Rio Grande do Sul

Coluna

Banqueiros querem águas dos gaúchos para vender ao mundo e a nós

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Na mesma semana em que pela primeira vez a água é comercializada na bolsa de valores, Eduardo Leite anuncia a privatização da Corsan e encaminha a privatização dos 13 maiores reservatórios de água do RS, as hidrelétricas da CEEE - Divulgação FNUCUT
Triste ver que uma elite que se diz nacional aplaude tudo isto sem esboçar uma resistência sequer

A água no Brasil e no Rio Grande do Sul ainda é um bem público.

Saiu agora a notícia de que o governador Eduardo Leite quer vender a Corsan. A estatal gaúcha atende, e bem, mais de 300 municípios gaúchos. Começou fazendo parcerias público-privadas (PPPs) para os grandes municípios, de onde a Corsan tira a maior parte de seu grande lucro, que em parte era investido em pequenos municípios e distantes rincões, possibilitando que todos os gaúchos tenham acesso à água boa e barata.

Agora vem o segundo passo da privataria: vai entregar a própria Corsan, dizendo que esta não tem capacidade de investir. Mas como uma empresa estatal, que tem lucros milionários, não tem condições de investir?

E mais, Eduardo Leite, durante a campanha eleitoral, havia prometido não privatizar a Corsan. Não dá mesmo para confiar na palavra de privateiros ideológicos.

Mas por que Eduardo Leite está fazendo isto agora, em plena pandemia?

Para esconder a privataria atrás da pandemia? Mas a razão pode ser outra: a pressão do capital financeiro internacional para que Eduardo Leite ande mais rápido na entrega de nossa água.

A água agora já é commodity nas bolsas de valores do mundo.

E curiosamente, ou nem tanto, na mesma semana em que pela primeira vez a água é comercializada na bolsa de valores, Eduardo Leite também encaminha a privatização dos 13 maiores reservatórios de água do RS, as hidrelétricas da CEEE.

Sim, hidrelétrica tem a ver com geração de energia. Mas tem a ver também com megarreservatórios de água. A água por aqui ainda é um bem público. Mas se tudo der certo para a privataria comandada pro Eduardo Leite, logo a água será privada e já não será mais nossa, dos gaúchos.

Isto é muito grave. E bem mais grave do que pensa a maioria das pessoas que até são contra a privatização mas nem associam a venda da CEEE, das suas hidrelétricas, com a venda da Corsan.

Guedes está preparando o Brasil para ser uma colônia agropastoril e extrativista. E Eduardo Leite é sócio de Guedes neste projeto. A água potável, da qual o Brasil tem a maior parte no mundo todo, é só mais uma commodity a ser extraída.

Triste ver que uma elite que se diz nacional aplaude tudo isto sem esboçar uma resistência sequer.

Com as nossas indústrias indo embora e nossas fontes de energia e água nas mãos de capitalistas internacionais, onde a classe média e nossa dita elite vão conseguir empregos para ter salários?

Edição: Marcelo Ferreira