Rio Grande do Sul

COVID-19

RS tem atualmente uma das maiores taxas de mortes por covid-19 do Brasil

O estado gaúcho é, atualmente, o quarto no ranking nacional em relação à taxa de mortalidade

Sul 21 | Porto Alegre |
O atual momento é importante para saber qual rumo a crise do coronavírus está tomando no estado - Andréa Rêgo/Fotos Públicas

Ao analisar a evolução do número de mortes acumuladas por semana por 100 mil habitantes, o Rio Grande do Sul é, atualmente, o quarto Estado do Brasil com a maior taxa de mortalidade. São 2,47 mortes para cada 100 mil/hab, atrás apenas de Goiás (2,98), Espírito Santo (3,04) e Rio de Janeiro (4,21).

A situação muda se a análise considerar toda a crise do novo coronavírus ao longo de 2020. Com 6.524 mortes até essa terça-feira (24), o Rio Grande do Sul tem então a quinta menor taxa de mortalidade do Brasil, com 57,3 óbitos por 100 mil/hab. Se o histórico do ano pode ser visto como positivo em relação aos outros estados do País, o momento atual é preocupante.

Alexandre Zavascki, professor de infectologia da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), explica que o Rio Grande do Sul, como consequência das medidas de restrição de mobilidade e fechamentos de serviços não essenciais adotadas no começo da crise, em março, possibilitou a preparação da rede hospitalar para receber um grande número de pacientes com covid-19. 

“O resultado positivo foi a baixa taxa de óbitos no início da pandemia em comparação com outros estados brasileiros, cujas maiores taxas de óbitos foram atingidas em decorrência de aumento exponencial de número de casos com sobrecarga ou mesmo colapso de sistemas hospitalares, que resultaram em mortes, possivelmente, evitáveis se o sistema estivesse funcionando mais próximo da normalidade”, afirmou Zavascki, nessa segunda-feira (23), em rede social. 

Por outro lado, avalia o infectologista, o relaxamento das restrições no RS ocorreu no momento em que o número de casos no Estado se mantinha ainda num patamar muito elevado, principalmente em comparação com outros estados, que na ocasião apresentavam declínio de casos mais consistentes. “As reaberturas foram feitas em momentos muito semelhantes, às vezes, até antes no Rio Grande do Sul, mesmo com maior taxa de transmissão comunitária”, explica. “Infelizmente, o impacto em casos, hospitalizações e óbitos também chega precocemente.” 

Zavascki diz que, ao olharmos para o atual momento, que é o que interessa para saber qual rumo o Estado está tomando, as taxas de óbitos estão entre as mais elevadas do Brasil.


Número de mortes acumuladas por semana por 100 mil habitantes, mostra o RS, atualmente, como o quarto Estado do Brasil com a maior taxa de mortalidade / Gráfico: Reprodução/Governo do Estado


Alerta

A situação levou o governador Eduardo Leite (PSDB) a fazer um alerta para o crescimento recente no número de internações hospitalares. Em transmissão pela internet nessa segunda-feira (23), Leite destacou que a taxa de ocupação de UTIs do Rio Grande do Sul está em 75,7% no momento, abaixo do pico, quando chegou a passar de 80%, mas em tendência de crescimento. 

O governador disse ainda que o número de pacientes com covid-19 internados simultaneamente em leitos clínicos no Estado atingiu o pico neste domingo (22), com 1.002 pacientes. O recorde anterior, registrado em 29 de julho, era de 995 pacientes. Na média móvel dos últimos sete dias, o número de novas internações aumentou 18% em relação à semana anterior. 

Com relação ao número de mortes, o governador enfatizou que a média móvel de óbitos  estava em 32,9 no dia 18 de novembro (último número consolidado), quase a metade do pico de 62,7. Todavia, Leite explicou que as mortes pararam de cair e que, como ainda há óbitos cuja causa está em análise, o governo considera que os números estão subestimados.

Edição: Sul 21