Rio Grande do Sul

Combate à fome

AsSsAN Círculo e Instituto Fome Zero se unem para combater a fome e a desnutrição

Objetivo é promover a segurança alimentar e nutricional como política pública para enfrentar a atual crise da saúde

Brasil de Fato | Porto Alegre |
Entidades pretendem auxiliar nas políticas públicas de combate à fome e à desnutrição - Fabiana Reinholz

A partir de 2003, com a implementação do Programa Fome Zero e as políticas de transferência de renda, elevaram o Brasil à condição de primeiro dos grandes países em desenvolvimento a deixar o Mapa Mundial da Fome, já em 2014. Contudo, essa realidade logo mudaria. De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 2018, 10,3 milhões de brasileiros passam o dia sem fazer todas as refeições. O quadro foi agravado pela pandemia da covid-19 e fez o país voltar ao Mapa da Fome. 

Com o objetivo de ajudar a mudar essa realidade o Instituto Fome Zero e o Círculo de Referência em Agroecologia, Sociobiodiversidade, Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (AsSsAN Círculo), ligado à Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), firmaram uma parceira de trabalho. A meta é promover a segurança alimentar e nutricional como estratégia de política pública para o enfrentamento dos desafios da atual crise de saúde à qual a humanidade está exposta, que se caracteriza pela desnutrição, obesidade e mudanças climáticas.

Na avaliação do professor José Graziano da Silva, ex-diretor-geral da FAO e criador do Instituto Fome Zero (IFZ), lançado em outubro do ano passado, a situação é preocupante. Conforme aponta o professor, menos de seis anos, o país retrocedeu em seus níveis de segurança alimentar e nutricional, fazendo com que o país voltasse a integrar a lista dos países em que a fome é considerada um problema estrutural. 

Para Graziano a situação deverá se agravar com a covid-19 e os seus efeitos, especialmente para as populações mais pobres e vulneráveis. "Se nós não alcançarmos os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável até 2030, nós poderemos estar entrando numa rota irreversível, que ameaça a própria história da humanidade", declarou o ex-diretor-geral da FAO, em entrevista ao podcast "Que tal um mate?", realizado pela AsSsAN Círculo. 

Conforme explica o professor, o IFZ nasce para manter essa bandeira da erradicação da fome e com o propósito de lutar de forma permanente com iniciativas em benefício da Segurança Alimentar e Nutricional no Brasil e junto à comunidade internacional. “Coloca-se, ainda, a missão de preservar a história do combate à fome no Brasil e desenvolver estudos, pesquisas, seminários e troca de experiências que possam retomar o papel de pioneirismo e liderança do nosso país nesse tema", destaca Graziano.

Na avaliação da coordenadora do AsSsAN Círculo, Gabriela Coelho de Souza, uma política pública de enfrentamento à fome deve priorizar a Segurança Alimentar e Nutricional. "O nosso trabalho tem sempre o olhar voltado à sociobiodiversidade, ao manejo sustentável dos ecosistemas nativos, a partir da concepção de conservação pelo uso, sendo essa uma forma de criar e gerar renda para as comunidades", ressalta. 

Em um primeiro momento, o AsSsAN Círculo apoiará na divulgação dos objetivos do instituto, junto aos municípios e territórios rurais, nos quais já vem atuando. "Além disso, pretendemos contribuir no assessoramento aos municípios e estados para a implantação do Sistema Integrado de Segurança Alimentar e Nutricional (SISAN)", complementa Gabriela. 

O AsSsAN Círculo coordena o comitê técnico científico da Plataforma de Gestão do Conhecimento em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Plagesan), rede nacional de pesquisa que está sendo criada junto ao Ministério de Ciência e Tecnologia e que será abrigada pela UFRGS, por meio do AsSsAN Círculo. A plataforma traz dados sobre Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional e a Sociobiodiversidade em diferentes níveis, pensando em todo o Brasil, nos biomas, nas regiões, nos estados e nos municípios. 

"O nosso desafio junto ao instituto, através do compartilhamento de dados e indicadores, é chegar nos grupos locais, porque muitos desses grupos são povos de comunidades tradicionais, povos indígenas, migrantes, ou seja, públicos que se encontram em maior estado de fragilidade, vulnerabilidade e insegurança alimentar e nutricional", concluiu a professora Gabriela.

Saiba mais em: https://www.ufrgs.br/circulosociobiodiversidade/

*Com informações da Assessoria de Imprensa da ASSSAN Círculo


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Edição: Katia Marko