Crime

Segurança do Carrefour ajoelhou nas costas de João Alberto por 4 min até sua morte

O vigilante Magno Braz Borges e o policial militar temporário Giovane Gaspar da Silva foram presos em flagrante

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |
João Alberto Freitas foi espancado pelos dois seguranças brancos e estava imobilizado no momento em que um deles permaneceu com a perna em suas costas - Foto: Reprodução/Internet

Imagens de uma câmera de segurança do estacionamento do Carrefour em Porto Alegre (RS) mostram que um dos seguranças responsáveis pela morte do soldador João Alberto Silveira Freitas, permaneceu com o joelho pressionado contra as costas da vítima durante quatro minutos até seu falecimento na última quinta-feira (19). 

O crime ocorreu no piso inferior do estabelecimento e foi testemunhado por mais de dez pessoas entre elas esposa de Freitas, Milena Borges Alves, que tentou intervir para que as agressões parassem.

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 O vigilante Magno Braz Borges e o policial militar temporário Giovane Gaspar da Silva foram presos em flagrante por homicídio triplamente qualificado e tiveram a prisão preventiva decretada na sexta-feira (20).

Homem negro, Freitas foi espancado pelos dois seguranças brancos e estava imobilizado no momento em que um deles permaneceu com a perna em suas costas. Análises iniciais da perícia apontam asfixia como a causa mais provável para a morte.

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A cena revelada pelas câmeras do Carrefour remete ao episódio que desencadeou uma série de protestos contra o racismo nos Estados Unidos em maio deste ano. Na ocasião George Floyd, um homem negro de 46 anos, foi sufocado pelo policial Derek Chauvin até a morte. Chauvin permaneceu com o joelho pressionado contra o pescoço de Floyd durante 8 minutos e 46 segundos e ignorou os apelos da vítima dizendo que não conseguia respirar.

A morte de João Alberto Freitas foi tema de protestos contra o racismo em diversos lugares do país na sexta-feira (20)

Freitas era pai de quatro filhos. Seu corpo foi sepultado neste sábado (21) no cemitério São João, distante apenas 1,7 km do local onde foi agredido até a morte, no bairro Passo D´Areia, zona norte de Porto Alegre.

“Beto”, como era chamado, teve o caixão coberto pela bandeira azul e branca do Esporte Clube São José, clube do qual era torcedor apaixonado. O sepultamento aconteceu entre orações, palmas, pedidos de justiça e gritos de indignação pelo assassinato de mais um homem negro.

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Cerca de 50 pessoas acompanharam o cortejo no interior do cemitério, da capela mortuária ao local do sepultamento, em um ambiente de inconformidade e revolta com o acontecimento. "Aquilo foi premeditado. Com uma pessoa branca, de olhos azuis, não acontece essas coisas", desabafou o pai da vítima, João Batista Rodrigues Freitas, ao Correio do Povo

Edição: Leandro Melito