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Artigo | Carta de um jovem brasileiro ao Che

Che, é preciso amor para curar feridas, ressuscitar nossos mortos e encarrar de frente o inimigo

Porto Alegre | BdF RS |
No dia 9 de outubro de 1967, tropas da Bolívia mataram o líder revolucionário Ernesto Che Guevara.
No dia 9 de outubro de 1967, tropas da Bolívia mataram o líder revolucionário Ernesto Che Guevara. - Reprodução

Che, mesmo depois de tanto tempo, você continua sendo a maior referência para nós, jovens da América Latina. De nós, jovens comunistas do mundo.

Arrepia nosso pelo saber que lutamos pela libertação da nossa gente, da nossa classe. Foi você quem nos ensinou a ter orgulho do nosso povo, do nosso continente.

Quanto mais testamos as saídas para as investidas do Imperialismo em nossos territórios, mais encontramos limites. E isto é muito bom, faz com que a partir do estudo, da dedicação, do diálogo entre nós e das nossas ações encontremos saídas coletivas.

Che, é sempre tão bom encontrar com alguém que acredita nisto. Que acredita que é necessário a defesa da nossa memória, da nossa água, das nossas sementes. Que acredita na força da classe que edificou o mundo. Que acredita que um dia, nesta terra arrasada, se reconstrua o que foi outrora usurpado. Aprendemos que somente com o amor que arde em nossos corações poderemos avançar.

O Imperialismo é o mesmo de quando tu fostes arrancado de nós, Che. Eugenistas, assassinos de pobres, anti-cristos. Que adoram propagandear sua humanidade falecida. Mas eles não nos enganam nem por um segundo. Hoje, estão espalhados pelo ar feito vírus. Mas nós, os enxergamos no escuro, porque a injustiça social está escancarada em frente aos nossos narizes. Não só aqui, mas em todo o mundo. E por isso da necessidade de nos tornamos cada dia mais internacionalistas.

Nossa juventude foi surrupiada pela desigualdade. E não somos idiotas. A juventude é um privilégio. Mas foi você quem disse que a mudança é a nossa bandeira. E eis aqui, homens e mulheres, meninos e meninas, rapazes e moças que não fogem da luta. Mesmo que, em muitos momentos nossa luta seja amena, por medo da morte e da peste. Nenhum passo será dado para trás. Seguimos embalados pela canção que faz o povo se levantar contra os opressores: a canção da consciência.

Ontem o brilho da lua foi pintado de sangue. Perdemos tantos irmãos e irmãs em nossa jornada. De valor inestimável. Che, é preciso amor. Para curar feridas, ressuscitar nossos mortos e encarrar de frente o inimigo, mesmo ele estando dentro dos olhos de nossos entes queridos. Porque só o amor à nossa gente poderá fazer nascer a indignação que nos dá força e coragem e que nos mostra o caminho da organização, da disciplina e da unidade.

Tu és para nós, juventude camponesa, uma preciosa semente que devemos guardar e multiplicar em terras férteis. Terra que nós mesmos devemos preparar e zelar. Somos guardiões de uma memória poderosa, de luta, de um presente que exige muito trabalho e de um amanhã de esperança.

Estes tempos não ficarão conhecidos pela tecnologia, nem tão pouco pela globalização, mas sim, pela resistência e vitória dos povos frente ao imperialismo.

* Comunicador Popular, MPA, Rede Soberania

Edição: Katia Marko