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Em Aratiba, acesso universal à internet salva vidas e garante segurança

Na cidade gaúcha que faz divisa com Santa Catarina, o acesso a internet é considerado política pública da prefeitura

Brasil de Fato /Porto Alegre |
Em 2019, a internet de fibra ótica foi universalizada nas áreas rurais e urbana do município - Divulgação

Internet de banda larga para todas as famílias de um município é um sonho da maioria das comunidades nestes tempos de pandemia de coronavírus. Mas em uma pequena localidade do Rio Grande do Sul isso já é uma realidade. Os 6,5 mil habitantes de Aratiba, na divisa com Santa Catarina, já dispõem deste serviço, propiciado pela prefeitura desde 2019. 

O prefeito Guilherme Granzotto (PT) entendeu que esta era uma política de Estado e, com a participação da comunidade, realizou esta obra a um custo relativamente baixo, demonstrando a viabilidade da universalização do sinal de qualidade da rede de comunicação. “Hoje todos os cidadãos da Aratiba, pobres ou remediados, podem acessar a rede. Os mais pobres gratuitamente nas comunidades e os com mais recursos em suas próprias casas através da fibra ótica colocada pela municipalidade”, diz ele com orgulho.

Em uma live da Rede Soberania e do Brasil de Fato RS, na quarta-feira (5), o jornalista Celso Schröder, diretor da Federação Nacional dos Jornalistas e da Federação Internacional de Jornalistas, disse que este é um sonho acalentado desde o ano 2000 pelos comunicadores de todo o planeta, infelizmente barrado pelas políticas monopolistas que favorecem as grandes redes de telefonia. Schröder disse que "Granzotto é um gestor com uma visão de futuro que procurou garantir à população de sua cidade uma tecnologia necessária e contemporânea".

Uma política pública


Internet chega em toda a área rural de Aratiba / Divulgação

Na mesma ocasião o secretário de Administração de Aratiba, ex-deputado estadual Ivar Pavan, explicou que esta foi uma escolha política. “Para nós a internet em todas as casas deveria ser uma política pública, era uma maneira de fazer com que os jovens permanecessem na atividade de agricultura familiar, principal atividade econômica da região”. Segundo ele, assim que assumiram, contataram com uma cooperativa da região, a Cresol, que ajudou a bancar o projeto e financiou a parcela dos munícipes, cerca de R$ 2 milhões, e a prefeitura investiu um milhão de reais para estender a fibra ótica a 37 comunidades.

Cada comunidade tem uma lan house onde os jovens e idosos têm acesso a internet gratuitamente. “Já os que quiseram ter em suas casas tiveram que pagar pela fibra ótica numa política de rateio que custou R$ 1,5 mil para cada casa, financiados em diversas parcelas a juros do Pronaf (4 % ao ano) pela cooperativa”. O investimento trouxe também mais segurança para todos, “uma vez que fizemos o cercamento eletrônico de todas as entradas e saídas do município instalando câmeras conectadas com um centro de monitoramento operado pela Brigada Militar. Hoje em dia nenhum ladrão se atreve a assaltar um banco em Aratiba”, afirma Granzotto.

O prefeito disse ainda que alguns opositores disseram que ele fez isso para usar na campanha durante a pandemia, só não explicam porque a instalação foi anterior ao aparecimento da doença. “A instalação desta rede tem custo, mas o retorno é imensurável “garante ele lembrando que agora, além de manter as pessoas informadas, a rede serve para salvar vidas ameaçadas pelo coronavírus.

“Antes da internet estar instalada com fibra ótica e todas as tecnologias mais atualizadas, Aratiba tinha internet somente na área urbana e por ondas de rádio, cuja velocidade era baixíssima”, explica Pavan, que destaca que, para cumprir o slogan de campanha, “governar para todos “, a prefeitura providenciou a instalação. “Tudo foi debatido pela comunidade e com a cooperativa, nada foi decidido de cima para baixo, autoritariamente", conta o prefeito. E conclui: "hoje podemos nos orgulhar de ser o primeiro município brasileiro a ter internet com acesso universal”.

Edição: Marcelo Ferreira