Rio Grande do Sul

VENENO

Assentados do RS denunciam pulverização ilegal em suas produções agroecológicas

Agrotóxicos pulverizados no ar atingiram e danificaram alimentos, árvores e a saúde dos Sem Terra de Nova Santa Rita

Página do MST |
Agricultores agroecológicos tiveram produção danificada pela pulverização de veneno por propriedades vizinhas - Divulgação

O Assentamento Santa Rita de Cássia II, de Nova Santa Rita, na região Metropolitana de Porto Alegre, sofre prejuízos constantemente em suas produções agroecológicas. O motivo é o agrotóxico colocado no arroz convencional em propriedades vizinhas. O assentamento faz divisa com a Granja Nenê, que utiliza a pulverização com agrotóxico em suas lavouras.

Nos dias 11 e 12 deste mês, 20 das 100 famílias assentadas perderam seus alimentos orgânicos após um avião, utilizado para fumigação de insumos químicos, passar por suas casas, hortas, aquíferos, pastagens, pomares de árvores frutíferas e vegetação nativa.

Segundo Graciela Almeida, assentada e produtora agroecológica, além disso, os próprios camponeses começaram a passar mal em decorrência dessa pulverização.“Estamos indignados com o acontecido, porque seja intencional ou não, o fato é que tivemos prejuízos na saúde, na produção, no ambiente, na vida dessas famílias”, destaca a Sem Terra.

As famílias relatam que isso já ocorreu em anos anteriores, mas nenhuma medida foi tomada por parte das autoridades. Logo após a contaminação, foi registrado Boletim de Ocorrência nos órgãos competentes como a Polícia Civil, Secretaria de Meio Ambiente, Agricultura, Saúde e prefeitura municipal, Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater), Grupo Gestor das Hortas Micro Nova Santa Rita, Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) e Secretaria de Agricultura do Estado.

“Exigimos investigação, justiça, reparação de danos, e uma legislação ambiental que aborde as necessidades de um município que é conhecido por ser a Capital da Agricultura Orgânica”, enfatiza Graciela.

Nesta quinta-feira (26), os assentados se reúnem com a prefeita Margarete Ferretti (PT), juntamente com o secretário da Agricultura, Marli Castro, a secretária do Meio Ambiente, Ieda Bilhalva, e técnicos da Emater, para exigir uma ação da administração municipal diante desses fatos graves que ocorreram.

Denúncia na Assembleia Legislativa do RS


Assentados realizam produção sem a utilização de agrotóxicos. Pulverização danificou a produção e invadiu casas, fazendo com que vários agricultores passarem mal. / Divulgação

Na sexta-feira (27), o engenheiro agrônomo e membro da Associação Brasileira de Agroecologia (Abrasco), Leonardo Melgarejo, fará uma denuncia na Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul. No dia 1º de dezembro, as famílias irão para a tribuna da Câmara de Vereadores do município de Nova Santa Rita, com o objetivo de realizar uma denúncia e cobrar atitudes dos vereadores em relação à contaminação feita no assentamento.

“O que nós queremos é o fim da  pulverização aérea no município. Política pública para os produtores orgânicos, punição aos culpados e ressarcimento dos danos causados. Precisamos também politizar esse debate com a sociedade, reforçar a importância da produção e da alimentação saudável, e pedir pelo fim do uso de venenos”, pontua José Carlos Almeida, assentado no Santa Rita de Cássia II.

Agroecologia como modo de vida


Diversas entidades foram informadas do ocorrido; assentados pretendem levar denúncia até a Assembleia Legislativa para cobrar reparação de danos / Divulgação

Esses camponeses vivem dessa produção. Trabalham para a subsistência e participam de programas sociais como o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) e o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE). Em paralelo, comercializam seus alimentos nas feiras orgânicas de Porto Alegre e da região Metropolitana.

“Apesar da estiagem, da pandemia, e todas as dificuldades econômicas com as crises, continuamos resistindo e produzindo alimentos saudáveis para a mesa dos brasileiros. Nós acreditamos e praticamos agroecologia como modo de vida e não só de produção”, finaliza Graciela.


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Edição: Página do MST