Rio Grande do Sul

SAÚDE

Pandemia reduziu pela metade busca por atendimento emergencial em decorrência de AVC

Ignorar os sintomas por receio de frequentar hospitais está entre as causas para diminuição em 50% do uso de tratamento

Brasil de Fato | Porto Alegre |
Santa Casa de Misericórdia possui unidade exclusiva para o atendimento de pacientes que tiveram AVC e alerta para necessidade de tratamento o mais rápido possível - Divulgação

Hoje (29) é o Dia Mundial do Acidente Vascular Cerebral (AVC), data instituída para conscientizar a população sobre a gravidade da doença que atinge mais de 13 milhões de pessoas no mundo todo a cada ano. A Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre, único hospital da capital gaúcha com unidade de atendimento inteiramente dedicada para assistência a pacientes que passaram por AVC, alerta a sociedade sobre um importante impacto causado pelo temor das pessoas em buscarem atendimento médico durante a pandemia: entre os meses de março e junho deste ano, o hospital registrou queda de 20% no número de internações em decorrência de AVCs. Além disso, mais importante, foi reduzido em 50% o uso de tratamento com trombolítico.

Conforme explica o coordenador da Unidade de AVC da Santa Casa, localizada no Hospital São José, o neurologista Alexandre Maulaz, este tratamento deve ser iniciado em até quatro horas e meia após o aparecimento dos primeiros sintomas. “A queda do uso do tratamento com trombolítico representa, muito provavelmente, que durante este período as pessoas estiveram mais receosas para ir até a emergência e, quando decidiram ir após a persistência e aumento dos sintomas, o tempo para o uso deste medicamento já havia passado”, informa o médico.

O trombolítico é capaz de reverter as graves sequelas causadas por um AVC e deve ser usado rapidamente. “Por isso, é fundamental que o tempo de sua aplicação seja respeitado, visto que este é o tratamento ideal para que possamos garantir uma melhor qualidade de vida a esses pacientes. Neste ano, infelizmente, muitas pessoas ficaram receosas em procurar o atendimento de emergência e, quando decidiram ir, já era tarde demais”, completa.

O AVC é o entupimento ou rompimento dos vasos que levam sangue ao cérebro, provocando a paralisia da região afetada no cérebro. Existem dois tipos: o hemorrágico (derrame com rompimento de um vaso cerebral, ocorrendo um sangramento em algum ponto do sistema nervoso) e o isquêmico (derrame com obstrução da artéria, impedindo a passagem de oxigênio para as células cerebrais, que morrem).

De acordo com dados dos Cartórios de Registro Civil do Rio Grande do Sul, as mortes por AVC no RS registraram queda de 6% entre março e maio deste ano, o que pode estar diretamente relacionado ao aumento do número de mortes em domicílio e à dificuldade do diagnóstico exato. Por isso, é necessário prestar atenção aos sintomas e, ao identificá-los, buscar imediatamente por atendimento de emergência.

A Santa Casa possui uma Unidade exclusiva para o atendimento de pacientes que tiveram AVC – sejam eles usuários do SUS, planos de saúde ou particulares -, composta por 10 leitos, onde mais de 20 profissionais de diferentes áreas da saúde prestam atendimento integral e multidisciplinar.

Principais sintomas do AVC

- Diminuição ou perda súbita da força na face, braço ou perna de um lado do corpo;

- Alteração súbita da sensibilidade com sensação de formigamento na face, braço ou perna de um lado do corpo;

- Perda súbita de visão num olho ou nos dois olhos;

- Alteração aguda da fala, incluindo dificuldade para articular, expressar ou para compreender a linguagem;

- Dor de cabeça súbita e intensa sem causa aparente;

- Instabilidade, vertigem súbita intensa e desequilíbrio associado a náuseas ou vômitos.


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Edição: Marcelo Ferreira