Rio Grande do Sul

MANIFESTAÇÃO

Em Porto Alegre, Dia Mundial da Saúde tem ato por vacina, auxílio e Fora Bolsonaro

Manifestantes foram à prefeitura da Capital e à sede do governo estadual para cobrar por medidas que defendam a vida

Brasil de Fato | Porto Alegre |
Trabalhadores da saúde carregaram caixão em protesto às mais de 330 mil vidas perdidas no país em função da pandemia e do negacionismo dos governos - Carolina Lima

Em meio à crise sanitária do novo coronavírus, o Dia Mundial da Saúde foi marcado por protesto em Porto Alegre. Na manhã desta quarta-feira (7), representantes de entidades sindicais, estudantis e de movimentos sociais percorreram as ruas do centro da Capital, chamando a atenção para a importância do SUS, da imunização em massa no país e da necessidade de quebrar patentes das vacinas estrangeiras. Além de cobrar por um auxílio emergencial de R$ 600 e reforçar a luta pelo “Fora Bolsonaro”.

Após uma ação no início da manhã em que foram colocados cartazes e faixas em viadutos, passarelas e vias da região central da cidade, os manifestantes iniciaram a caminhada, usando máscaras, na sede estadual da Central Única dos Trabalhadores (CUT-RS) em direção à prefeitura, para depois irem à sede do governo estadual. Além de cartazes e faixas, o ato contou com a forte imagem de trabalhadores da saúde carregando um caixão, ao som da marcha fúnebre, chamando atenção para a tragédia sanitária e social, fruto da irresponsabilidade dos governos Bolsonaro, Eduardo Leite e Sebastião Melo.

Ao passar pela sede da Federação do Comércio de Bens e de Serviços do Estado do RS (Fecomércio RS), o ato cobrou do setor empresarial, que tem se posicionado pela abertura de estabelecimentos, uma resposta mais efetiva para vencer a pandemia. “Fecomércio, o que nós precisamos é um lockdown de dez dias, é de vacina, e não as pessoas se infectando e morrendo”, disse o presidente da CUT-RS, Amarildo Cenci.

Em frente ao Paço Municipal, foram colocadas cruzes pretas em homenagem às milhares de vítimas da covid-19. O presidente do Sindisaúde-RS, Júlio Jasien, destacou a importância do SUS. “Este sim tem carregado a população para a cura desta doença maldita e negada pelo presidente da República e também pelo prefeito de Porto Alegre. Não é aceitável, prefeito Melo, ir ao governador pedir para abrir de segunda a segunda, isso beira a irresponsabilidade, na semana passada nós éramos o estado que mais morria proporcionalmente”, criticou em referência ao pedido de flexibilização feito pelo prefeito.


Cedo da manhã, foram colocadas faixas em viadutos, passarelas e vias de Porto Alegre / Reprodução CUT-RS

Vice-presidenta estadual da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB-RS), Silvana Conti, também reforçou o negacionismo de Melo, que ganhou a eleição com apoio de Bolsonaro. “Não podemos esquecer que temos um prefeito que acha que a economia é mais importante do que a vida. Repudiamos, o povo de Porto Alegre, mulheres, homens, trabalhadores, trabalhadoras, juventude, população LGBTI, negros e negras, repudiamos, porque nós poderíamos ter um tratamento digno, que é colocar a vida em primeiro lugar”, disse.

O presidente da Central Geral dos Trabalhadores do Brasil no RS (CGTB), Nelcir André Varnier, ressaltou que só trabalha quem está vivo. “Esse momento representa o nível de consideração que o capital tem sobre as pessoas, eles não estão preocupados com os trabalhadores”, afirmou. Também criticou o oportunismo dos governos em meio à crise. “Estão se aproveitando da pandemia para ganhar mais dinheiro ainda, estão liquidando estatais estratégicas, que geram emprego e renda e que poderiam ser utilizadas para salvar nosso país, nosso estado e nosso município.”

A deputada Sofia Cavedon, em nome do PT, saudou os movimentos e entidades que enviaram representantes para o ato, se arriscando para lutar pela vida do povo brasileiro. Citou que o epidemiologista Pedro Hallal, ao receber a medalha de mérito Farroupilha, afirmou que “200 mil vidas nesse país morreram por responsabilidade das opções do governo Bolsonaro”, que segue negando a ciência, o vírus e o lockdown. “Não somos mercadoria, a economia que se submeta à vida”, concluiu.

João Ezequiel, liderança do Sindicato dos Municipários de Porto Alegre (Simpa) e trabalhador da saúde, se dirigiu a população e comerciantes, destacando que “antes de nós defendermos a economia, precisamos defender a vida”. “Os comerciantes deveriam estar exigindo do governo Melo a vacinação em massa em Porto Alegre, para daí sim nós podermos abrir o comércio e liberar as atividades”, afirmou.

Ele também falou em nome dos seus colegas. “Nós trabalhadores da saúde estamos exaustos nas emergências, nas UTIs nos hospitais, nos pronto-atendimentos, por falta de profissionais. A Prefeitura de Porto Alegre tem que fazer concurso imediato e convocar aqueles que já estão aprovados em concursos vigentes, nós precisamos de profissionais de saúde para atender a população.”

Gabriela Silveira, da União Nacional dos Estudantes, lembrou que desde o início os estudantes têm protagonizado a luta pelo “Fora Bolsonaro” e pela defesa do país. “Com a pandemia a gente viu a face mais perversa do Bolsonaro se mostrando, que é a face de um genocida que tem um projeto de morte”, afirmou, recordando que no dia 30 de março, estudantes em todo o Brasil tomaram as ruas do país na campanha “Vida, pão, vacina e educação”.


Manifestação alertou comerciantes que a economia só se mantem com trabalhadores vivos / Carolina Lima

Em frente ao Palácio Piratini, cobranças também ao governo estadual. A vereadora Ana Affonso (PT), presidenta da Câmara Municipal de São Leopoldo, destacou que não há nada a comemorar com menos de 3% da população brasileira e gaúcha imunizada ate o momento. “Para nós hoje é dia de luta, de exigir fora Bolsonaro e que o governo Leite faça sua parte e articule algum consórcio em busca de vacinas para nossa população”, sugeriu. Ao destacar que a população sofre também com o desemprego e a fome, disse que “o governo, ao invés de privatizar o Banrisul, a Corsan, entregar estatais à iniciativa privada, deveria botar dinheiro nos fundos de assistência que existem para comprar alimentos para a população”.

Trabalhadores da educação gaúcha lançaram a Carta Aberta pela Vacinação dos Trabalhadores em Educação, que foi entregue ao chefe de gabinete da Casa Civil do governo estadual e protocolada na Prefeitura de Porto Alegre. Endereçada ao governador Eduardo Leite (PSDB) e aos prefeitos gaúchos, o documento solicita que todos os trabalhadores da educação tenham prioridade no plano de imunização contra a covid-19.


Entrega da carta ao chefe da Casa Civil / Carolina Lima

“De acordo com a decisão de Vossa Senhoria de considerar a educação como essencial e pleitear a volta das aulas presenciais de imediato, também se faz necessário que os profissionais da Educação sejam colocados no grupo de risco para vacinação imediata, tendo em vista os riscos que a categoria corre neste momento de crescimento da pandemia”, diz trecho do documento.

O protesto em Porto Alegre foi transmitido ao vivo pelo Brasil de Fato RS e a Rede Soberania e faz parte do dia de mobilização nacional, que registrou manifestações em dezenas de cidades. No dia seguinte, quinta (8), a Frente Pela Vida e o Conselho Nacional de Saúde preveem ainda a entrega de uma Carta Aberta do Povo Brasileiro ao Supremo Tribunal Federal (STF).

Assista à transmissão


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Edição: Katia Marko