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Nos 249 anos da Cidade, Porto Alegre ganha “Presente de Grego” do Prefeito

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Presente de grego é expressão usada para representar o recebimento de algum presente que traz prejuízo para quem o recebeu - Reprodução
Melo aproveita a pandemia pra colocar à venda empresas públicas fundamentais para a população

Presente de grego é expressão usada para representar o recebimento de algum presente que traz prejuízo para quem o recebeu, ao contrário do que era esperado. Esta expressão faz referência ao Cavalo de Tróia, um famoso episódio descrito na Ilíada de Homero, que narra os eventos da Guerra de Tróia

Muita gente morrendo a nossa volta. Os grupos de Facebook e Whatsapp da gente mais parecem obituários. Não é possível que Sebastião Melo não esteja vendo isto. Ao invés de agir como governante sério decretando o lockdown e exigindo que o governo federal cumpra sua parte, de fornecer vacinas e um auxilio emergencial digno, que permita as pessoas ficarem em casa, preferiu o caminho do golpe da “economia”. Aproveita a pandemia pra colocar à venda empresas públicas que são fundamentais para a população: PROCEMPA, CARRIS E DMAE.

A Procempa é que dá suporte tecnológico e Sistema para TODAS as operações da Prefeitura para seus cidadãos. Alguém imagina Porto Alegre desconectada, sem Nota Legal, sem marcação de consultas médicas feitas por aplicativo e registradas em computador? Alguém imagina Porto Alegre sem controle de Câmaras de Segurança espalhadas pela cidade e muitos outros serviços que a Prefeitura presta? Pois é. Não tem como. E Porto Alegre é uma das poucas cidades que tem este serviço de Dados todo feito pela Procempa, uma Estatal Municipal. Pois Melo quer vender. Agora imagina uma empresa privada dona disto tudo? Fora os teus dados, com os quais a iniciativa privada já “faz gato e sapato” hoje, a gente vai ter que pagar por cada Serviço destes. Se vender a Procempa, o Micro e o Pequeno Empresário vão ter que pagar pra poder tirar uma nota. Ou alguém acha que uma empresa privada vai fazer o serviço de graça?

E o que Dizer da Carris, nossa Estatal de Ônibus, que durante 7 anos, de 1997 a 2004, figurou entre as 5 melhores empresas de transporte público do Brasil e do mundo e dava lucro? Pois no ano passado o Melo jogou para a Carris 23 linhas que os empresários diziam que dava prejuízo e ainda deu R$ 39 milhões de dinheiro da Prefeitura para as empresas de Ônibus. A Carris nos últimos anos, sob os governos de Marchezan e agora do Melo, virou um espaço para garantir emprego para apadrinhados, que contribuem para sucatear a empresa e com este argumento, o do sucateamento e da falta de lucro, propor vender a empresa para a Iniciativa Privada, as mesmas empresas de ônibus que não querem ter sob sua responsabilidade linhas “deficitárias”. Adivinha o que vai acontecer se privatizar a Carris!

E sobre o DMAE, que dá um lucro gigantesco, apesar de entregar água encanada e boa pra 97% da população de Porto Alegre por preço que é um dos menores do Brasil? Aí, como dá lucro, e muito, o argumento é de que precisa “investir mais”. Ué, mas por que não usa o lucro de mais de R$ 300 milhões por ano para fazer estes investimentos?

Porque Melo quer usar o dinheiro do lucro que está em caixa e mais o que entraria com a venda destas Empresas para fazer populismo. Porque se vender, depois não tem mais nem o Lucro, nem o Serviço Público. E vai ter que pagar pra inciativa privada pra ter o serviço.

Privatização é lorota.

* Este é um artigo de opinião. A visão do autor não necessariamente expressa a linha editorial do jornal Brasil de Fato.

Edição: Katia Marko