Ceará

Combustível

Gasolina dispara e preocupa trabalhadores de transportes e de app’s de entrega

O Brasil de Fato conversou com alguns profissionais do ramo para entender o quanto tem pesado no orçamento das famílias

Brasil de Fato | Crato (CE) |
Trabalhadores autônomos que tem como meio de sustento o uso de seu próprio carro ou moto tem sofrido com a alta nos preços dos combustíveis e o congelamento das taxas dos serviços. - Foto: Governo do Mato Grosso do Sul

Crato e Juazeiro do Norte costumam estar entre as cidades cearenses com valores mais altos de combustíveis. De acordo com o Sistema de Levantamento de Preços da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis, realizada entre 31 de janeiro e seis de fevereiro, Juazeiro lidera o ranque com um preço médio de R$ 5,001 e Crato, ficando atrás apenas de Fortaleza e Maracanaú, se apresenta na quarta posição com o valo médio do litro a R$ 4,920.

Trabalhadores autônomos que tem como meio de sustento o uso de seu próprio carro ou moto, seja para transportar passageiros ou para realização de entregas, tem sofrido com a alta nos preços dos combustíveis e o congelamento das taxas dos serviços. O Brasil de Fato conversou com alguns profissionais do ramo para entender o quanto tem pesado no orçamento das famílias que dependem dessa fonte exclusiva de renda.

“O governo devia não subir do jeito que tá subindo aí o combustível, o petróleo, o gás de cozinha, não pode ficar desse jeito não, sobe o salário e as outras coisas sobem mais que o que tem que ganhar que é o salário. Não tem condições não, nunca pensei que a gasolina ia chegar a esse preço não” afirma José Ribamar, mais conhecido como Zezinho Taxista, que trabalha a quase 50 anos como taxista e completa “depois desse aumento parou mais aqui, a gente para mais porquê o povo pensa que a gente aumentou a corrida, mas a gente não aumentou, está do mesmo preço.”

Zezinho explica que “colocava R$ 30 e dava para fazer umas corridinhas, hoje coloco R$ 30 e não dá pra nada mais, dá pra fazer poucas corridas, não é mais como antigamente que a gasolina era mais barata, mas como o preço está lá em cima a gente tá parado aqui e a minha fonte de renda é só essa aqui mesmo que eu tenho” ele tem gasto cerca de R$ 100 por semana devido ao baixo número de corridas, “eu não tenho pra onde ir, tenho que ficar aqui mesmo. Subiu o preço da gasolina e a gente não pode subir o preço da corrida, se subir ninguém faz mais nada e o uber toma de conta e a gente fica parado sem poder segurar a família da gente.”, lamenta.

Para Zilnara Casimiro, que trabalha como motorista de aplicativo das 7h às 19h a semana toda, em um dia movimentado ela gasta cerca de R$ 80 com gasolina, que representa quase metade do que apura. Sobre a constante alta do combustível ela afirma que “está sendo um impacto grande, porquê o valor do aplicativo para gente repassar ao passageiro ainda não mudou, então a gente está praticamente trabalhando com o mesmo valor que era antes, mas com um absurdo de aumento” e sobre a tendência de seguir em alta ela completa, “é uma coisa muito complicada porquê a gente precisa trabalhar, eu por exemplo que sou autônoma preciso trabalhar para tirar meu sustento do mês e vai acabar a gente tendo que pagar para trabalhar, é um absurdo.”

Já Antônio Gerson, mototaxista, diz que “fica triste para a pessoa, por que você não pode aumentar o preço [da corrida] por que o povo não quer andar e aí o ganho fica bem menos. Quando começou o mototáxi a corrida era R$ 1 e o litro de gasolina R$ 0,50 quer dizer uma corrida comprava dois litros de gasolina, hoje a corrida não dá pra pagar o litro da gasolina”. Ele nos conta que gasta em média R$ 480 de combustível e R$ 200 com a depreciação da moto por mês, enquanto sua renda bruta, ainda sem os custos, é de um salário mínimo, e completa que “para compensar o custo de um litro de gasolina você tem que fazer umas 10 corridas, porquê tem a depreciação da moto também.”

Até o fechamento dessa matéria foram identificados postos de combustíveis em Crato que já ofertavam a gasolina comum a R$ 5,299 que é ainda mais alto do que o maior valor presente nos dados da ANP citados no início da matéria.

Edição: Monyse Ravena