Rio Grande do Sul

DENÚNCIA

Empresa Perto, de Gravataí, estaria negligenciando surto de covid-19

Informações obtidas pela Oposição Metalúrgica apontam dezenas de casos e ações insuficientes para evitar contaminação

Brasil de Fato | Porto Alegre |
Empresa produz equipamentos de automação bancária e comercial, como caixas eletrônicos e máquinas de pagamento - Eduardo Wolf / Perto

Um surto de covid-19 entre trabalhadores da empresa Perto, do Grupo Digicon, em sua unidade no Distrito Industrial de Gravataí (RS), estaria sendo omitido e negligenciado. De acordo com informações obtidas pela Oposição Metalúrgica, o surto foi constatado pela empresa no dia 20 de julho, mas ela segue funcionando normalmente e sem testagem para os trabalhadores. Além disso, somente depois de 20 dias a Vigilância Sanitária teria ido ao local averiguar a situação.

As informações que vazaram da administração da Perto, com data do dia 21 de julho, confirmam oito casos positivos de covid-19, 23 suspeitos e 27 que tiveram contato com infectados. Conforme N.T. *, “nestes quase 20 dias, a Oposição recebeu denúncias dos operários de novos casos, porém em menor proporção, cerca de três por semana, e de novos afastamentos de suspeitos. Como não há testagem por parte da Perto, e no Sistema Único de Saúde uma testagem demora até 10 dias, esses trabalhadores acabam disseminando vírus entre seus familiares e assim por diante”.


Documento da empresa com números de casos da covid-19 que vazou / Reprodução

A situação foi denunciada à Vigilância Epidemiológica e à SMDET (Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico e Turismo) de Gravataí. O grupo também enviou documento ao Ministério Público do Trabalho (MPT). O objetivo é comunicar os órgãos competentes sobre o que está ocorrendo na fábrica e exigir que tomem as medidas cabíveis a fim de evitar a proliferação de contágios.

A empresa emprega cerca de 1 mil trabalhadores. Há relatos de aglomeração na entrada para os ônibus fretados e nas catracas na entrada da empresa. Conforme a Oposição Metalúrgica, as medidas que a empresa tomou têm sido insuficientes para evitar a contaminação na fábrica e os metalúrgicos estão assustados com a situação, além de terem medo de perder seu emprego caso falem algo internamente.

“É de extrema responsabilidade da fábrica não fazer testes ou não fazer uma quarentena diante de tantos casos, foram 58 afastamentos em um só dia. O que vemos são os patrões preocupados apenas com seus lucros e o prefeito e seus órgãos responsáveis contribuindo com a morte de mais trabalhadores”, afirma N.T. A Oposição Metalúrgica cobra a liberação remunerada dos trabalhadores que têm contato próximo com os infectados e realização de ampla testagem nos funcionários.

* A fonte pediu para não ser identificada.

Edição: Katia Marko