Rio Grande do Sul

LUTA POR DIREITOS

Motoristas de aplicativo protestam contra baixa remuneração e por revisão de tarifas

Diversas cidades gaúchas registraram paralisação e carreatas, nesta terça-feira (23), por melhores condições de trabalho

Brasil de Fato | Porto Alegre |
Em Porto Alegre, carreata percorreu avenidas e passou pela sede da Uber e pelo Ministério Público Estadual - Carol Teixeira

Motoristas de aplicativos (Uber, 99, Cabbify e Indriver) de diversas cidades gaúchas paralisaram suas atividades, neste terça-feira (23), em protesto contra a baixa remuneração e por melhores condições de trabalho. Reivindicando o reajuste do valor do quilômetro rodado e o fim dos serviços promocionais, como o Uber Promo e 99 Poupa, que oneram os motoristas, os trabalhadores realizaram carreatas em Porto Alegre, Guaíba, Caxias do Sul, Santa Maria, Eldorado do Sul, Viamão, Alvorada, Cachoeirinha, Gravataí, Esteio, Sapucaia do Sul, São Leopoldo e Campo Bom.

Na capital gaúcha, pela manhã, foram registradas concentrações em diversos pontos da cidade. Os veículos se deslocaram pelas principais avenidas e foram até a sede da Uber, na Avenida Carlos Gomes, com muito buzinaço por onde passaram, chamando a atenção da sociedade. Depois, a carreata se dirigiu até a sede do Ministério Público Estadual, na Avenida Aureliano de Figueiredo Pinto, pedindo intervenção do órgão na mediação.

Trabalhadores ganham cada vez menos

A secretária-geral do Sindicato dos Trabalhadores por Aplicativos do Rio Grande do Sul (Simtrapli-RS), Carina Trindade, destaca que as tarifas pagas aos motoristas têm sofrido constantes reduções. “Desde que as empresas estão em atividade em Porto Alegre, tivemos aumentos dos combustíveis, aumento de seguro de veículos, aumento do aluguel de automóvel, aumento da manutenção dos carros e aumento dos rastreadores”, denuncia.

"Há cinco anos, quando tudo começou com a Uber em Porto Alegre, a remuneração mínima era de R$ 1,25 por quilômetro rodado. Hoje, esse valor é de R$ 0,90 na Região Metropolitana e R$ 0,95 na Capital", explica o diretor da Associação Liga dos Motoristas de Aplicativos do Rio Grande do Sul (ALMA-RS), Robson Silveira.

Destaca ainda que, com o aumento do custo, os combustíveis tomam 30% da remuneração dos motoristas. "Antes, a plataforma levava um valor fixo de 25% das corridas, e 75% era nosso. Essa taxa hoje é variável, entre 15% e 40%. Então, se 40% de uma viagem for para a plataforma, mais os 30% do combustível, resta apenas 30% de renda para os motoristas", criticou Silveira.

Situação que piorou ainda mais com os sucessivos aumentos dos preços dos combustíveis. Somente em 2021, a gasolina acumula alta de 34,7%. Na última semana, houve o quarto aumento do ano que elevou em torno de 10% o preço da gasolina. Em Porto Alegre, o litro do produto já chega a R$ 5,36.

Fim do Uber Promo e do 99 Poupa

“Estou participando desse movimento e queremos a revisão de tarifas, porque, em vez de aumentar, tivemos uma baixa nos valores. Além disso, nós estamos reivindicando o fim do Uber Promo e do 99 Poupa”, apontou o motorista Marco Arruee.

O diretor da ALMA-RS ressaltou que o Uber Promo e o 99 Poupa são modalidades que pagam apenas R$ 0,40 e R$ 0,60 por quilômetro rodado, respectivamente, aos trabalhadores. "Não cobre o custo. As plataformas colocaram isso para os momentos de baixa demanda, mas elas funcionam 24 horas. Os aplicativos não especificam para os motoristas, só aparece um valor reduzido", explicou Silveira.

“Já faz cinco anos que os valores não são reajustados. Os profissionais estão pagando para trabalhar, tendo uma renda que basicamente só cobre os gastos com a gasolina”, resumiu Carina.


Centenas de motoristas de aplicativo participaram da carreata na capital gaúcha / Carol Teixeira

Luta pela valorização dos trabalhadores

O secretário estadual de Organização e Política Sindical da Central Única dos Trabalhadores (CUT-RS), Claudir Nespolo, acompanhou a mobilização desde as primeiras horas da manhã. “Estamos apoiando a luta pela valorização dessa categoria que está exigindo respeito e valorização no trabalho e se mobiliza contra a exploração que vem sofrendo”, afirmou

Para Nespolo, “a CUT-RS não poderia estar em outro lugar, senão ao lado desses trabalhadores e trabalhadoras em mobilização para conquistar os seus direitos”.

Os motoristas ainda organizaram caronas para a doação de sangue no Hemocentro da Capital. “O gesto de solidariedade é fundamental diante do agravamento da pandemia e poderá salvar vidas”, destacou a secretária-geral do Simtrapli-RS.

Houve também paralisações em Florianópolis e no Rio de Janeiro, onde motoristas protestaram muito contra as promoções feitas pelas empresas.

* Com informações da CUT-RS e Correio do Povo


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Edição: Marcelo Ferreira