Rio Grande do Sul

Ataque virtual

Somos, ONG LGBTI+ de Porto Alegre, é alvo de ataques virtuais

Para coordenador da instituição a invasão integra um contexto maior de invasões e ataques de ódio

Sul 21 | Porto Alegre |
"O único motivo que a gente vê para isso é uma motivação LGBTfóbica e acreditamos que era alguém que tinha a intenção de inviabilizar o nosso uso na plataforma" - Guilherme Santos | Sul21

Na madrugada da última sexta-feira (14), a ONG Somos – Comunicação, Saúde e Sexualidade, que existe há cerca de 20 anos e é uma das organizações LGBTI+ mais antigas de Porto Alegre, sofreu ataques virtuais e teve sua conta oficial no Instagram invadida e retirada do ar. O episódio ocorreu apenas três dias após o lançamento de um financiamento coletivo recorrente criado pela Somos com objetivo de quitar os custos fixos mensais da instituição.

Após ter a conta oficial na rede social invadida, a equipe da ONG foi notificada sobre acesso suspeito vindo de Sapucaia, cidade localizada na Região Metropolitana de Porto Alegre, e seguiu com esforços junto ao suporte da rede social para reverter o ataque. Após o esforço, a instituição conseguiu a recuperação do perfil e dos conteúdos postados nos últimos quatro anos.

Segundo o coordenador geral da ONG, Caio Klein, ainda na madrugada de sexta, a equipe se mobilizou para tomar todas as providências possíveis para evitar ataques a outras redes da Somos, como reforçar a segurança de outros perfis e de meios institucionais, assim como da plataforma no financiamento e contas pessoais de que integra a Somos. Também foi realizado pela equipe da instituição um Boletim de Ocorrência na Delegacia de Repressão aos Crimes Informáticos da Polícia Civil, localizada na Capital.

Para Klein, a invasão ao perfil não diz respeito a um caso isolado e nem trata-se de algo pessoal com a ONG, mas integra um contexto maior de invasões e ataques de ódio que vem ocorrendo nos últimos meses na internet. “Não vemos muito motivo para uma pessoa invadir uma conta que não tem tantos seguidores, nem uma proposta comercial. O único motivo possível seria tentar viabilizar nosso trabalho, que na conjuntura atual se dá, principalmente, por meio de redes sociais e online. Então, o único motivo que a gente vê para isso é uma motivação LGBTfóbica e acreditamos que era alguém que tinha a intenção de inviabilizar o nosso uso na plataforma”, explica.

O coordenador ressalta que essa suposição foi reforçada quando, nesta semana, ocorreu um ataque semelhante durante uma audiência pública online realizada pela Articulação Nacional de Aids (Anaids), organização da qual a Somos faz parte. A transmissão, que ocorria ao vivo, foi invadida por diversas contas de usuários que proferiram ofensas de cunho machista e LGBTIfóbico.

“Estamos num contexto reacionário maior. Como hoje em dia a visibilidade se dá muito pela internet, vai ser nesse campo que vamos sofrer esses ataques”, afirma Klein. “No passado já sofremos ataques físicos, tivemos episódios em que, por exemplo, nossa sede foi pichada com suásticas e que recebemos cartas com ameaças. No contexto que estamos agora, é natural que esse tipo de reação ao nosso trabalho aconteça na internet, que é onde estamos tendo visibilidade”, complementa.

Por ser em uma plataforma diferente, a página do financiamento coletivo recorrente lançado pela Somos, assim como os demais canais oficiais de comunicação da ONG, não foi afetada pelo ataque virtual. Klein reforça que o financiamento continua ocorrendo normalmente e que quem quiser colaborar pode optar por doações mensais ou pontuais.

Edição: Sul 21