PREOCUPAÇÃO GLOBAL

Bolsonaro diz aos líderes do G20 que governo acertou no combate à pandemia

Para o presidente, o tempo provou que o governo estava certo em “cuidar da economia e da saúde ao mesmo tempo”

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |

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Enquanto Bolsonaro defende a atuação de seu governo durante a pandemia, Brasil está próximo de alcançar a marca de 169 mil vítimas fatais do novo coronavírus - Foto: Reprodução/TV Brasil

O presidente Jair Bolsonaro declarou neste sábado (21) em conferência virtual com líderes da cúpula do G20, que a política de seu governo para combater a pandemia foi correta. 

“Desde o início enfatizamos que era preciso cuidar da saúde e da economia simultaneamente. O tempo vem provando que estávamos certo. Devemos manter o firme compromisso de trabalhar para manter o crescimento econômico, a liberdade de nossos povos e a prosperidade do mundo”, disse Bolsonaro. 

Os números, entretanto, mostram outra realidade. De acordo com informações atualizadas pelo Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) neste sábado (21), 168.989 brasileiros morreram em decorrência da covid-19 desde a chegada da pandemia ao país. 

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Somente nas últimas 24 horas, foram registrados 376 óbitos e 32.622 novas contaminações. O total de casos confirmados no país é de 6.052.786.

Ainda que os dados oficiais registrem crescimento dos casos, o presidente voltou a defender que os cidadãos possam escolher se irão tomar ou não a vacina contra o coronavírus durante o encontro do G20.

"É preciso ressaltar que também defendemos a liberdade de cada indivíduo para decidir se deve ou não tomar a vacina. A pandemia não pode servir de justificativa para ataques às liberdades individuais", declarou.

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Diante das maiores potências econômicas do mundo, Bolsonaro reforçou ainda a defesa de reforma da Organização Mundial do Comércio (OMC).

Ele também aproveitou a ocasião para criticar os protestos antirracistas que aconteceram nesta sexta (20), Dia Nacional da Consciência Negra, em repúdio à morte de João Alberto, um homem negro de 40 anos espancado por seguranças de uma unidade do supermercado Carrefour em Porto Alegre (RS).

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“Foi a essência desse povo que conquistou a simpatia do mundo. Contudo, há quem queira destruí-la, e colocar em seu lugar o conflito, o ressentimento, o ódio e a divisão entre raças, sempre mascarados de ‘luta por igualdade’ ou ‘justiça social’. Tudo em busca de poder”, afirmou.

Para Bolsonaro, as manifestações são “tentativas de importar para o nosso território tensões alheias à nossa história”.

 

Ações globais

A conferência virtual entre os países do G20 que ocorre ao longo deste fim de semana foi organizada pela Arábia Saudita, que mantém a presidência rotativa do grupo até o fim deste mês.

O combate à pandemia e a recessão global do próximo período são pontos centrais na agenda do encontro. Os líderes discutem como efetivar a distribuição das vacinas de uma forma ampla, principalmente em nações mais pobres. 

Eles debatem também ações de resposta a uma carta enviada à cúpula antes do encontro, que solicita ajuda internacional para cobrir o déficit de financiamento para a compra dos imunizantes, medicamentos e testes em países que enfrentam graves crises econômicas.  

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Assinam o documento o presidente da África do Sul, Cyril Ramaphosa, o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, a primeira-ministra da Noruega, Erna Solberg, e a presidente da União Europeia, Ursula von der Leyen.

Em seu discurso de abertura, o rei Mohammad Bin Salman, da Árabia Saudita, reforçou a importância da atuação conjunta dos países no combate ao vírus. 

“Nossos povos e economias ainda estão sofrendo este impacto. No entanto, faremos todo o possível para superar essa crise através da cooperação internacional”, disse Salman.

"Para a Itália, são bens públicos globais, direito de todos e não privilégio de poucos", disse o premiê italiano durante seu discurso na cúpula do G20, grupo que reúne as 20 maiores economias do mundo.

Também presente no encontro online, o primeiro-ministro da Itália, Giuseppe Conte, ressaltou que o diagnóstico, o tratamento e o acesso à vacina são direitos universais.

Conte defendeu que os líderes enfrentem a pandemia investindo em saúde pública, o que, para ele, é uma escolha "moral e social, mas também política".

"Só sairemos da crise concebendo um novo começo, colocando a pessoa no centro dos esforços nos desafios globais”, afirmou.

Já o presidente russo Vladimir Putin garantiu que a Rússia está pronta para fornecer a vacina Sputnik V aos países que a solicitarem.

O mandatário também reforçou o argumento do acesso igualitário às vacinas. “Sem dúvida, os imunizantes são e devem ser um bem comum e acessível a todos. Nosso país, a Rússia, está preparada para fornecer as vacinas desenvolvidas por nossos cientistas aos países em necessidade”, disse.

Edição: Rodrigo Chagas