Rio Grande do Sul

Mobilização

“Hoje estamos pagando para trabalhar”, afirma motorista e integrante de sindicato 

Motoristas de aplicativos no RS realizam paralisação por melhores condições de trabalho nesta terça-feira (23)

Brasil de Fato | Porto Alegre |
Manifestação sobra melhorias para a categoria - JL Rosa

Motoristas de aplicativos (Uber, 99, Cabbify e Indriver) no Rio Grande do Sul farão uma paralisação de 24 horas nesta terça-feira (23). O objetivo da manifestação é trazer melhorias para a categoria, como o aumento das tarifas aos motoristas e o fim dos produtos Uber Promo e 99 Poupa. Haverá mobilizações em Porto Alegre, Guaíba, Caxias do Sul, Santa Maria, Eldorado do Sul, Viamão, Alvorada, Cachoeirinha, Gravataí, Esteio, Sapucaia do Sul, São Leopoldo e Campo Bom.

“As plataformas não têm aumentado o quilometro rodado. Desde que a Uber, que foi a primeira, chegou aqui no estado, só diminui o quilometro rodado, gerando problemas para os motoristas. Desde que eles iniciaram, o preço do combustível era um e hoje é outro. Hoje, a gente está pagando para trabalhar”, ressalta Carina Trindade, secretária-geral do Sindicato dos Trabalhadores por Aplicativos do Rio Grande do Sul (Simtrapli-RS) e integrante da Associação Liga dos Motoristas de Aplicativos (ALMA).

Ainda sobre a questão da tarifa para o motorista, Carina afirma que, além de defasada, diminui a cada ano . “Combustíveis e gastos com manutenção do veículo vem subindo e os ganhos baixando”, denuncia a secretária-geral, que é motorista há quatro anos. Segundo ela, em 2015, o valor pago por km rodado aos motoristas era de R$ 1,25. Hoje, seis anos depois, os aplicativos pagam R$ 0,95 na Capital e R$ 0,90 na Região Metropolitana. 

Conforme exemplifica a motorista, o 99poupa paga de R$ 0,40 (quarenta centavos) a R$ 0, 60 (sessenta centavos) o quilometro rodado. Além disso, aponta Carina, quando as plataformas começaram a atuar, havia uma taxa única de 25%. “Hoje eles descontam de 25% a 40%, 45% a taxa de uma corrida, dependendo do trajeto da corrida que tu faz, se longa, ou curta. Não é justo para o motorista. O passageiro paga o mesmo valor, mas o teu desconto é maior ou menor”, aponta. 

Na avaliação do secretário de Organização e Política Sindical da CUT-RS, Claudir Nespolo, a mobilização dos motoristas de aplicativos é também importante para pressionar o Congresso Nacional para a aprovação de projetos que tratam da regulamentação da atividade com a garantia de direitos básicos, como o proposto pelo deputado federal Henrique Fontana (PT-RS). O parlamentar é um dos autores do Projeto de Lei nº 4172/2020, que "dispõe sobre a criação de um novo contrato de trabalho em plataformas digitais de transporte individual privado ou de entrega de mercadorias".

“As novas tecnologias não podem negar a proteção social e trabalhista para quem está no volante prestando serviços para uma multinacional, cujo patrão o motorista sequer conhece. Os trabalhadores e as trabalhadoras de aplicativos precisam de regulamentação para garantir direitos básicos e dignidade no trabalho”, afirma Nespolo. 

*Com informações da CUT-RS


:: Clique aqui para receber notícias do Brasil de Fato RS no seu Whatsapp ::

SEJA UM AMIGO DO BRASIL DE FATO RS

Você já percebeu que o Brasil de Fato RS disponibiliza todas as notícias gratuitamente? Não cobramos nenhum tipo de assinatura de nossos leitores, pois compreendemos que a democratização dos meios de comunicação é fundamental para uma sociedade mais justa.

Precisamos do seu apoio para seguir adiante com o debate de ideias, clique aqui e contribua.

Edição: Marcelo Ferreira