Paraná

EDUCAÇÃO INFANTIL

Opinião | O que você acha do retorno às aulas presenciais em Curitiba?

"Qual professor/a deixará de abraçar o seu aluno com menos de cinco anos quando ele chorar sentindo falta da familia"

Curitiba (PR) |
professora em sala de aula
A marca da educação infantil é a ludicidade e a interação entre o adulto e a criança e entre a criança e seus colegas - Valter Campanato/Agência Brasil

Em meio a tantas críticas de que “somos desocupados”, me pego durante dias e dias estudando um protocolo de volta às aulas que não garante a segurança todas as crianças que hoje estão matriculadas na rede municipal, nem dos profissionais que vão atendê-las neste tempo tão difícil.

Chegamos nas unidades hoje cheios de dúvidas, que as 42 páginas do protocolo oficial não foram capazes de responder, e eram perguntas simples como: de qual maneira vamos garantir o distanciamento?

Como dimensionar quantas pessoas podem ficar em cada espaço? Qual é a metragem correta? Mas, assim como eu, outros quase 20 mil profissionais saíram das suas unidades sem respostas. Olho para nossa realidade e não vejo o cumprimento do protocolo de volta às aulas e mais uma vez teremos que "dar um jeitinho" de atender as crianças e também o vírus que circulará entre nós o tempo todo.

Não é seguro voltar, não há possibilidade de na educação infantil haver o cumprimento dos

protocolos, desassociados da nossa realidade do cuidar e educar. Qual professor/a deixará de abraçar o seu aluno com menos de cinco anos quando ele chorar sentindo falta da familia para cumprir distanciamento? Qual professor deixará seu aluno limpar sozinho seu nariz?

A marca da educação infantil é a ludicidade e a interação entre o adulto e a criança e entre a criança e seus colegas. Além de todo o esforço para manter este distanciamento social dentro de sala, estaremos também lidando com a condição psicológica das crianças causada justamente pela falta de interação social.

Se o prefeito fosse um pouco mais humano, e parasse de ver a educação como uma mercadoria, entenderia que o retorno presencial aumentará o contágio e também a circulação do vírus. Na campanha eleitoral, ele dizia que não mandaria seus “curitibinhas” para a escola sem vacina. E depois de eleito em primeiro turno esqueceu de suas promessas.

Edição: Pedro Carrano