Na "ordem do dia" desta terça-feira (30), o ministro da defesa Braga Neto "celebra" o golpe militar de 1964!
Chega ao cúmulo de dizer que os generais derrubaram o presidente legítimo do país - que tinha o apoio de 70% da população, segundo o próprio Ibope - e rasgaram a Constituição para “pacificar o Brasil" e para "garantir as liberdades democráticas". Esse mandalete do facínora que desgoverna o Brasil teve o despudor de demitir os três comandantes militares por não terem aceitado colocar as FFAA - que são instituições de Estado - a serviço do seu governo e de sua "famiglia".
O ministro da defesa faz de conta que não sabe que o golpe de 1964 suspendeu eleições, fechou o Congresso, prendeu mais de 50 mil pessoas - boa parte delas torturadas, assassinadas ou "desaparecidas" -, cassou os direitos políticos de 4.862 pessoas (entre eles ex-presidentes, governadores, ministros do STF e mais de 400 parlamentares), demitiu 10 mil servidores públicos, instaurou 5 mil Inquéritos Policiais Militares (envolvendo 40 mil pessoas), indiciou 13.752 na Lei de Segurança nacional, puniu ou expulsou 6.592 militares patriotas e democratas e exilou ou baniu em torno de 10.000 brasileiros(as)!
Regime de terror que incendiou a sede da UNE e da UBES, interveio em mais de 500 entidades sindicais, proibiu as Ligas Camponesas, institui a censura prévia e expurgou centenas de cientistas e professores das nossas universidades. Que criou o Serviço Nacional de Informação (SNI), serviço de espionagem com mais de 300 mil agentes e um milhão de colaboradores! Que transformou em locais de tortura e assassinato os "DOPS", DOI-CODI", "CENIMAR", "OBAN", "DOPINHA", e tantos outros centros de extermínio, de triste memória! Que, ao promulgar o AI-5, acabou com o habeas-corpus, instituiu a incomunicabilidade dos presos e a pena de morte! Regime de terror e de corrupção, cujo candidato a presidente da República, no Colégio Eleitoral, em 1984, foi Paulo Maluf o "honesto"...
Por tudo isso, lhe dizemos ministro:
Celebrar e fazer a apologia dos crimes da ditadura e dos criminosos que os perpetraram é crime!
DITADURA NUNCA MAIS!
Discurso histórico de Ulysses Guimarães na promulgação da Constituição exaltava que traidor da Carta era um traidor da pátria
* Raul Carrion é historiador e ex-preso político
** Este é um artigo de opinião. A visão do autor não necessariamente expressa a linha editorial do jornal Brasil de Fato.
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Edição: Marcelo Ferreira