Rio Grande do Sul

Combate a fome

Movimentos sociais doam alimentos para colônia de pescadores de Pelotas

Ação beneficiou 46 famílias que tiveram seu Seguro Defeso negado pelo governo e passam por situação de risco alimentar

Brasil de Fato | Pelotas (RS) |
Duas ações de solidariedade já foram realizadas junto à Colôniza Z3, em Pelotas - Corbari-BdF/RS

Na tarde de sexta-feira (4), uma delegação do Instituto Cultural Padre Josimo visitou a Colônia de Pescadores Z3, às margens da Lagoa dos Patos, em Pelotas, RS. Ali 46 famílias passam por situação de risco alimentar, já que tiveram o acesso ao Seguro Defeso negado pelo governo federal. Essa foi a segunda visita do grupo do ICPJ, que juntamente com o Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), Comissão Pastoral da Terra (CPT), Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Cooperativa Cooptil e outros amigos que preferem não publicizar os nomes, viabilizam doação de alimentos para as famílias mais necessitadas da localidade.

"Esse benefício que o pescador recebe da Previdência durante o período em que fica proibido de exercer sua profissão se torna a única fonte de renda para sua família", explica Nilmar Conceição, integrante da direção do MPP (Movimento dos Pescadores e Pescadoras Artesanais), que faz parte da Via Campesina Brasil. “Com a situação agravada pelas restrições da pandemia, essas famílias que tiveram o benefício negado estão em situação muito difícil, felizmente recebendo o apoio de organizações e movimentos como esses que aqui estão hoje”, completa.

O Seguro Defeso é um benefício que pescadores e pescadoras artesanais têm direito por conta do período de 4 meses que ficam proibidos de pescar na Lagoa dos Patos para a proteção das espécies que se reproduzem ali.

Darlan Gutierres, dirigente do MPA, que acompanhou a atividade, relembrou que os camponeses e camponesas também estão em situação difícil, por conta das perdas da produção que vem se acumulando ao longo de sucessivos períodos de estiagem e a inoperância dos governos estadual e federal frente à essa pauta, mas que sentem-se convocados a prestar solidariedade aos irmãos e irmãs pescadores que neste momento precisam ser apoiados. “Estamos aqui para compartilhar um pouco do que temos, para trazer o que alguns parceiros nos ajudaram a viabilizar, mas principalmente para afirmar a esses companheiros e companheiras que não estão sozinhos, que a sua luta também é nossa, e que seguiremos juntos nessa caminhada para construir uma sociedade com direitos, justiça e igualdade para todos”, afirmou.

Frei Sérgio Görgen, diretor do ICPJ, relembrou que pelo Brasil afora o que tem se notado durante o período da pandemia é justamente a união solidária entre os pequenos para construir mecanismos de proteção contra a fome que vem se espalhando em proporção endêmica pelo país. “A solidariedade é o grande exemplo que os trabalhadores e seus aliados oferecem para reconstruir esse país fraturado pelo ódio e pela pandemia.”


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Edição: Katia Marko