DIPLOMACIA

Com vitória de Biden, Maduro busca retomar diálogo entre Venezuela e EUA

Presidente venezuelano cumprimentou Joe Biden pela vitória e reiterou disposição para conversar

Brasil de Fato | Caracas (Venezuela) |

Ouça o áudio:

Maduro diz que está disposto a criar canais de diálogo e que Juan Guaidó traiu Trump em "cinco minutos". - Prensa Presidencial

"A Venezuela espera retomar canais de diálogo com Biden", afirmou o presidente Nicolás Maduro durante um pronunciamento em cadeia nacional no último domingo (8). Joe Biden e Kamala Harris, do partido democrata, venceram o atual presidente Donald Trump, com cerca de 75,5 milhões de votos e 290 delegados, contra pouco mais de 71 milhões de votos e 214 delegados que preferiram o republicano.

Desde 2015, quando Biden era vice-presidente de Barack Obama, os Estados Unidos consideram a Venezuela uma "ameaça inusual" e aplicam um bloqueio econômico contra o país. A estimativa é de que o embargo já tenha gerado prejuízos de US$30 bilhões anuais aos venezuelanos, o que representou a retração de 60% do PIB nacional entre 2015 e 2019. 

O chefe de Estado venezuelano também ressaltou a importância de retomar o respeito mútuo e a não ingerência nos assuntos internos. "Perdeu Donald Trump e Joe Biden recebeu o voto de esperança de uma imensa maioria de estadunidenses que querem mudanças nos Estados Unidos e no mundo", assegurou.

Outros aliados do governo bolivariano, como Rússia e China, vão esperar os resultados oficiais para se pronunciar, já que Trump promete tentar impugnar as eleições e não reconhecer a vitória do seu opositor. 

Relação dos EUA com a oposição golpista

Já o autoproclamado Juan Guaidó, que foi reconhecido como autoridade legítima pela administração Trump declarou: "que a causa pela liberdade e democracia na Venezuela conta com apoio biparditário nos Estados Unidos".

Em janeiro de 2020, Guaidó foi convidado especial na sessão do discurso do Estado e da União, que inaugura as atividades do Congresso estadunidense. Na ocasião, ele foi ovacionado por representantes de ambos partidos. 

Entre 2017 e 2019, os Estados Unidos doaram R$ 2,3 bilhões à oposição venezuelana, por meio da Agência para o Desenvolvimento Internacional (Usaid).

Além disso, o Departamento do Tesouro bloqueou o acesso do Estado venezuelano às suas contas em território estadunidense e a justiça reconheceu a diretoria nomeada por Guaidó como responsável pela administração da Citgo – a filial da PDVSA, estatal petroleira venezuelana nos EUA.

Há duas semanas, foi revelado um esquema de corrupção do partido de Guaidó com o dinheiro da Citgo. De acordo com o Ministério Público venezuelano, fundos destinados à Fundação Simon Bolivar, que apoia o tratamento de saúde a crianças venezuelanas, eram desviados para os quatro maiores partidos da oposição: Voluntad Popular, Acción Democrática, Primero Justicia e Un Nuevo Tiempo. 

Somente para o Voluntad Popular, já haviam sido destinados US$ 34 mil, as autoridades acreditam que parte desse valor foi usado para financiar a fuga de Leopoldo López, no final do mês de outubro.

Sobre a relação dos Estados Unidos com a oposição de extrema-direita, Maduro assegurou que o tempo de "demonização da Revolução Bolivariana acabou", depois de ouvir o primeiro discurso de Biden. 

"Trump você se dá conta? Você criou um Frankenstein, um escorpião que em cinco minutos te traiu, não lhe importaram os 800 milhões que você deu a Juan Guaidó", comentou o presidente venezuelano.

Edição: Rodrigo Chagas