Rio Grande do Sul

Violência de Gênero

Campanha Máscara Roxa divulga resultados do enfrentamento à violência de gênero

Campanha para reduzir violência contra a mulher já registrou 88 denúncias e duas prisões em flagrante no RS

Brasil de Fato | Porto Alegre |
Rede de farmácias e demais estabelecimentos podem se credenciar para fazer parte da rede de atendimento às mulheres vítmas de violência; atendimento é seguro e discreto - Foto: Leandro Molina

Em funcionamento há nove meses no Rio Grande do Sul, a Campanha Máscara Roxa já apresenta 88 denúncias e duas prisões em flagrante, por violência contra mulheres. A média, até agora, é de 11 denúncias por mês, em registros feitos em farmácias credenciadas como canais de socorro às vítimas e atendidos pelos órgãos de segurança.

Lançada em junho de 2020, a campanha visa reduzir os casos de violência decorrentes do isolamento pela pandemia. As farmácias foram escolhidas como canais facilitadores de denúncia de violência contra as mulheres por serem serviços essenciais e permanecerem abertas mesmo nos períodos de maior isolamento da população.

A partir disso, foi criada uma rede voluntária com 1.500 farmácias em todo o estado. Os estabelecimentos credenciados como "Farmácia Amiga das Mulheres" são locais seguros e alternativos. A campanha segue em andamento e recebe denúncias de mulheres vítimas de violência doméstica.

O trabalho coletivo foi constituído com apoio dos órgãos de segurança, poderes do estado e movimento de mulheres. A rede de farmácias é composta por: Associadas, Agafarma, Vida, Preço Mais Popular, Tchê Farmácias e Líder Farma. Todas as farmácias participantes estão com o selo “Farmácia Amiga das Mulheres” em suas vitrines e portas, para que as vítimas as identifiquem. 

Os atendentes foram capacitados para o procedimento e para garantir a segurança da vítima. Ao chegar na farmácia a mulher deve pedir a máscara roxa, que é o código para que o atendente saiba que se trata de um pedido de ajuda.

O profissional dirá que o produto está em falta e pegará alguns dados para avisá-la quando chegar. Após, o atendente da farmácia passa à Polícia Civil as informações coletadas, via WhatsApp, para que o órgão tome as medidas necessárias.

Edegar Pretto, coordenador do Comitê Gaúcho ElesPorElas, diz que o mundo enfrenta duas graves pandemias: do coronavírus e da violência contra as mulheres. Ele avalia que a pandemia e o isolamento tornou o dia a dia das mulheres ainda mais pesado, pois além de acumularem tarefas da casa e do trabalho, convivem mais tempo com seus agressores. 

"A razão do aumento do número de casos de agressões e feminicídios se deve pela dificuldade que muitas mulheres vítimas de violência têm de denunciar. Elas não conseguem sequer fazer ligação por voz aos números de denúncia, por se encontrarem no mesmo espaço que os agressores, ou por não conseguirem ir até uma Delegacia de Polícia. É neste contexto que a campanha ajuda e incentiva à denúncia", afirma o coordenador.

As duas prisões em flagrante ocorreram em Porto Alegre e Rio Grande. Já as denúncias foram registradas em 33 municípios do estado. As informações são da Divisão de Proteção e Atendimento à Mulher (Dipam) da Polícia Civil. 

Lei da Máscara Roxa

A partir da campanha, a Máscara Roxa virou lei no RS. O projeto, de autoria do deputado Edegar Pretto, foi aprovado na Assembleia Legislativa e sancionado pelo governo em agosto de 2020. A legislação obteve o reconhecimento do governo gaúcho e oficializou a Máscara Roxa como política pública no estado, com possibilidade para que outros estabelecimentos também possam servir como canal de denúncia. 

Interessados em participar da campanha no Rio Grande do Sul devem entrar em contato com o Comitê Gaúcho ElesPorElas, através do número 051991993641 (WhatsApp) ou pelo e-mail comite.gaucho.elesporelas@gmail.com.

Números da violência contra as mulheres no RS

Somente nos três primeiros meses do ano passado, no período de isolamento da pandemia - março, abril e maio - 28 mulheres foram assassinadas por questões de gênero. Em abril, o aumento foi de 66,7% em relação ao mesmo mês do ano anterior.

Ao todo, em 2020, de janeiro a dezembro, 78 mulheres morreram vítimas de feminicídio no estado, 323 registraram ocorrência como vítima de tentativa de feminicídio, 1.908 foram estupradas e 18.944 registraram ocorrência como vítima de agressão com lesão corporal.

Nos dois primeiros meses de 2021 foram 14 feminicídios consumados. Os dados são da Secretaria de Segurança Pública do RS.

ElesPorElas

O Movimento mundial da ONU Mulheres, Eles por Elas (HeForShe) é um esforço global criado em 2014 para difundir a conscientização e promover a responsabilidade de homens e meninos para a eliminação de todas as formas de discriminação e violência contra as mulheres e meninas.

O Rio Grande do Sul foi o primeiro estado do país a aderir ao ElesPorElas, em 2015. O Comitê Gaúcho é composto por empresas, universidades, instituições públicas, prefeituras, artistas e os clubes de futebol da dupla Grenal.


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Edição: Marcelo Ferreira