Rio Grande do Sul

Coluna

Governo de e da morte

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"Vacina já para todas e todos! Auxílio emergencial já! Fora Bolsonaro já! E acrescento: Lockdown já! E desobediência civil" - Reprodução
É preciso urgência urgentíssima, mobilizar a sociedade, com solidariedade e unidade pra salvar vidas

É preciso não só fazer o alerta, mas também o registro, para que futuras gerações saibam que houve um governo de e da morte na terceira década dos anos 2000. E que fique eternamente gravado na História, tal como ficou gravada na memória coletiva e na História a ditadura militar.

Todas as frases, declarações, notícias e manchetes abaixo são da última semana, tão somente. 1984, o romance de George Orwell, está sendo revisitado em 2021, com sobras de horror e terror.

“Três em cada quatro mortes por covid no Brasil poderiam ter sido evitadas, caso o Brasil não fosse uma vergonha mundial no enfrentamento da pandemia. Foram causadas por ‘trabalho vexatório’ de Bolsonaro, diz médico epidemiologista e ex-reitor da UFPEL, Pedro Hallal” (Diário do Centro do Mundo, 04.03.2021).

“Enquanto o país atinge recorde de mortes, Bolsonaro reúne deputados para almoço alegre. Confraternização ‘descontraída’ reuniu no Palácio do Planalto governador Romeu Zema (MG) e parlamentares da bancada mineira, com direito a leitão assado” (Rede Brasil Atual, 03.03.2021).“Enquanto Bolsonaro comia leitão a pururuca, em atmosfera festiva, um brasileiro morria por minuto de covid” (Viomundo, 04.03.2021).

“El Pais, texto de Eliane Brum: Brasileiros estão sendo usados como cobaias de um experimento de perversão inédito na história. Dados da OMS mostram que enquanto a média de mortes no mundo recua em torno de 6%, no Brasil cresce 11%. Brasil é epicentro mundial da pandemia. 1910 mortes em 24 horas (Blog Luiz Muller, 04.03.2021).

“O apoiador perguntou ao presidente: ‘Até quando o Brasil aguenta?’. ‘Pergunta para o governador de São Paulo’, respondeu Bolsonaro. Eu falo que o vírus e o desemprego são dois problemas que têm que tratar junto. No que depender de mim, nunca teremos lockdown. Essa política não deu certo em nenhum lugar do mundo” (Blog da Cidadania, 04.03.2021).

“Brasil supera EUA e é o primeiro do mundo no número de infecções em 24 horas. OMS anunciou na manhã desta quinta-feira que o Brasil registrou o maior número de novas infecções no mundo em 24h, superando os EUA e aprofundando sua posição de um dos palcos mais dramáticos de covid-19 no mundo. De cada 4 casos novos registrados de covid no mundo, 1 aconteceu no Brasil nas últimas 24 horas” (Brasil 247, 04.03.2021).

“Chega de frescura e mimimi. Repensem a cultura de fechar tudo, o povo quer trabalhar. Vamos parar até quando?”, diz Bolsonaro ao elogiar agricultores” (Correio do Povo, 04.03.2021).

“Tem idiota que a gente vê nas redes sociais, na imprensa dizendo ‘vão comprar vacina!’ Só se for na casa da tua mãe. Não tem vacina para vender no mundo, diz Bolsonaro” (O Cafezinho, 04.03.2021)

“Miguel Nicolelis: Brasil pode passar das 3 mil mortes diárias nas próximas semanas e ‘isso é genocídio’. Nós podemos ter a maior catástrofe humanitária do século XXI. (Blog Luiz Muller, 04.03.2021). “Coronavírus hoje: Brasil registra 2.349 mortes em 24 h e sistema de saúde de São Paulo pode colapsar em 35 dias” (Valor Econômico, 11.03.2021)

“Saúde negou Pfizer 3 vezes e perdeu 3 milhões de doses” (FSP, 07.03.2021). “Brasil só terá imunidade coletiva no segundo semestre de 2022 e 500 mil mortos até julho. Por isso é preciso interditar Bolsonaro". Arthur Chioro, ex-ministro da Saúde, em Viomundo, 11.03.2021).  “Presidente do Conselho Nacional de Saúde, Fernando Pigatto, afirma que o governo brasileiro tem projeto de morte” (TELESUR, 11.03.2021).

“Brasil da pandemia é uma ‘câmara de gás’, dizem religiosos e intelectuais em Carta aberta. Assinam nomes como Pe. Júlio Lancellotti, Dom Mauro Morelli, Chico Buarque, Leonardo Boff. Documento pede providência à OMS” (FSP, 07.03.2021).

“Jânio de Freitas: O Brasil visto do mundo é um imenso vírus assassino” (DCM, 07.03.2021).

“Brasil conseguiu a triste façanha de transformar a pandemia em um sistema de pandemias, avalia professor Naomar de Almeida Filho” (Brasil 247, 07.03.2021).

“Na contramão do mundo. Brasil tem maior alta de óbitos entre países com mais mortes. País ainda lidera em novas mortes por milhão de habitantes” (Terra, 07.03.2021).

“Ministério da Saúde admite que vacinação pode parar e pede ajuda à China” (Terra, 10.03.2021). “Governo admite que vacinação pode parar e pede ajuda à China. A campanha nacional de imunização, contudo, corre o risco de ser interrompida de pura falta de doses, dada a escassez da oferta internacional. Por conta disso, o Ministério da Saúde vem buscando estabelecer contato com nossos fornecedores, em especial, a Sinopharm, cuja vacina é de ‘comprovada eficácia contra a covid-19’, disse Élcio Franco, Secretário Executivo (O Sul, 10.03.2021).

“Bolsonaro deseja impedir que prefeitos e governadores comprem vacinas” (Josias de Souza, UOL, 07.03.2021).

“Meu exército não vem para obrigar o povo a ficar em casa” (Correio do Povo, 08.03.2021). “Eduardo Bolsonaro sugere que as pessoas ‘enfiem a máscara no rabo, gente, porra!’ (Poder 360, 11.03.2021).

“Clube Militar ameaça golpe por causa da decisão pró-Lula do STF (O Cafezinho, 10.03.2021). “Chegaremos ao ponto de ruptura institucional e, nessa hora, as FFAA serão chamadas pelos próprios Poderes da União, como reza a Constituição” (O Cafezinho, 10.03.2021).

“O governador do Piauí, Wellington Dias, afirmou nesta quinta-feira, que ‘algo como 30, 40 mil pessoas esperam por um leito de UTI e também leitos clínicos no país. Há gente morrendo sem respirador’. Reconheceu que o país já está dentro de ‘um colapso nacional na rede hospitalar. Nós não vamos para lá, nós já estamos’ (Terra. 11.03.2021).

Onde vamos parar? Não sei. O que sei: é preciso, urgência urgentíssima, mobilizar a sociedade, com solidariedade, unidade, garantindo a vida e impedindo o projeto de morte: Vacina já para todas e todos! Auxílio emergencial já! Fora Bolsonaro já! E acrescento: Lockdown já! E desobediência civil.

* Este é um artigo de opinião. A visão do autor não necessariamente expressa a linha editorial do jornal Brasil de Fato.

Edição: Katia Marko