Rio Grande do Sul

Debate

Uma conversa para debater como a ultradireita se organiza nas redes sociais

Jornalista que revelou “máquina do ódio” em 2018 fala sobre Bolsonaro e fake news na ARI

Brasil de Fato | Porto Alegre |
Em 2020, Patrícia lançou seu livro que aborda a manipulação das redes por políticos direitistas - Folhapress

Autora do livro “A Máquina do Ódio: notas de uma repórter sobre fake news e violência digital”, a jornalista Patrícia Campos Mello, da Folha de S. Paulo, é a entrevistada deste sábado (6) nos debates da Associação Riograndense de Imprensa (ARI). Nos dias que antecederam o segundo turno da eleição de 2018, ela publicou reportagem reveladora do submundo do financiamento de disparos em massa no WhatsApp e em redes de disseminação de notícias falsas, na maior parte das vezes em benefício do então candidato Jair Bolsonaro. A reportagem foi o embrião da CPI das Fake News.

Desde então, a repórter passou a ser perseguida pela ultradireita, através de violenta campanha de difamação e intimidação estimulada pelo chamado “Gabinete do ódio” e as milícias digitais do bolsonarismo. Foi atacada de forma baixa inclusive pelo presidente Jair Bolsonaro e o deputado Eduardo Bolsonaro. 

Em 2020, Patrícia lançou seu livro que aborda a manipulação das redes por políticos direitistas, entre os quais, além de Bolsonaro, também Donald Trump, ex-presidente dos Estados Unidos, e Victor Orbán, primeiro-ministro da Hungria. A obra gira em torno de dois eixos. No primeiro, trata dos bastidores da reportagem “Fraude com CPF viabilizou disparo de mensagens de WhatsApp na eleição”, que lhe rendeu uma ofensiva misógina. No segundo, busca aclarar os mecanismos de que se vale a ultradireita no poder para manipular a opinião pública por intermédio de notícias falsas ou distorcidas e do trabalho persistente de deslegitimação da imprensa.

Patrícia trata ainda da atuação de exércitos de trolls repercutidos por robôs no Twitter, Facebook, Instagram e WhatsApp ― investidas que têm nas jornalistas mulheres suas vítimas preferenciais. Antes, ela acompanhou a utilização crescente das redes sociais nas eleições dos Estados Unidos em 2008, 2012 e 2016 e da Índia, em 2014 e 2019.

Para Jason Stanley, autor de "Como funciona o fascismo", o livro ajuda a entender “como a internet contribuiu para propagar movimentos contrários à democracia”. Estudioso do neofascismo, o norte-americano Stanley nota que mulheres jornalistas, casos da autora brasileira, e também da indiana Rana Ayyub e da britânica Carole Cadwalladr, têm ajudado a entender os desafios que a democracia enfrenta hoje no mundo.

Em encontro virtual, ela será entrevistada pelas jornalistas Rosane de Oliveira, de Zero Hora, e Mauren Xavier, do Correio do Povo, além de convidados pelo Zoom. Com coordenação de Jurema Josefa, primeira vice-presidente da ARI, o evento integra a semana de debates que a associação promove sob o título “Mulheres Inspiradoras”. A conversa está marcada para as 11h e poderá ser acompanhada através do Facebook da ARI.


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Edição: Marcelo Ferreira