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ESPECIAL I A vida sem água

Moradores da periferia de Curitiba relatam as dificuldades em seu dia a dia

Curitiba (PR) |
Moradores de diversas periferias em Curitiba (PR) vem sofrendo com a falta de água - Giorgia Prates

Meta de economia e tomar outras medidas para economizar água durante o racionamento são duras, mas relativamente simples para quem mora em bairros bem abastecidos e que têm caixas de água suficientes para garantir seu consumo nas 36 horas do rodízio na Região Metropolitana de Curitiba. 

Mas a situação complica bastante para quem mora na periferia. No meio de uma pandemia, com necessidade de medidas extras de higiene para sobreviver, com dificuldades para garantir renda e pagar a alimentação e as contas de luz e água, há ainda o rodízio em casas que, na sua maioria, não têm caixas de água.  

Para mostrar essa realidade, a reportagem do Brasil de Fato Paraná ouviu moradores de comunidades na Cidade Industrial de Curitiba, CIC. Os relatos são de dificuldades, mas também de solidariedade. Confira abaixo alguns deles. 

Taís Alexandra  Borges , 32 anos, mãe de 4 filhos 

“O dia que tem água eu faço tudo o que tem que fazer de faxina. Eu não tenho caixa d´àgua, então deixo tudo nos litros e a máquina de lavar cheia para fazer a limpeza da casa. Quando acaba a água, venho aqui na Carla para receber doação de 5 litros, que é para quem tem baixa renda, tem talão de água e luz e é regularizado.” 

Lilian Graziano, mãe de 2 filhos, proprietária de bar 

“A gente tem criança e não tem muita coisa para armazenar a água quando ela volta. Fica muito difícil. Eu acabo deixando mais para beber e comer. Aí, com esse calor, já aconteceu de as crianças ficarem sem banho e também não dá para controlar a água que eles tomam. Não dá para nós três tomarmos banho. 

Sebastião Quirino Araújo, 65 anos, pedreiro  

“Lá no centro eles gastam, lavam calçada, o saguão da frente e a gente sabe que eles gastam porque trabalhamos lá.  Duvido que falte água lá no centro. Agora, por aqui, a água acabou e o jeito é esperar para voltar para se limpar do cimento.” 

Carla Pereira de Almeida, mora com 3 adultos e 1 criança 

“Eu tenho uma caixa d´àgua de 3 mil litros e deixo uma torneira para fora para que as pessoas que precisam de água, está sempre à disposição. Eu divido a água com os moradores que não têm caixa. Eu acho que a situação vai complicar mais e fica ainda pior com a Covid, pois não tem água nem para lavar a mão.” 

Edição: Gabriel Carriconde