele, as metas do governo não atendem a expectativa das entidades sindicais. "Se demorar para testar, pode ser tarde demais. Quem salva vidas não pode morrer”, afirma Amarildo.

Por sua vez o presidente da Feessers, Milton Kempfer, pontuou que "neste momento crítico, o projeto poderá se mostrar uma possibilidade real de ampliar a testagem, via teste seguro do PCR". Ele afirma que a iniciativa vai proporcionar "conhecer como está a situação dos profissionais, quem já teve, quem está e quem ainda não contraiu o vírus e como o vírus circula nos ambientes hospitalares”.

Com o intuito de buscar um entendimento e analisar as possibilidades de sua extensão aos trabalhadores da Saúde, as procuradoras do Estado comprometeram-se em agendar uma reunião entre as entidades sindicais e as federações patronais até a próxima sexta-feira (24). Ao final, a desembargadora do TRT-4 marcou uma nova rodada de mediação para o próximo dia 27 de julho, às 17h.

Participantes

Pelos trabalhadores, além de Amarildo e Milton, participaram o secretário de Saúde do Trabalhador e o secretário de Relações de Trabalho da CUT-RS, Alfredo Gonçalves e Paulo Farias, respectivamente, a presidente do Sindicato dos Enfermeiros do RS, Cláudia Franco Ribeiro, a presidente do Sindicato dos Servidores Municipal de Caxias do Sul, Silvana Piroli, e os presidentes dos Sindicatos dos Trabalhadores da Saúde do RS, Júlio Jensian, do Vale dos Sinos, Andrei Rex, e de Passo Fundo, Terezinha Perissinotto.

Também compareceu a procuradora do Conselho Regional de Enfermagem (Coren-RS), Ana Cristina Bellio.

As entidades patronais foram representadas pela Federação dos Hospitais e Estabelecimentos de Saúde do RS (Fehosul), Federação das Santas Casas e Hospitais Filantrópicos do RS e Federação dos Municípios do RS (Famurs).

*Com informações da CUT-RS e  Feessers.

Edição: Marcelo Ferreira