Rio Grande do Sul

OPINIÃO

Artigo | Mulheres em luta contra o vírus e contra o Bolsonaro!

Distanciamento social é a principal forma de estancar circulação do vírus, lutar pela vida das mulheres é ficar em casa

Brasil de Fato | Porto Alegre |
O Dia Internacional de Luta das Mulheres foi marcado atos reivindicando auxílio emergencial, imunização de população e a saída de Jair Bolsonaro da Presidência da República - MMM

O mês de março historicamente marca o processo de lutas pela vida e pelos direitos das mulheres. Neste período, ano após ano, colocamos nossa militância nas ruas pela construção de um Projeto Feminista e Popular para o Brasil. O ano de 2021, no entanto, nos exigiu uma nova responsabilidade. O projeto genocida do governo Bolsonaro perseguiu e deslegitimou a produção da ciência nacional, fez com que o vírus avançasse e jogou o país em uma crise que causou desemprego em massa, atingindo, de forma ainda mais cruel, as mulheres.

Em 2018, a jornada de lutas pelo #EleNão apontou que as mulheres seriam a principal frente de resistência ao governo Bolsonaro. Nesse sentido, retornamos um pouco mais na memória histórica para pontuar o papel e a importância da organização das mulheres.

Foi a organização política das mulheres que construiu e deu origem ao 8 de março. Em 1907, Clara Zetkin apresentou uma resolução na Segunda Internacional (Socialista) com a proposta do Dia da Mulher, onde todos os partidos membros deveriam promover um dia de reivindicação do direito de voto feminino. O Partido Bolchevique comemorou o Dia Internacional da Mulher na data de 23 de fevereiro. No ano de 1917, a “comemoração” deu início ao que conhecemos como Revolução Russa. Em 1919, na 1ª Conferência Internacional de Mulheres Comunistas foi apresentada uma resolução com a proposta de celebrar oficialmente o Dia Internacional das Mulheres no dia 8 de março, em memória ao 8 de março de 1917 (23 de fevereiro no calendário russo).

Foi a luta organizada das mulheres que garantiu as principais conquistas sociais. A luta pelo voto, por melhores condições de trabalho, contra a violência doméstica, por participação na política institucional… Todas as nossas conquistas nasceram no momento em que as mulheres decidiram juntas organizar sua força.

Organizar, lutar e formar!

Organização é um dos princípios do Feminismo Popular. Prática feminista cultivada pelos Movimentos Sociais da América Latina, tem como princípio a auto-organização de mulheres. E coloca que a luta pela transformação política passa também pela luta das mulheres, assim como também, cabe a nós combater a estrutura patriarcal, capitalista e racista em que vivemos. Nossa tarefa é combinar organização, formação e luta para combater todas as correntes que nos prendem, entendendo que, como disse Rosa Luxemburgo, ser feminista e não ser de esquerda, carece de estratégia, ser de esquerda e não ser feminista, carece de profundidade.

No Brasil, o 8 de março costuma dar o tom para as lutas dos movimentos sociais ao longo do ano. Apontando as principais bandeiras e pautas do povo a partir do olhar das mulheres. Em 2021, nos deparando com uma das piores crises sanitárias da história recente, torna-se impossível falar sobre o direito à vida das mulheres sem falar da luta contra o coronavírus, e por sua vez, impossível falar da luta contra o coronavírus sem falar da luta contra o Bolsonaro.

Finalizando o mês de março, é preciso reforçar que: em meio a esta pandemia em que o distanciamento social é a principal forma de estancar a circulação do vírus, lutar pela vida das mulheres é ficar em casa! Neste sentido, também é preciso destacar que a luta contra a pandemia está materializada na defesa do auxílio emergencial (com um valor que garanta a dignidade das famílias mais pobres), e na luta pela garantia do direito à vacinação de todas e todos, ambas as pautas expressas no Fora Bolsonaro. Somente com a derrubada deste presidente irresponsável e genocida conseguiremos avançar na garantia da vida e da dignidade do povo brasileiro. Estamos vivendo o pior momento da pandemia, uma média de 3 mil mortes por dia, e por mais triste que seja, a perspectiva dos epidemiologistas é de que piore ainda mais.

O crescente aumento do contágio e, por consequência, do número de mortes, as novas variantes do vírus, o descaso do governo federal e o governo estadual “pipocando” no gerenciamento da crise sanitária nos coloca a missão de lutar por um lockdown eficiente. Só que para efetivá-lo é preciso a garantia do auxílio.

Não podemos mais permitir que o governo faça o povo mais pobre escolher entre morrer de covid ou morrer de fome. Enquanto os governos usam de evasivas ou subterfúgios para fugir à responsabilidade do combate à pandemia, as mulheres seguem na linha de frente contra a covid. Seja sendo maioria nas profissões de cuidado (enfermagem, terceirizadas na limpeza de hospitais etc), seja por conta do machismo estrutural que nos impõe duplas e triplas jornadas de trabalho, nos colocando a responsabilidade de cuidar dos doentes em casa, por exemplo, seja por meio de ações de solidariedade fazendo o contraponto ao individualismo negacionista promovido pelo presidente.

É momento de termos o cuidado entre nós, responsabilidade com a vida do povo, com a nossa vida e com a vida e a saúde das mulheres. Hoje, lutar pela vida das mulheres passa indubitavelmente pelo Fora Bolsonaro, pela luta intransigente da instauração de um auxílio emergencial permanente enquanto durar a pandemia e pelo direito à vacinação garantida a todas e todos.

* Duda Carneiro é bacharela em Ciências Sociais pela UFRGS, mestranda em Estado, Gobierno y Políticas Públicas pela Flacso e militante do Levante Popular da Juventude / Carol Lima é Jornalista e pós-graduanda em Cultura Digital e Redes Sociais pela UNISINOS, e militante do Levante Popular da Juventude.

** Este é um artigo de opinião. A visão do autor não necessariamente expressa a linha editorial do jornal Brasil de Fato.


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Edição: Marcelo Ferreira